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Governo Trump retira centenas de crianças imigrantes de seus lares nos EUA

Operação envolve agentes federais, alegações de risco e dificulta reunificação familiar, segundo fontes

Centenas de crianças imigrantes que já viviam nos Estados Unidos estão sendo removidas de seus lares e colocadas sob custódia do governo federal em uma nova e controversa política do governo Trump, segundo múltiplas fontes ligadas ao Departamento de Imigração e especialistas em bem-estar infantil.

Desde o retorno de Donald Trump à presidência em janeiro de 2025, o Departamento de Imigração e Alfândega (ICE) já teria retirado cerca de 500 crianças de suas residências, de acordo com três fontes com conhecimento direto da operação. Em muitos casos, os menores foram separados de pais ou parentes próximos com base em alegações de risco à segurança ou em ações de deportação contra seus patrocinadores — geralmente os próprios familiares.

A ação representa uma mudança drástica em relação aos anos anteriores, quando esse tipo de intervenção era considerado raro e usado apenas em casos extremos.

 

“Sala de guerra” e ações coordenadas

Segundo fontes envolvidas nas operações, o governo criou uma espécie de “sala de guerra” para coordenar o esforço. O centro de comando analisa dados confidenciais e envia agentes federais a endereços de todo o país, sob a justificativa de realizar “verificações de bem-estar” das crianças.

Embora as autoridades federais afirmem agir com base em preocupações legítimas de segurança, críticos argumentam que a medida serve mais como instrumento de repressão imigratória do que de proteção infantil. Em diversos casos, dizem eles, não havia evidência concreta de maus-tratos, apenas o fato de o responsável legal estar indocumentado.

 

Uma resposta à crise de 2021?

A administração Trump justifica a medida alegando que centenas de milhares de crianças não acompanhadas entraram nos EUA durante o governo Biden e que muitas não foram devidamente monitoradas, o que as colocaria em situação de risco.

“Essas crianças poderiam estar em qualquer lugar agora, em condições perigosas, com traficantes ou sendo exploradas”, disse um assessor sênior da Casa Branca.

No entanto, ex-funcionários do governo Biden e especialistas em proteção à infância contestam essa narrativa. Segundo eles, embora o aumento no número de menores não acompanhados em 2021 tenha pressionado o sistema de acolhimento temporário, não houve uma crise de desaparecimentos em massa.

“O sistema falhou em termos de capacidade e acompanhamento imediato, mas não há evidência de que milhares de crianças sumiram”, afirmou um ex-diretor da Agência de Reassentamento de Refugiados (ORR).

 

Famílias separadas, reunificação incerta

Para as famílias afetadas, o impacto tem sido devastador. Crianças são levadas por agentes do ICE sem aviso prévio, e os pais ou tutores raramente recebem explicações claras ou têm acesso imediato a advogados. A reunificação, segundo relatos, tem sido lenta e burocrática, dificultada por barreiras linguísticas, falta de documentação e medo de deportação.

Organizações de direitos humanos e advogados têm denunciado o aumento das remoções como parte de uma política mais ampla de criminalização dos imigrantes, especialmente os indocumentados, mesmo quando não há histórico criminal.

“É uma estratégia cruel, disfarçada de preocupação com o bem-estar infantil”, disse uma defensora da organização Human Rights First. “Eles estão usando crianças como armas para assustar comunidades inteiras.”

 

Um precedente perigoso

A política também levanta preocupações legais e éticas sobre os limites da atuação federal em contextos familiares. Juristas alertam que a retirada de menores sem ordem judicial clara pode violar direitos constitucionais e tratados internacionais de proteção à criança.

Até o momento, a administração Trump não forneceu números oficiais nem detalhes públicos sobre os critérios usados para justificar as remoções. Parlamentares democratas exigem explicações formais e acesso a registros dos casos.

Enquanto isso, centenas de famílias vivem o trauma da separação, sem saber quando — ou se — poderão rever seus filhos.

 

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