A vitória de Mamdani representa uma guinada progressista em Nova York, mas também acirra os ânimos entre a cidade e o governo federal. A disputa promete ser marcada por confrontos ideológicos e jurídicos, principalmente em torno da política imigratória.
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Trump ameaça prender candidato favorito à Prefeitura de NY e questiona sua cidadania

O presidente Donald Trump voltou a causar polêmica nesta terça-feira (1º) ao ameaçar prender o deputado estadual Zohran Mamdani, vencedor das primárias democratas para a prefeitura de Nova York, caso ele desafie as operações do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês).
Durante uma visita ao novo centro de detenção de imigrantes no remoto pântano dos Everglades, na Flórida — apelidado de “Alcatraz do Jacaré” — Trump acusou falsamente Mamdani de estar ilegalmente no país e o chamou de “comunista”.
“Se ele for contra o ICE, nós teremos que prendê-lo”, declarou Trump a jornalistas. “Não precisamos de um comunista neste país. E se tivermos um, eu vou estar de olho nele em nome da nação.”
Zohran Mamdani, de 33 anos, é um político socialista democrático nascido em Uganda. Ele imigrou para os Estados Unidos aos 7 anos e tornou-se cidadão naturalizado em 2018. Em seu discurso de vitória na última semana, Mamdani afirmou que pretende impedir agentes mascarados do ICE de deportarem “nossos vizinhos”, o que desencadeou a reação do presidente.
Trump ainda ameaçou bloquear repasses federais para Nova York caso Mamdani não “faça a coisa certa”. “Acho que vou me divertir muito observando ele, porque ele vai ter que passar por este prédio para conseguir dinheiro”, afirmou, referindo-se à Casa Branca.
Em resposta, Mamdani classificou os comentários de Trump como “intimidação” e disse que o presidente tenta enviar uma mensagem de medo aos nova-iorquinos que se recusam a viver nas sombras. “Não aceitaremos esse tipo de ameaça. O que ele está fazendo não é apenas um ataque à democracia, mas um aviso de que quem ousar se levantar contra ele será perseguido”, disse o político em nota.
Durante entrevistas concedidas à ABC News e à NBC, Mamdani rejeitou a acusação de ser comunista. “Não sou comunista”, disse no programa Meet the Press. “O presidente quer falar sobre minha aparência, minha origem, minha voz — tudo para desviar a atenção do que realmente importa: estou lutando pelas mesmas pessoas da classe trabalhadora que ele traiu.”
Questionado sobre uma possível cooperação com o governo federal, Mamdani afirmou: “Trabalharei com a administração Trump quando isso for benéfico para os nova-iorquinos. Mas não cooperarei com políticas que prejudiquem as pessoas que quero representar.”
Mamdani lidera a disputa democrata com 56% dos votos contra 44% do ex-governador Andrew Cuomo, segundo a apuração atualizada do sistema de votação por escolha ranqueada. Cuomo e o atual prefeito Eric Adams devem concorrer como independentes nas eleições de 4 de novembro. O republicano Curtis Sliwa também está confirmado na disputa.
A vitória de Mamdani representa uma guinada progressista em Nova York, mas também acirra os ânimos entre a cidade e o governo federal. A disputa promete ser marcada por confrontos ideológicos e jurídicos, principalmente em torno da política imigratória.
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