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Publicado em 14/10/2021 as 7:00am

Coluna Arilda Costa

Entrevista com a escritora Isabel Ricardo Isabel Ricardo é considerada uma referência na...

Entrevista com a escritora Isabel Ricardo

Isabel Ricardo é considerada uma referência na literatura infanto-juvenil e possui uma vasta obra publicada, em Portugal e no estrangeiro. Também é conhecida pelos seus romances históricos. Cresceu sem que lhe lessem uma história e tinha de ler e escrever às escondidas dos pais. Sonhava vir a ser escritora e detective. Sente uma paixão enorme por aquilo que faz e essa imensa alegria reflecte-se nos livros, transmitindo-a aos leitores. É um dos poucos escritores em Portugal que vive só do que escreve. Recentemente, a editora americana Underline Publishing LLC decidiu apostar nas suas obras pelo seu reconhecido valor para a literatura portuguesa, assim como pela qualidade dos seus textos, iniciando a publicação de vários livros.


Há quanto tempo você se dedica a escrever livros e como entendeu que seu destino era ser escritora? 

Eu já escrevo livros desde os 11 anos de idade. Acho que nasci a gostar de criar histórias. Mesmo antes de saber ler e escrever, já gostava de “inventar”. Aos 3 anos de idade, pegava nos livros escolares da minha irmã, sete anos mais velha do que eu, e ia para a janela folheá-los enquanto inventava as minhas histórias, sob o olhar surpreso das pessoas que passavam, pensando que eu já sabia ler…

Em casa dos meus pais não entravam livros, a não ser os escolares da minha irmã. Foi só na festa de aniversário de uma amiga que vi um livro de aventuras e fiquei de tal maneira empolgada, que o “devorei” enquanto as minhas amigas brincavam e se divertiam.

Aos nove anos inscrevi-me na biblioteca, às escondidas dos meus pais, e trazia livros com as características que me agradavam mais (aventura e mistério). Cheguei a um ponto em que não havia nenhum livro que eu não tivesse ainda lido, até mais do que uma vez. Por isso decidi que, para ter algo novo, teria de ser eu própria a escrevê-lo. Aos 11 anos, nas férias do Verão, escrevi o primeiro livro de aventuras. Foi aí que descobri aquilo que instintivamente já sabia. O que eu queria mesmo fazer era escrever livros e encantar e entusiasmar as pessoas com eles.

Comecei a enviar as minhas histórias para as editoras, escritas à mão, aos 13 anos. Sempre acreditei nas minhas capacidades e nunca desisti, por mais obstáculos que encontrasse, por mais negativas que recebesse, de concretizar o meu sonho mais querido: a publicação de um dos meus livros. A minha persistência finalmente foi recompensada, passados 16 anos, com a publicação de “A Floresta Encantada”, que recebeu um prémio de Cultura e tem uma mensagem ecológica. Brevemente será publicado também em inglês pela Underline Publishing LLC.

A partir de determinada altura resolvi escrever para todas as idades, para acompanhar os leitores desde pequeninos até adultos e tenho imensos casos de crianças que cresceram, andam na universidade e continuam a adquirir os meus livros, mesmo os infantis e juvenis, não só para eles mas para novos elementos da família. É um orgulho para mim saber que os meus livros passam de geração para geração e continuam a agradar. Atualmente, tenho 36 livros publicados, 30 para crianças e jovens e 6 para adultos.

 

Qual sua opinião de uma obra para conquistar seus leitores?

Na minha opinião um livro deve ler-se com muito prazer e ser divertido, cativante e transmitir uma mensagem importante, pois o livro é uma ferramenta essencial na formação e educação da criança, pois pode transmitir-lhe bons valores e ajudá-las a distinguir o bem e o mal. Se podemos associar o prazer da leitura à aprendizagem de outro assunto, isso é excelente!  

Quando escrevo, o meu objectivo é prender o leitor desde o primeiro momento e proporcionar-lhe divertimento, aventura, mistério, emoção e suspense, seja criança, jovem ou adulto. Coloco a alma e o coração em tudo o que escrevo e adoro saber que esses leitores quando lêem um livro meu se tornam fãs incondicionais. Para mim um leitor é um amigo e tenho uma relação de proximidade muito especial com todos eles.

