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Publicado em 12/03/2021 as 12:30pm

Coluna Camarim do BT

CHIQUINHA GONZAGA Hoje o CamARIm honra a memória da Maestrina e Pianista Chiquinha Gonzaga....

CHIQUINHA GONZAGA

Hoje o CamARIm honra a memória da Maestrina e Pianista Chiquinha Gonzaga. Conheci a obra de Chiquinha através de minha mãe, que a admirava deveras. Devo ressaltar que existiram duas mulheres incriveis com o mesmo nome, Chiquinha Gonzaga. Uma, foi sanfoneira e irmã do querido Luiz Gonzaga, e outra, pianista, compositora e maestrina. Ambas, mulheres de raça e musicalidade.

Hoje falaremos da Maestrina.

Vocês sabiam que Chiquinha Gozaga foi a primeira compositora e maestrina reconhecida no Brasil? Na época, havia um preconceito enorme contra mulheres nas artes, porém Chiquinha lutou e venceu, deixando sua marca na história da música brasileira. Foi a primeira pianista chorona (musicista de choro), autora da primeira marcha carnavalesca com letra ("Ó Abre Alas", 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.  Nascida Francisca Edwiges Neves Gonzaga em 1847 no Rio de Janeiro do Segundo Reinado, foi educada como uma sinhazinha e preparada para se tornar uma dama da corte, mas se consagrou como Chiquinha Gonzaga, musicista talentosa que contribuiu para a gênese da música brasileira.

Mulher e mestiça, enfrentou todos os preconceitos da sociedade patriarcal e escravista para se firmar como pianista, compositora, regente e, por fim, líder de classe em defesa dos direitos autorais. Pioneira, Chiquinha Gonzaga abriu alas para todos, deixando seu exemplo de luta pela igualdade no Brasil.  

A Medalha de Reconhecimento Chiquinha Gonzaga, criada através do Projeto de Resolução 14/1999, é conferida a mulheres que militam em prol das causas democráticas, humanitárias, artísticas e culturais no âmbito da União, Estados e Municípios. No Passeio Público do Rio de Janeiro há uma estátua em sua homenagem, obra do escultor Honório Peçanha. Em maio de 2012 foi sancionada a Lei 12 624, que instituiu o Dia da Música Popular Brasileira, comemorado no dia de seu aniversário. Era filha da união de José Basileu Gonzaga marechal de campo do Exército Imperial Brasileiro e de Rosa Maria Neves de Lima, filha de escrava alforriada.

Contrariando a família, José Basileu casou-se com Rosa Maria após o nascimento de Francisca. Chiquinha Gonzaga cresceu em uma família de pretensões aristocráticas, sendo afilhada de Luís Alves de L. e Silva, Duque de Caxias e conviveu bastante com a rígida família paterna. Fez desde jovem seus estudos musicais ao piano com o Maestro Elias Álvares Lobo. Desde cedo, frequentava rodas de lundu, umbigada e outros ritmos oriundos da África. Aos 11 anos escreve sua primeira composição, a canção natalina Canção dos Pastores.

Em 1863, aos 16 anos, por imposição paterna, casou-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Mercante, e logo engravidou. Não suportando a reclusão do navio onde o marido servia, e a proibição de que não se envolvesse com a música, Chiquinha, seis anos depois, abandona o matrimônio, escandalizando a sociedade de então. Assim a família a expulsa de casa, proibindo-a de levar dois de seus três filhos, permitindo que mantivesse consigo somente o filho mais velho, João Gualberto. Chiquinha sofreu muito por ter sido separada de seus filhos Maria do Patrocínio e Hilário, os quais não pôde criar.

Após a separação, Chiquinha lecionou piano e frequentou rodas de choro, acompanhada pelo flautista Joaquim Antônio da S. Callado. Na ocasião, conhece João Batista de Carvalho, com quem inicia um relacionamento e tem uma filha, Alice Maria. Vivem juntos muitos anos, mas Chiquinha separa-se e, mais uma vez, perde uma filha, pois a guarda de Alice fica com o pai. Volta a lecionar, retorna à boemia e bailes e passa a viver como musicista independente com o grupo Choro Carioca e tocando piano em lojas de instrumentos musicais. Passa a dedicar-se inteiramente à música. 

Chiquinha participou da Campanha Abolicionista e da Proclamação da República do Brasil.

Também foi a fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Ao todo, compôs músicas para 77 peças teatrais, tendo sido autora de cerca de 2000 composições em gêneros variados, como valsas, polcas, tangos, lundus, maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas. Em 1899, aos 52 anos, após décadas dedicadas à música, conheceu e apaixonou-se por João Batista Fernandes Lage, um estudante de música de 16 anos. A diferença de idade era muito grande, e temendo o preconceito, Chiquinha escondeu o relacionamento adotando João Batista como filho. Assim, pôde viver o grande amor evitando escândalos e em respeito aos seus filhos, protegendo também sua brilhante carreira.

Por conta disto, em 1902 mudaram-se para Lisboa, Portugal. Após certa resistência inicial, os filhos de Chiquinha aceitaram o romance da mãe e João Batista Fernandes Lage com naturalidade. Eles retornaram ao Brasil camuflados, nunca assumiram de fato o romance, que foi descoberto após a sua morte através de cartas e fotos do casal. Ela morreu ao lado do seu grande amigo, parceiro e fiel companheiro, seu grande amor, em 1935, quando começava o Carnaval. Foi sepultada no Cemitério de São Francisco de Paula, no Catumbi, Rio de Janeiro.

Chiquinha Gonzaga já foi retratada como personagem no cinema, na televisão e no teatro. Seus créditos são tantos que faltaria espaço aqui na coluna para enumerá-los. Sugiro uma procura online, onde se encontram abundantes referencias as suas várias suas obras e realizações. Uma lutadora, e um grande nome da História Brasileira. Para facilitar, alguns links https://youtu.be/GDfyFrtI7mM e https://youtu.be/z8cC70sCoTk 

Bom proveito e boa semana!

Finalizando, sábado passado, dia 6 de Março, tivemos a segunda semi-final do BDOLive Portugal.

Participe do júri popular, através do site BDOLive.com, e faça parte das decisões nesse evento tão importante, que está unindo povos de fala portuguesa em todo o planeta!

Próximo sábado, dia 13 de março, serei um dos jurados! Às 18h (Brasil), 4:00 pm (EUA) e 21h (Portugal).

Sua opinião conta, e muito!

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Fonte: Redação - Brazilian Times.

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