Rumeysa Ozturk, estudante turca da Tufts, foi libertada após prisão controversa ligada à sua crítica a Israel.
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Estudante turca da Universidade Tufts é libertada de centro de detenção de imigração.

A estudante turca da Universidade Tufts, Rumeysa Ozturk, foi libertada de um centro de detenção imigratória na Louisiana poucas horas depois que um juiz federal ordenou sua soltura.
“Obrigada. Estou um pouco exausta, então vou tirar um tempo para descansar”, disse ela a jornalistas e simpatizantes que a aguardavam do lado de fora da unidade.
O juiz federal William Sessions afirmou que Ozturk cumpria todos os critérios legais para ser liberada e criticou duramente o argumento apresentado pelo governo contra ela.
Doutoranda e bolsista Fulbright, Ozturk havia publicado um artigo opinativo no jornal da universidade criticando a guerra de Israel, o que, segundo seus defensores, teria motivado sua prisão. O caso ocorreu em meio a uma repressão do governo Biden a manifestações classificadas como antissemitas em universidades americanas.
“A permanência dela sob custódia tem um efeito intimidador sobre milhões de imigrantes neste país”, afirmou o juiz ao ordenar a libertação imediata.
Ela saiu do centro de detenção após seis semanas de prisão, com as mãos sobre o coração, sendo recebida por aplausos.
A estudante foi detida em março, em Massachusetts, após ser abordada na rua por agentes à paisana que, conforme vídeos divulgados, usavam máscaras e a levaram algemada para um carro descaracterizado após um evento do Ramadã. O caso gerou protestos em várias partes dos EUA.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) a acusava de apoiar o Hamas, organização classificada como terrorista pelos EUA.
Após a decisão judicial, um porta-voz do DHS afirmou que “vistos para estudantes estrangeiros são um privilégio, não um direito”, e que o governo Trump seguirá comprometido com a prisão e deportação de imigrantes sem status legal.
Na semana anterior, o juiz havia ordenado que ela fosse transferida até 14 de maio para as autoridades migratórias de Vermont, onde estava antes de ser levada à Louisiana. Na audiência de sexta-feira, porém, determinou sua liberação imediata, sem restrições de deslocamento, permitindo que ela volte a Massachusetts ou Vermont, conforme necessário.
Durante a audiência, foram ouvidas testemunhas como a própria estudante, seu médico e um professor da Tufts. O governo não apresentou testemunhas.
Falando por videoconferência, Ozturk relatou sua trajetória acadêmica e mencionou que sua condição asmática piorou durante o período em que esteve detida, chegando a sofrer uma crise durante o depoimento.
O juiz reconheceu que há indícios sérios de violação dos direitos constitucionais da estudante, tanto à liberdade de expressão quanto ao devido processo legal. Segundo ele, a única prova contra ela era o artigo que escreveu.
“Esse é literalmente todo o caso”, disse o juiz, de acordo com os registros. “Não há nenhuma evidência de que ela tenha praticado ou incentivado atos violentos.”
A ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis), que representa a estudante, celebrou a decisão. “Rümeysa poderá agora retornar à comunidade da Tufts, retomar seus estudos e suas atividades acadêmicas”, disse Noor Zafar, advogada da entidade.
“Esta decisão reafirma um princípio essencial da Primeira Emenda: ninguém deve ser encarcerado por expressar suas opiniões”, acrescentou.
A Universidade Tufts também se pronunciou, dizendo estar satisfeita com a decisão e aguardando o retorno da aluna ao campus.
Outros estudantes internacionais também vêm sendo detidos por seu ativismo pró-Palestina. Um juiz determinou recentemente a liberação de Mohsen Mahdawi, estudante da Universidade Columbia, detido durante uma entrevista de naturalização. Ele é residente permanente, nascido em um campo de refugiados na Cisjordânia.
Já Mahmoud Khalil, ex-aluno da mesma universidade e também ativista, permanece detido sem acusação formal em uma unidade na Louisiana, em um dos casos mais emblemáticos até o momento.
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