 

Qual é o teu tema favorito, o que te inspira?

Histórico, aventura, mistério, suspense, gosto desses temas, porque me empolgam muito. Imagino-me a viver aquelas situações e calculo que os meus leitores irão sentir o mesmo. Nada como imaginar e mergulhar numa aventura cheia de mistério e suspense, que nos prenda ao livro e nos faça viver com ele. Com um bom romance histórico encontramos tudo isso durante mais tempo e com mais ingredientes. Já me aventurei também em romance de mistério (Crime e Sedução) e também tenho livros de literatura fantástica (Guerreiros da Luz).

O sentido de humor é uma das características que me define e que aponto como estruturante dos meus livros. Esse, aliado ao mistério, aventura e suspense, são os principais ingredientes que gosto de polvilhar ao longo dos enredos, seja para crianças ou para adultos.

 

O que você escuta enquanto escreve, ou você prefere o silêncio?

Gosto de escrever em solidão, sem barulho em redor, com a tranquilidade que me permite inspirar e viajar até determinada época e local e sentir as personagens que crio até as tornar reais. Ouço música que me ajuda a concentrar e a alcançar o nível que me permite criar. Curiosamente, em cada livro inspiro-me com músicas diferentes e ouço-as desde que começo o dia até desligar o computador, acompanhando-me durante todo o processo de criação.

 

De onde vem a sua inspiração?

A inspiração tanto pode surgir inesperadamente ao apreciar uma paisagem deslumbrante - o mar da Nazaré é uma das que me inspiram sempre - como também pode acontecer com uma frase, um sonho, uma música, ou simplesmente uma ideia… Estas costumam surgir-me em catadupas, bombardeando-me a mente sem avisar e não é estranho para mim estar a pensar em várias histórias ao mesmo tempo, completamente diferentes. Cada livro é único. Por vezes parece ganhar vida própria e enveredar por caminhos que inicialmente não previ. Mas o resultado final é sempre gratificante, porque, para mim, escrever é um prazer!

 

Quanto tempo você leva para escrever um livro?

Tem a ver com o tamanho do livro. Por exemplo, os livros dos “Aventureiros” demoram dois ou três meses; os “Guerreiros da Luz” e a trilogia “Porto do Graal”, quatro ou seis; os romances históricos demoram mais tempo, não só pelo aumento do número de páginas, como também pela intensa pesquisa; o “O Último Conjurado” demorou dois anos. Dos infantis, os que demorei menos tempo a escrever foi a “A Floresta Encantada”, cinco dias, e “O Fantasma das Cuecas Rotas”, um dia, este já publicado em inglês pela Underline Publishing, em Dezembro de 2020.

 

Quais eram seus passatempos que te levaram a querer contar histórias? 

Para mim os livros sempre foram mágicos, exercendo sobre mim um grande fascínio. A melhor coisa do mundo era ter um livro nas mãos; era uma espécie de tesouro! Mal esperava o dia para aprender a ler. Por isso assim que comecei a ler, nunca mais parei. Depois aprender a escrever foi uma alegria constante; uma libertação poder escrever tudo o que me vinha à cabeça.

A leitura proporcionou-me sempre uma sensação maravilhosa, de descoberta, de viagens, de sensações e sentimentos… Sinto a mesma magia desde sempre. Não se alterou ao longo dos anos. Quero sempre transmitir essa emoção aos meus leitores desde pequenos.

 

De onde vêm os seus personagens? São inspirados em pessoas reais ou em fatos? 

A maioria das personagens surge na minha mente e vai ganhando vida própria. Divirto-me imenso a criá-las o mais autênticas possível, para que os leitores sintam que as conhecem. Já criei centenas de personagens diferentes e lembro-me de cada uma delas. Os vilões, invariavelmente, são inspirados em pessoas que existem na realidade e que, de certa maneira, foram antipáticas para mim. É uma forma de “vingança” saudável da minha parte. Qualquer pessoa que se cruze comigo arrisca-se a ser transportada para os meus livros. A minha irmã, sendo muito distraída, é uma fonte inesgotável de episódios engraçados para os livros dos AVENTUREIROS. A criação de novas personagens, situações empolgantes e misteriosas que habitualmente não sucedem na vida real, entusiasmam-me imenso.

