Se você ou alguém que conhece estiver enfrentando uma crise relacionada a imigração, procure apoio em centros comunitários, ONGs locais ou com advogados especializados. Não enfrente isso sozinho.
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O medo bate à porta, mas a coragem brasileira precisa reagir

A imagem é corriqueira, mas ainda assim brutal. São 6 da manhã quando Júlia (nome fictício), do segundo andar de uma casa multifamiliar, observa, assustada, um homem ser abordado por agentes da Imigração (ICE). Ele estava apenas saindo para trabalhar. Na calçada, uma van estacionada e um imigrante honesto sendo levado. Da fresta da cortina, Júlia grava com o celular. Ela sussurra, com medo. Diz que conhece o vizinho, que é “gente boa”, um trabalhador como tantos outros. “Hoje eu não vou sair pra trabalhar, não dá…”, diz. Horas depois, seu vídeo já circulava como rastilho de pólvora nas redes sociais.
A cena de Júlia virou símbolo. Em minutos, a gravação foi compartilhada por influenciadores, veículos comunitários e ativistas. De post em post, de relato em relato, o medo se alastrou como fogo em palha seca. Não demorou muito para virar pânico. E esse pânico tem nome e sobrenome: a nova ofensiva do governo Trump contra imigrantes indocumentados, com batidas cada vez mais agressivas do ICE em bairros operários, escolas, postos de trabalho e até em igrejas.
Mas se o medo é compreensível, o colapso emocional da comunidade é o que mais preocupa. Há um sentimento generalizado de paralisia. Famílias inteiras deixaram de sair de casa, o comércio brasileiro sente o impacto, escolas estão vazias, e até os cultos nas igrejas perderam fiéis. A sensação é de que, como um vírus, o terror se espalha, silencioso e sufocante, afetando o corpo e a alma da nossa comunidade.
E agora, quem somos?
Somos brasileiros. E não desistimos nunca.
É nesta hora que a coletividade deve lembrar de suas raízes. O que nos trouxe até aqui não foi medo. Foi coragem. Não foi covardia. Foi fé. Não foi silêncio. Foi a capacidade de se levantar a cada queda. Enfrentamos oceanos, fronteiras, solidão, saudade e trabalho duro. Encaramos a saudade dos filhos, a jornada dupla, o preconceito e o frio na alma e no corpo. Sobrevivemos.
O momento pede sabedoria. Não podemos deixar que a máquina da propaganda do medo vença. É preciso parar de espalhar o terror desenfreado, refletir antes de apertar “compartilhar” no WhatsApp, e proteger o coletivo. Informação sim, mas com responsabilidade.
A arma mais poderosa que temos é a fé. E isso não é só retórica. Brasileiros são tementes a Deus, confiam em sua proteção e reconhecem que há um propósito em cada desafio. O ICE pode ter algemas, mas não tem poder sobre nossa esperança. O governo pode impor leis, mas não apaga a dignidade de quem trabalha honestamente todos os dias.
É hora de reagir. Com fé, com união e com inteligência.
Organizações comunitárias estão ativas. Líderes religiosos, ativistas, advogados e jornalistas se unem para proteger direitos e oferecer suporte. E cada um de nós também tem um papel: apoiar o vizinho, acolher quem foi atingido, informar-se corretamente e não se entregar ao pânico. Este país foi construído por imigrantes — e somos parte dessa construção.
Não podemos permitir que a histeria nos paralise. Não viemos até aqui para desistir na reta final. Como disse Júlia no vídeo, o vizinho dela era “gente boa”. E é por ele, e por todos os outros como ele, que precisamos levantar a cabeça, erguer a voz e dizer:
Somos brasileiros. E não desistimos nunca.
Se você ou alguém que conhece estiver enfrentando uma crise relacionada a imigração, procure apoio em centros comunitários, ONGs locais ou com advogados especializados. Não enfrente isso sozinho.
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