Coluna Wendel Stein

A boa forma de Clint Eastwood

                Aos 91 anos de idade, Clint Eastwood dirige e atua em seu novo filme Cry Macho, mostrando que talento não tem idade. Depois de quase 40 anos de carreira interpretando cowboys e detetives durões ele bem que poderia ter largado tudo e curtido uma boa aposentadoria, mas não foi o caso, aos 60 anos ele começou a dirigir filmes e hoje já tem 30 anos na direção e um punhado de bons trabalhos.  Sua decisão em dirigir tinha como objetivo de ter mais controle sobre suas produções, e tem funcionado resultando em várias indicações ao Oscar e ao sucesso de público e crítica.

            No filme Cry Macho ele é um ex-campeão de rodeios chamado Mike Milo. O homem sofre com a perda da esposa e filho vítimas de um acidente de carro e de seu acidente que o deixou impossibilitado em competir nos rodeios.

            O seu ex-chefe o chama para uma importante missão; atravessar a fronteira do México e trazer o filho que mora lá com a mãe. A produção é meio que um faroeste misturado a um Road Movie, vários gêneros misturados. A fórmula dá certo e os personagens principais e secundários são competentes e carismáticos. Lá estão todos os clichês do cinema moderno, o mestre e o aprendiz, o bom e o mau, o jovem e o velho. Clint sabe lidar com todos estes elementos entregando um bom fan service ao público.  Também Eastwood é um ator com tantos trabalhos memoráveis em sua carreira, que atuou do faroeste para o gênero policial, da comédia para o drama, sempre com inovação e atuações inesquecíveis.

            Ainda no filme, quando o garoto que Clint está levando para os Estados Unidos, diz que o termo Cry Macho (nome do galo de briga do garoto), também se referia a cultura do valente, do corajoso, o personagem de Clint responde que a cultura do machão é uma perda de tempo, reflexões dos novos tempos, é  Eastwood na versão 2021.

            Um ponto que eu percebi no filme Cry Macho, que ele é um longa-metragem, sem pressa em sua narrativa, assistir ele é como se acompanhássemos o próprio ritmo da idade do personagem, e olha que é um velhinho que ainda é bom na briga e causa suspiros nas garotas. O longa tem uma ótima trilha sonora e uma fotografia bem elaborada, com imagens nítidas e brilhantes.

            O filme tem a duração de 104 minutos, com o roteiro de Richard Nash e Nick Schenk. Um bom programa para o final de semana.

            Wendell Stein é jornalista, escritor e cineasta. É colunista do Brazilian Times. E-mail; wendellstein@me.com