Uma jovem brasileira foi libertada da custódia do Departamento de Imigração dos EUA (ICE, sigla em inglês) após passar 15 dias detida em um centro de detenção em Aurora, no Colorado. Caroline Dias Gonçalves
Publicidade
Publicidade
Estudante brasileira presa pelo ICE é libertada e denuncia tratamento em centro de detenção no Colorado

Uma jovem brasileira foi libertada da custódia do Departamento de Imigração dos EUA (ICE, sigla em inglês) após passar 15 dias detida em um centro de detenção em Aurora, no Colorado. Caroline Dias Gonçalves, de 19 anos, estudante da Universidade de Utah e beneficiária do programa de bolsas TheDream.US, foi presa em 5 de junho após uma abordagem de trânsito na cidade de Grand Junction.
Segundo relatos, um delegado do condado de Mesa parou o carro de Caroline na Interestadual 70 alegando que ela seguia muito próxima de um caminhão. Após perguntar sobre seu sotaque e descobrir que ela nasceu no Brasil, o policial compartilhou informações sobre ela em um grupo no aplicativo Signal, criado originalmente para a cooperação em investigações sobre drogas.
Agentes federais de imigração que participavam da conversa utilizaram os dados para localizá-la e efetuar a prisão poucos quilômetros depois, já em Grand Junction.
A detenção da estudante gerou indignação e levantou preocupações sobre a colaboração indevida entre autoridades locais e o ICE, o que é proibido pelas leis do Colorado. O escritório do xerife local afirmou que seus agentes desconheciam o uso daquelas informações para fins de imigração e se retiraram do grupo após o ocorrido.
Caroline imigrou para os Estados Unidos com a família quando tinha 7 anos e, segundo o Salt Lake Tribune, seu processo de asilo ainda está em análise. Em comunicado divulgado pela organização TheDream.US, a jovem descreveu sua experiência como um “pesadelo”.
“Na detenção, a comida era molhada, até o pão vinha encharcado. Nos mantinham em horários confusos. Quando perceberam que eu falava inglês, o tratamento mudou — passei a ser tratada melhor que as pessoas que não falavam. Isso partiu meu coração. Ninguém deveria ser tratado assim, especialmente num país que chamo de lar desde os 7 anos”, disse.
O advogado de Caroline, Jon Hyman, afirmou anteriormente que a prisão foi resultado de uma “coordenação indevida entre a polícia local e agentes federais de imigração”. O caso está sendo investigado pelo procurador-geral do Colorado, Phil Weiser, para determinar se houve violação das leis estaduais que limitam a cooperação entre as autoridades locais e o ICE.
Agora em liberdade, Caroline tenta retomar a vida: “Quero seguir em frente — focar no trabalho, na faculdade e na minha recuperação. Mas não vou esquecer o que vivi. Espero que outros também não esqueçam. Nós, imigrantes, não pedimos tratamento especial. Só queremos uma chance justa de ajustar nosso status, de nos sentirmos seguros e de continuar construindo a vida que lutamos tanto para conquistar neste país que chamamos de lar”.
Compartilhar
Publicidade