 

Qual será seu próximo livro?

Atualmente, estou envolvida na criação do meu próximo romance histórico que exige uma pesquisa muito intensa e aprofundada e imensa concentração. Também preparo mais livros infantis e juvenis para serem publicados, ainda este ano, pela Underline Publishing.    

Pretendo depois retornar às invasões francesas em Portugal, em continuação do romance histórico que decorre durante a primeira invasão, em 1807 (A Revolução da Mulher das Pevides), e terminar o terceiro volume da trilogia Porto do Graal, do qual já saiu este ano o primeiro volume em inglês (The Quest for the Lost Map).

 

O que os seus textos trazem como inspiração para outras pessoas?

Na minha trajectória enquanto escritora, já fui ao encontro de novos leitores que não tinham qualquer apetência para a leitura e que encontraram nos meus livros o prazer de ler e a capacidade de os ajudar a descobrir novos horizontes e isso é extremamente gratificante para um escritor. Saber que de alguma maneira contribuiu para o enriquecimento pessoal de uma criança/jovem/adulto.  

A questão dos valores é um alicerce muito patente nos meus livros, principalmente nos que se destinam aos mais novos. Procuro sempre não descurar a componente pedagógica e que as histórias tenham alguma profundidade, transmitindo conhecimentos que estimulem a imaginação e a capacidade de raciocínio, incutindo-lhes valores humanos que considero importantes para que venham a tornar-se adultos melhores, mais sensíveis e responsáveis. A tolerância, o direito à diferença, a cooperação, a inclusão, a amizade, o respeito pelos outros (sejam eles pessoas, animais ou a própria natureza), a solidariedade e a generosidade são alguns dos valores que saltitam das minhas histórias. Enfim, os valores essenciais para uma harmoniosa vida em sociedade. Gosto igualmente de incentivá-los a amar a nossa Língua e a nossa História.  

Muitos professores recomendam os meus livros aos alunos com aversão à leitura, tendo por experiência que os conseguem cativar.

 

Você tem algum hábito de trabalho? Um horário específico do dia que te inspira mais?

Eu escrevo todos os dias. Só interrompo quando tenho sessões em escolas e bibliotecas, para divulgação dos meus livros e sessões de incentivo à leitura, ou porque estou a visitar os locais e a fazer pesquisa no terreno, ou, quando são históricos, em bibliotecas.

Criei o hábito de começar a escrever muito cedo, às vezes às 5.30 da manhã, fazendo um intervalo para o almoço, retomando depois até à noite. Na recta final de um livro chego a trabalhar durante a noite, pois não consigo desligar do livro. Chego a esquecer-me de comer. Uma faceta curiosa, adoro escrever quando está a chover! E se estiver a trovejar, então… Fico inspiradíssima!

 

Cita o melhor momento da sua carreira como escritor até hoje?

Já tive imensos e inesquecíveis. Um deles foi ter, no dia do meu aniversário, durante o lançamento de um livro meu, 300 crianças portuguesas e espanholas a cantaram-me os parabéns.

Recentemente, vivi momentos muito especiais. Em 2020 e este ano quatro livros meus receberam bolsas de apoio à tradução para inglês do Instituto Camões e da DGLAB – Direcção Geral dos Livros, dos Arquivos e das Bibliotecas, entidades muito conceituadas. Nessa sequência, tive a imensa alegria de ver este ano publicados pela Underline Publishing “The Adventurers and the Treasure Cave” e “The Quest for the Lost Map”., estando até ao final do ano previstas as edições de “Sofia Gama and the Templar’ Prophecy” e o romance histórico: “The Last Conspirator”.

Fiquei extremamente feliz porque é a concretização de um sonho antigo, ter os meus livros publicados em outras línguas. Saber que irão para as mãos de tantas crianças e jovens por todos esses países que falam inglês, promovendo Portugal, a sua língua, a sua História e a sua cultura. Além de me sentir muito honrada por quatro livros meus, entre centenas de propostas de dezenas de países, terem sido escolhidos para serem apoiados à tradução. É sobretudo prestigiante e o reconhecimento do meu trabalho.

Hoje sinto-me realizada por fazer aquilo que adoro e continuar a concretizar os meus sonhos.


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