Autoridades denunciam corrupção sistêmica ligada à imigração ilegal; operação ilegal colocava em risco a segurança viária em todo o país
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Esquema de fraude no DMV da Flórida permite emissão de carteiras de motorista comerciais a mais de mil imigrantes indocumentados

Oito funcionários do Departamento de Veículos Motorizados (DMV, sigla em inglês) da Flórida foram presos por envolvimento em um amplo esquema de fraude na emissão de carteiras de motorista comerciais (CDLs), que beneficiou mais de mil imigrantes indocumentados. O caso, revelado pelo gabinete da procuradora-geral da Flórida, expôs falhas graves no sistema de emissão de licenças e foi classificado como “corrupção atrelada à imigração ilegal”.
De acordo com as investigações, os servidores detidos vendiam CDLs do tipo “Non-Domicile” — destinadas a pessoas que não possuem residência legal no estado — sem exigir qualquer comprovação de residência, presença legal nos Estados Unidos ou competência para dirigir veículos comerciais. Os compradores também não eram submetidos a exames escritos, provas práticas ou treinamentos obrigatórios. As licenças eram emitidas mediante pagamento em dinheiro e, segundo as autoridades, o esquema foi operado a partir de um único posto do DMV.
A emissão irregular das carteiras viola normas federais e estaduais que exigem verificação rigorosa de elegibilidade para motoristas comerciais, especialmente no caso de primeiras emissões. Além de contrariar a legislação vigente, o esquema representa um risco direto à segurança no trânsito, ao permitir que pessoas sem o devido preparo operem veículos de grande porte em estradas e áreas urbanas.
O caso reforça alertas já feitos por entidades do setor de transporte. A organização American Truckers United havia divulgado, há quatro meses, um relatório denunciando que a Flórida estaria entre os dez estados norte-americanos que estavam “inundando a indústria de caminhões com mão de obra estrangeira ilegal”, supostamente para reduzir custos operacionais às custas da segurança pública e da estabilidade profissional dos caminhoneiros norte-americanos.
O impacto potencial do esquema é exemplificado por um acidente ocorrido em março deste ano em Austin, no Texas. Um caminhão conduzido por Solomun Weldekeal Araya, de 37 anos, colidiu com 17 veículos, resultando na morte de cinco pessoas — entre elas uma criança e um bebê — e ferindo outras 11. O veículo transportava mercadorias para a Amazon e estava registrado em nome de uma transportadora terceirizada, ZBN Transport LLC, com sede em Dallas. A
raya possuía uma CDL válida e havia passado por verificações de antecedentes, segundo a empresa.
Após sua prisão, Araya teve a fiança inicial de US$ 1,2 milhão reduzida para US$ 7 mil e foi liberado com condições restritivas, como monitoramento por GPS, testes toxicológicos aleatórios e proibição de conduzir veículos comerciais.
As autoridades da Flórida seguem investigando a extensão da fraude e buscam identificar outros possíveis envolvidos. A expectativa é que o caso leve a uma revisão dos protocolos de emissão de carteiras de motorista comerciais em todo o país.
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