Mulherada, leia!!!

Por que, apesar de tantos avanços, ainda vemos mulheres desconfiando umas das outras, competindo entre si, sabotando-se em silêncio?
Essa pergunta incomoda, mas precisa ser feita.

A desunião entre mulheres não é natural. Ela foi ensinada.
Por séculos, fomos treinadas a disputar espaços escassos: o afeto do patriarca, a vaga única na liderança, o padrão inalcançável da beleza, o rótulo da “boazinha” versus a “ameaça”.
Enquanto isso, os verdadeiros donos do poder riam, unidos.

Psicologicamente, há um conceito chamado “internalização do opressor”. É quando o oprimido assimila a lógica de quem o domina e passa a reproduzi-la até contra os seus. A rivalidade feminina, em muitos casos, nasce dessa distorção.

Historicamente, as mulheres sempre foram mais numerosas do que poderosas. E, quando uma mulher se destacava, era comum que fosse vista pelas outras como exceção, não como inspiração. Afinal, nos diziam que “não há espaço para todas”.

Mas essa é a grande mentira. E já passou da hora de rasgá-la.

A verdade é que há espaço para todas sim, quando nos damos as mãos, não os cotovelos.
Quando uma mulher avança, abre caminho para outras. Quando uma mulher elogia outra em vez de criticá-la, ela desafia um sistema inteiro.
Sororidade não é slogan de rede social. É revolução silenciosa.

Precisamos praticar o elogio genuíno, o apoio sem interesse, a escuta sem julgamento.
Celebrar as conquistas alheias como se fossem sementes do nosso próprio jardim.
Porque são.

A solução não está em sermos iguais mas em reconhecermos o valor da nossa diversidade, e da nossa rede.
Mulheres diferentes, com histórias distintas, mas com uma consciência comum: sozinhas, vamos mais rápido. Juntas, vamos muito mais longe.

Que esse artigo seja convite.
Não para um pacto contra alguém, mas para um pacto a favor de nós mesmas.

Claudia Cataldi é Jornalista e Mestre em Ciência Política e Relações Internaiconais