Maria de Araújo vive legalmente nos EUA há mais de 30 anos e é acusada de ter votado em 2018. Caso foi reaberto às vésperas das eleições de 2024, levantando suspeitas de motivação política.
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Procurador de Ohio é acusado de transformar brasileira em “peça política” em caso de suposto voto ilegal

O procurador-geral de Ohio, Dave Yost, foi acusado por um juiz de usar uma imigrante brasileira como “peça política” ao reabrir, pouco antes das eleições de 2024, um caso antigo de suposto voto ilegal ocorrido em 2018.
A brasileira Maria de Araújo, de 62 anos, vive nos Estados Unidos há mais de três décadas com residência permanente legal. Em 2024, ela foi indiciada por ter votado enquanto ainda não era cidadã americana — crime classificado como felonia de quarto grau, punível com até 18 meses de prisão, multa de até US$ 5.000 e possível deportação.
O juiz Chris Brown, do Condado de Franklin, classificou como “estranho” o momento da acusação e questionou a motivação por trás do indiciamento, feito seis anos após o suposto crime. Ele sugeriu que Yost pode ter agido com objetivos políticos, alinhado às alegações infundadas do presidente Donald Trump sobre fraude eleitoral cometida por imigrantes.
“Em algum momento, o devido processo não deveria proteger alguém como a senhor Maria de ser usada como peça política?”, perguntou o juiz.
Maria já havia cumprido as instruções do Secretário de Estado de Ohio, Frank LaRose, em 2020, cancelando seu registro eleitoral após ser informada de que havia votado indevidamente. Em 2021, o departamento de investigação do estado, sob supervisão de Yost, encerrou o caso por falta de evidências de má-fé. O Ministério Público do Condado também se recusou a levar o caso ao júri. O processo só foi reativado em outubro de 2024 — duas semanas antes das eleições.
Além da brasileira, Yost acusou outros cinco imigrantes legais, todos com green card, de terem votado indevidamente no passado. Nenhum foi acusado de fraude deliberada. Alguns alegaram ter recebido orientações incorretas de funcionários do DMV (órgão de veículos) ou acreditavam estar aptos a votar.
Outros casos incluíram um homem de 68 anos, Ramesh Patel, que estava morto há dois anos quando foi indiciado, e uma canadense de 78 anos, Lorinda Miller, residente nos EUA desde os 12 anos, que agora teme ser deportada.
A promotora Cynthia Ellison, que representa o gabinete de Yost, recusou-se a comentar as alegações do juiz em audiência. O procurador não respondeu à imprensa sobre o caso.
O juiz Brown deve decidir em breve se o processo contra Maria De Araújo será arquivado por violação do direito a julgamento rápido. A brasileira, que trabalha em tempo integral e tem família nos EUA, tem evitado entrevistas e prefere manter discrição.
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