O mundo acompanhou, com apreensão e tristeza, a trágica queda da brasileira Juliana em um vulcão localizado no monte Rinjani, na Indonésia. Uma jovem que desembarcou no país sorrindo, cheia de sonhos, pronta para viver mais uma grande aventura.
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O silêncio no Vulcão

O mundo acompanhou, com apreensão e tristeza, a trágica queda da brasileira Juliana em um vulcão localizado no monte Rinjani, na Indonésia. Uma jovem que desembarcou no país sorrindo, cheia de sonhos, pronta para viver mais uma grande aventura.
Provavelmente fez planos simples e felizes: conhecer novas paisagens, fazer turismo, registrar momentos para compartilhar com amigos e, quem sabe, reunir-se depois com as pessoas queridas para contar os detalhes da aventura no vulcão. Mas tudo foi abruptamente interrompido quando escorregou e caiu em uma cratera vulcânica, despencando cerca de 500 metros. O passeio, que deveria ser apenas para admirar a vista do alto, inverteu seu curso. Juliana passou a lutar para voltar ao topo.
Ninguém sabe, com precisão, o que ela pensou em suas últimas horas. O que o mundo viu foi uma jovem isolada, abandonada, fazendo movimentos lentos, captados por um drone. Dias depois, seu corpo foi encontrado, sem vida. O resgate não chegou a tempo.
A esperança coletiva era que Juliana sobrevivesse para contar sua história, compartilhar o que viveu e continuar sonhando. Mas isso não foi possível. Em meio as postagens nas redes sociais, críticas e opiniões se multiplicaram, impulsionando o engajamento dos noticiários. No entanto, o ponto central dessa história dramática é um só: uma jovem estava apenas tentando viver, como tantos outros.
Vimos o mesmo com um corredor famoso, que sofreu um grave acidente enquanto esquiava nos Alpes. O risco está presente em diversas práticas: no surfe, no salto de paraquedas, em mergulhos profundos, em trilhas ou até em voos de ultraleve. O objetivo é sempre o mesmo. Viver intensamente. Ninguém planeja se machucar.
Mas o silêncio deixado pelo episódio no vulcão não ficou restrito à montanha. Ele se instalou em nossos corações, trazendo uma série de perguntas inevitáveis.
1 – Como deixar para trás quem está cansado? Todos têm limites. Há momentos em que é preciso parar, respirar, recuperar as forças. Continuar nem sempre é possível. Reconhecer isso pode ser a diferença entre a vida e a morte.
2 – A solidão diante do desconhecido. Sem conhecer o terreno, enfrentar intempéries e desafios já é difícil em grupo. Sozinha, torna-se quase impossível. Numa situação de risco, estar isolado é como estar à mercê do destino.
3 – Como confiar nos serviços ofertados? Adquirimos pacotes de turismo acreditando que há planejamento, estrutura e, principalmente, espera-se que, diante de um imprevisto, haja uma resposta rápida, um plano B acionado de imediato. Será que essas garantias estavam claras? Será que foram cumpridas?
Nada trará Juliana de volta. Mas seu nome não pode se perder em meio às estatísticas. O mundo viu e se chocou com a forma como foi tratada uma jovem que ficou para trás.
É assustador constatar o crescimento da insensibilidade humana. Mais ainda, é inaceitável saber que existem empresas que promovem turismo de aventura sem equipamentos adequados para resgate imediato. Em um mundo onde submarinos descem a profundezas abissais, astronautas vivem em estações espaciais e veículos se deslocam sem motoristas, é inconcebível que não haja um sistema eficaz de salvamento em locais de alto risco.
Diante de uma perda tão devastadora, deixamos aqui nossa solidariedade à família e aos amigos de Juliana. Sua história precisa ser lembrada, não apenas pela tragédia, mas como um alerta para que outras vidas não sejam silenciadas.
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