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Publicado em 15/09/2021 as 8:30am

Coluna Wendel Stein

PRESERVAR O NOVO JORNALISMO “Jornalismo é publicar aquilo que alguém quer que não...

PRESERVAR O NOVO JORNALISMO

“Jornalismo é publicar aquilo que alguém quer que não publique. Todo o resto é publicidade” – George Orwell

           

 

            Alguns anos atrás duas importantes figuras da comunicação mundial perderam suas vidas na mesma semana, Hebe Camargo, a mulher que participou da primeira transmissão ao vivo da televisão brasileira, cantora, atriz, apresentadora e empresária de sucesso; a outra pessoa foi Eric Obsbawn, considerado um dos maiores pensadores do século XXI, autor do best-seller “A Era dos Extremos”.

            A passagem de Hebe Camargo teve repercussão mundial e figurou nas manchetes em todos os veículos de comunicação no Brasil, o de Hobsbawn quase passou despercebido, apenas com pequenas notas em poucos jornais. Cada um deles representava na comunicação extremos; um para as massas e o outro para um público segmentado. Se eu fosse falar sobre estes personagens a matéria não caberia neste jornal, diante de tantas qualidades e importância destas pessoas. Citei eles, pois ambos exerciam com amor à arte da comunicação.

            Hoje concordo com Carlos Alberto Di Franco que critica à falta de alma do jornalismo moderno. Eu mesmo vivi o jornalismo clássico, máquina de escrever, revelação de negativos fotográficos, bloco de notas, sem telefone, sem internet. Tudo era artesanal, feito com amor e cuidado. O “New Journalism” vivia em nossos corações, a forma de apurar e investigar as informações, o jeito de escrever com emoção e com tempo para transformar em palavras tudo o que acontecia ao redor. Gay Talese foi o principal defensor e idealizador do “New Journalism”, ele dizia que a atividade deveria ser escrita com o talento, cuidado e a beleza literária como se estivesse escrevendo um livro.

            Estes fatores foi algo que a tecnologia e a rapidez da informação nos tiraram. Hoje tudo é imediato, pautas rápidas, sem tempero, emoção e nem amor. Salários ridículos da profissão e uma linguagem tão objetiva que um computador conseguiria escrever. Torço que esse imediatismo da informação se adapte, e encerro esta coluna com a frase de Gabriel Garcia Márquez que dizia “ Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir em uma profissão tão incompreensível e voraz, cuja obre termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte. ”

 

Wendell Stein é jornalista, escritor, cineasta e colunista do Brazilian Times. E-mail wendellstein@me.com

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