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Prisão de brasileira no Colorado expõe monitoramento “secreto” do ICE e levanta suspeitas sobre colaboração policial ilegal

A prisão da brasileira Caroline Dias Gonçalves, de 19 anos, no Colorado, trouxe à tona uma grave denúncia de monitoramento secreto e possível cooperação irregular entre forças policiais locais e o Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês).

Momento da abordagem policial

A prisão da brasileira Caroline Dias Gonçalves, de 19 anos, no Colorado, trouxe à tona uma grave denúncia de monitoramento secreto e possível cooperação irregular entre forças policiais locais e o Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês). Estudante de enfermagem na Universidade de Utah, Caroline foi detida em 5 de junho após uma abordagem de trânsito e, logo em seguida, entregue ao ICE, onde permaneceu quase duas semanas detida num centro federal em Aurora, próximo a Denver.

Segundo investigação interna do Gabinete do Xerife do Condado de Mesa, no Colorado, um policial local compartilhou informações sobre Caroline em um grupo de mensagens no aplicativo Signal — canal este que, segundo o comunicado oficial, estaria sendo monitorado, sem conhecimento dos participantes, por agentes do ICE.

O grupo era originalmente voltado ao combate ao tráfico de drogas nas rodovias da região oeste do Colorado e incluía agentes locais, estaduais e federais. “Não tínhamos conhecimento de que o grupo de comunicação estava sendo utilizado para fins imigratórios. Desde então, removemos todos os nossos agentes desse canal”, afirmou o Gabinete do Xerife em nota oficial.

A investigação foi motivada pela suspeita de que a comunicação do agente Alexander Zwinck com o grupo possa ter alertado inadvertidamente o ICE sobre o status migratório da jovem. Caroline, que vive nos Estados Unidos desde os sete anos e possui autorização para estudar e trabalhar, foi questionada pelo policial sobre seu local de nascimento após ele notar seu “leve sotaque”. A conversa foi registrada em vídeo pela câmera corporal do agente e divulgada no YouTube.

O advogado da brasileira, Jonathan M. Hyman, afirmou que a abordagem e a posterior prisão levantam sérias dúvidas sobre violações à legislação estadual. “A polícia do Colorado é proibida, por lei, de investigar o status imigratório de qualquer pessoa durante uma abordagem. A forma como o caso foi conduzido precisa ser esclarecida”, disse.

Hyman questiona se outras abordagens semelhantes também resultaram em notificações ao ICE por meio do mesmo canal. “Todo motorista abordado tem seu status migratório compartilhado em grupos como esse? Há quanto tempo isso acontece? Outras agências ainda fazem parte desse grupo secreto?”, questionou em nota enviada à BBC News Brasil.

Caroline foi libertada sob fiança no dia 18 de junho e responderá ao processo em liberdade em Salt Lake City, onde reside. O caso ocorre em meio a um recrudescimento das políticas imigratórias sob o segundo mandato do presidente Donald Trump, com o número de imigrantes indocumentados detidos atingindo 51 mil no início de junho — o maior desde 2019.

A jovem é bolsista da organização TheDream.US, que apoia jovens imigrantes nos EUA. Após sua prisão, amigas organizaram uma vaquinha online para ajudar a custear os gastos legais, enquanto um abaixo-assinado pela sua libertação reuniu quase 7 mil assinaturas. A CEO da organização, Gaby Pacheco, criticou duramente a atuação do governo: “Trabalho com imigração há mais de 20 anos e nunca vi algo tão grave e cruel quanto o que estamos presenciando agora.”

O ICE ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações de monitoramento irregular. O Gabinete do Xerife informou que a investigação interna continua em andamento para apurar se houve violação de políticas internas ou leis estaduais.

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