Publicado em 17/04/2015 as 12:00am
Gaúcha festeja aprovação para curso em Harvard
Com 19 anos, Raíssa Müller criou 'esponja' que absorve e reaproveita óleo. Estudante já apresentou projeto na universidade dos EUA no ano passado.
"A gente vai conseguir ainda mostrar que os brasileiros têm todo o potencial do mundo para conquistar todos os desafios", afirma Raíssa, que fará um curso de verão (período do inverno brasileiro) na sede da instituição, em Cambridge.
Foi em um laboratório em Novo Hamburgo, cidade situada na Região Metropolitana de Porto Alegre, que a jovem criou uma esponja que repele água e absorve óleo, que poderia ser utilizada em acidentes como derramamentos no mar. A invenção foi longe. No ano passado, a aluna de química foi um dos selecionados para participar do Village To Raise a Child, em Harvard, uma espécie de programa de incentivo a jovens talentos. Lá, participou de palestras e workshops, assistiu as aulas e apresentou o projeto a acadêmicos e professores.
"Foi uma experiência única. Tive oportunidade de falar com professores das áreas do meu projeto. Eles me deram várias dicas, participei de debates maravilhosos e ainda participei de aulas das disciplinas que ainda estou pretendendo seguir", recorda. "Eles me deram luzes para seguir no futuro e mais inspiração ainda e motivação para seguir nessas áreas", acrescenta.
A inspiração para a invenção veio da lembrança de um desastre ambiental ocorrido em 2006 no Rio dos Sinos, que beira sua cidade natal, em uma região conhecida como polo industrial do setor calçadista. A poluição causada por um derramamento de óleo causou falta de oxigenação e a mortandade de 86 toneladas de peixes. "Eu tinha vontade de fazer um projeto relacionado a isso", afirma.
Cada esponja custa R$ 15 para ser produzida e pode ser reutilizada cinco vezes. "Os primeiros resultados foram péssimos, mas a gente não desistiu. Começamos a estudar mais e aí deu certo. A gente começou a inscrever ele em competições para mostrar a ideia e viabilizar ela no mercado", explica.
Aos poucos, a estudante gaúcha tem colhido alguns frutos da experiência na universidade norte-americana. No entanto, a falta de recursos pode fazer com que o projeto fique apenas nos testes em pequena escala. Ainda faltam investimentos para, de fato, viabilizar a ideia.
"Eu quero que esse projeto saia do papel e possa ser utilizado, porque problemas acontecem e temos que estar preparados para quando isso acontecer. Se já existe uma solução, mesmo que em pequena escala, em laboratório, a gente pode trabalhar para dar uma ênfase nesse material, para que ele possa ser usado em derramamentos de verdade", sustenta.
Fonte: Da Redação