Apesar da exibição de fotos de imigrantes detidos durante a coletiva, o ICE não forneceu uma lista completa com nomes ou detalhes sobre os crimes pelos quais os presos são acusados. Lyons os classificou como “criminosos perigosos” que estariam “aterrorizando famílias e comunidades”.
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Diretor do ICE defende operações em meio a críticas sobre uso excessivo da força

O diretor interino do Departamento de Imigração e Alfândegas dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês), Todd Lyons, defendeu nesta segunda-feira (2) as táticas da agência, em meio a duras críticas sobre o aumento das detenções e o uso considerado excessivo da força em operações recentes. A declaração foi feita durante uma coletiva em Boston (Massachusetts), após a prisão de quase 1.500 imigrantes na região como parte de uma operação da agência.
O episódio mais polêmico ocorreu na última sexta-feira em San Diego, Califórnia, quando agentes do ICE realizaram uma operação no restaurante italiano Buona Forchetta, pouco antes do horário de pico do jantar. Clientes e testemunhas relataram caos, uso de bombas de efeito moral e presença de agentes fortemente armados, o que gerou indignação entre moradores e autoridades locais.
O prefeito de San Diego, Todd Gloria, declarou estar “profundamente perturbado” com a ação e disse que isso “minou a confiança e criou medo na comunidade”. Já o vereador Sean Elo-Rivera foi mais incisivo e chamou os agentes do ICE de “terroristas patrocinados pelo Estado”. O Departamento de Segurança Interna classificou o comentário como “repugnante”, mas o vereador manteve sua posição.
Lyons justificou o uso de máscaras pelos agentes, alegando que muitos têm recebido ameaças de morte e vêm sendo alvo de assédio. “Não vou colocar a vida dos meus agentes ou de suas famílias em risco porque algumas pessoas não gostam da aplicação das leis de imigração”, disse.
Segundo o ICE, quatro pessoas foram presas na operação em San Diego, acusadas de estarem ilegalmente no país. As autoridades alegam que a situação se agravou quando a multidão se tornou hostil, forçando os agentes a recorrerem ao uso de dispositivos táticos para dispersão. Após o ocorrido, os proprietários do restaurante anunciaram o fechamento temporário das unidades no sul da Califórnia e disseram estar “com o coração partido”.
De acordo com Lyons, o ICE está realizando cerca de 1.600 prisões diárias – um salto expressivo em relação à média de 656 por dia registrada entre janeiro e maio. O número se aproxima da meta de 3.000 prisões diárias estabelecida por Stephen Miller, conselheiro e arquiteto da política migratória do presidente Donald Trump.
Outra operação de destaque ocorreu em Charleston County, na Carolina do Sul, onde 66 imigrantes indocumentados foram presos em uma boate que, segundo as autoridades, era frequentada por traficantes. O local foi descrito por Cardell Morant, agente responsável pelas investigações no estado, como cenário de uma “festa pós-cartel”.
Lyons criticou duramente as chamadas “cidades santuário”, que limitam a cooperação entre autoridades locais e agentes federais de imigração. Ele afirmou que operações como a de Massachusetts poderiam ser evitadas se essas jurisdições mudassem suas políticas. No entanto, o Departamento de Segurança Nacional retirou recentemente de seu site uma lista com mais de 500 cidades consideradas “santuários”, após críticas quanto à precisão dos dados.
Apesar da exibição de fotos de imigrantes detidos durante a coletiva, o ICE não forneceu uma lista completa com nomes ou detalhes sobre os crimes pelos quais os presos são acusados. Lyons os classificou como “criminosos perigosos” que estariam “aterrorizando famílias e comunidades”.
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