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Faculdades alertam e brasileiros passarão férias nos EUA temendo não voltar

Com o fim do ano letivo se aproximando nas universidades norte-americanas, estudantes estrangeiros enfrentam uma difícil decisão: voltar ou não a seus países de origem durante o recesso de três meses.

Com o fim do ano letivo se aproximando nas universidades norte-americanas, estudantes estrangeiros enfrentam uma difícil decisão: voltar ou não a seus países de origem durante o recesso de três meses. A preocupação vai além de provas finais e entrega de trabalhos. Em meio à crescente pressão do governo Trump sobre instituições de ensino superior, muitos imigrantes, incluindo brasileiros, temem não conseguir retornar aos Estados Unidos após uma viagem ao exterior.

Nos últimos dias, universidades em todo o país emitiram comunicados alertando seus alunos internacionais sobre os riscos de deixar o território americano. Uma delas foi direta: “Não temos como garantir que vocês retornarão”.

O alerta reflete o clima de tensão instaurado após uma série de medidas do presidente Donald Trump contra universidades consideradas parte da “elite intelectual” dos EUA. As instituições passaram a sofrer cortes orçamentários e acusações da Casa Branca de promoverem vozes dissidentes e diversidade ideológica.

Estudantes estrangeiros tornaram-se alvo dessa ofensiva. O governo Trump tem reiterado que vistos estudantis não garantem direitos, mas sim “privilégios” passíveis de revogação a qualquer momento. Com isso, atravessar fronteiras passou a representar um risco significativo.

De acordo com o colunista Jamil Chade, do portal UOL, em Nova York, um casal de brasileiros da Universidade de Columbia decidiu permanecer nos EUA durante as férias. “Não vamos arriscar”, disseram à reportagem sob anonimato. Em situação semelhante, outros dois brasileiros desistiram de visitar suas famílias, incluindo uma jovem que abriu mão de participar de uma festa importante em São Paulo.

A mesma precaução se repete em Boston, onde um casal de doutorandos optou por não sair do país. “Tenho mais um ano apenas de doutorado. Não vou arriscar, apesar de jamais ter me envolvido em política e de estar com meu visto em dia”, afirmou uma estudante brasileira.

Universidades como a Boston University e Harvard adotaram medidas para apoiar os estudantes que escolherem ficar. Em Boston, a presidência da universidade ofereceu alojamentos temporários, auxílio financeiro emergencial, apoio psicológico, jurídico e até espiritual aos alunos internacionais.

Harvard, por sua vez, tem estado no centro da polêmica. Em abril, o governo Trump anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões em financiamento federal para a instituição e o cancelamento de dois programas que somavam mais de US$ 2,7 milhões. A secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, condicionou a continuidade do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP) à entrega de dados sobre os estudantes estrangeiros, incluindo histórico acadêmico e informações disciplinares.

Apesar de resistências iniciais, Harvard acabou cedendo às exigências federais, fornecendo os dados solicitados — o que gerou forte reação entre alunos e professores. Como novo sinal de mudança institucional, a universidade renomeou o escritório responsável por diversidade e igualdade, agora chamado apenas de “Comunidade e Vida no Campus”, e anunciou que não financiará festas de formatura específicas para grupos como LGBTQI+, afrodescendentes, latinos ou religiosos, como fez em anos anteriores.

Num e-mail recente enviado aos alunos, a reitoria procurou amenizar o clima e incentivou o foco nos estudos: “Para nossos alunos e bolsistas do exterior, incentivamos que continuem a se concentrar o máximo possível em suas atividades acadêmicas”.

A mensagem, porém, pouco alivia o sentimento de vulnerabilidade vivido por milhares de estudantes internacionais nos Estados Unidos — muitos dos quais estão agora obrigados a escolher entre o lar e a continuidade de seus estudos.

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