A prisão da estudante universitária Caroline Dias Gonçalves, de 19 anos, no estado do Colorado, gerou indignação e levou à abertura de uma investigação interna por parte das autoridades locais.
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Universitária brasileira é detida pelo ICE no Colorado

A prisão da estudante universitária Caroline Dias Gonçalves, de 19 anos, no estado do Colorado, gerou indignação e levou à abertura de uma investigação interna por parte das autoridades locais. O caso levanta sérias dúvidas sobre uma possível cooperação entre agentes federais do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) e policiais do condado de Mesa, algo proibido pela legislação do Colorado.
Caroline, uma brasileira que vive nos Estados Unidos desde os sete anos de idade, foi detida por agentes do ICE em 5 de junho, nas proximidades de Grand Junction. De acordo com seus familiares, ela estava a caminho de visitar o namorado quando foi inicialmente parada por um policial do condado de Mesa, que integrava uma força-tarefa antidrogas em conjunto com o Departamento de Polícia de Grand Junction.
O motivo da abordagem teria sido o fato de a jovem estar seguindo um caminhão de forma muito próxima.
Após cerca de 20 minutos, Caroline foi liberada com um simples aviso. No entanto, pouco depois de deixar a rodovia, ela foi interceptada novamente — desta vez por agentes do ICE, que a levaram sob custódia. Desde então, está detida no centro de detenção para imigrantes em Aurora, onde, segundo seus advogados, enfrenta condições difíceis e está sob forte estresse psicológico.
O advogado de imigração Jonathan M. Hyman, que representa Caroline, afirma que ela possui o direito legal de permanecer no país enquanto seu pedido de asilo é analisado. “A detenção sem mandado, de uma estudante universitária sem antecedentes criminais, é preocupante e beira o inconstitucional”, declarou. “Esse tipo de ação levanta dúvidas sobre a imparcialidade das forças de segurança e a possível quebra de protocolos legais.”
Jonathan Shaw, outro advogado de imigração com licença para atuar em Utah e Colorado, embora não represente diretamente a jovem, também expressou preocupação: “As condições do centro de detenção em Aurora são extremamente difíceis. Ela está sendo mantida com pessoas que podem representar ameaça à comunidade, o que não é o caso dela.”
As circunstâncias do caso acenderam um alerta sobre como os agentes de imigração souberam com exatidão onde e quando interceptar Caroline logo após sua primeira abordagem pela polícia local. As autoridades de Grand Junction e do condado de Mesa negam qualquer envolvimento com o ICE e garantem que não compartilham informações com agências federais sobre o status imigratório de pessoas abordadas.
Em nota enviada à imprensa, o gabinete do xerife de Mesa afirmou que está conduzindo uma “revisão administrativa completa para garantir que todas as ações estejam em conformidade com as leis do Colorado”, ressaltando que os agentes não verificam status imigratório de indivíduos durante abordagens de rotina.
Para Hyman, no entanto, os detalhes da detenção sugerem uma colaboração implícita: “Esse tipo de cooperação, ainda que informal, é inaceitável. A aplicação indiscriminada das leis imigratórias, sem respeito ao devido processo legal, é incompatível com os princípios democráticos dos Estados Unidos.”
A família de Caroline, que prefere não ser identificada por medo de represálias, lançou uma campanha de arrecadação online para cobrir os custos legais do processo. A página no GoFundMe já começou a receber doações de apoiadores da jovem e de defensores dos direitos de imigrantes.
O caso de Caroline Dias Gonçalves reacende o debate sobre a atuação do ICE em estados onde a colaboração com autoridades federais em questões imigratórias é legalmente restrita, além de destacar os riscos enfrentados por imigrantes mesmo com processos legais em andamento.
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