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Publicado em 25/11/2021 as 9:00am

Coluna Arilda Costa

Entrevista com o grande Maestro João Carlos Martins O grande Maestro João Carlos Martins é...

Entrevista com o grande Maestro João Carlos Martins

O grande Maestro João Carlos Martins é um pianista e também maestro brasileiro, considerado um dos maiores intérpretes de Bach. Ele nasceu em São Paulo, no dia 25 de junho de 1940. Filho do pianista José Eduardo Martins, com oito anos começou a estudar piano no Liceu Pasteur. Na adolescência, já tinha fama mundial como um inventivo intérprete de Bach. Com 21 anos, fez sua estreia no Carnegie Hall, com lotação esgotada. Tocou com grandes orquestras americanas, gravou a obra completa de Bach, para piano.

Na carreira de maestro, ele criou uma orquestra de profissionais e outra de jovens talentos, alguns dos quais recrutados na periferia de São Paulo. Mais tarde, fundiu-se na atual Filarmônica Bachiana SESI-SP. Ao conciliar a regência com o trabalho social, ensinando música a jovens, o maestro resgatou a si mesmo. Em 2007 e 2008, se apresentou no Carnegie Hall, com sua Bachiana.

No dia 19 de setembro de 2010, retornou a Nova York, na sua mais nova encarnação, a de maestro, regendo a Bachiana Filarmônica, no Lincoln Center, com a participação do pianista Artur Moreira Lima. A crítica do New York Time elogiou a orquestra e atribuiu-lhe um adjetivo que o envaideceu: “o indomável”.

Em 2012, João Carlos Martins se submeteu a uma cirurgia no cérebro para a implantação de eletrodos, com um estimulante eletrônico no peito, com a função de recuperar os movimentos da mão esquerda. Em 10 de junho de 2014, recebeu o título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em Portugal.

Maestro João Carlos Martins, 80 anos de vida e música!  O que representa para o senhor esta grande exposição comemorativa que está acontecendo no Centro Cultural FIESP?

Para mim essa exposição representa, eu diria, o conjunto da obra. Porque se eu pensar bem, já tive três documentários da minha vida. Aliás, quatro. Um Franco alemão, um na Bélgica, um no Brasil, e outro no Japão. Já teve peça de teatro, já teve um filme, já teve carnaval, como enredo de Carnaval, mas essa exposição é o conjunto da obra, e eu me emocionei profundamente porque é diferente de todos os outros documentários ou filmes que foram feitos na minha vida. Nesta exposição o Jorge Takla fez um trabalho extraordinário. 

O senhor é considerado um dos maiores pianistas do mundo do século XX. Uma lenda que nos orgulha, um presente para o Brasil, e este título chegou antes da posteridade. Qual é o seu sentimento de conviver com esta menção internacional?

Eu simplesmente acho que eu procurei fazer do meu ofício a motivação da minha vida. E a motivação da minha vida foi relacionado às artes, à música, claro, ao piano, e agora na regência. É claro que você fica feliz se existe a palavra "reconhecimento". Só posso agradecer a Deus. 

Qual foi a motivação para criar o projeto que apoia jovens artistas e quais são os critérios na seleção destes alunos?

Os critérios para a seleção destes alunos se dividem em 4 elementos: aqueles que poderão fazer parte de um público, aqueles que terão música com o hobby, aqueles que poderão ser profissionais, e de vez em quando diamantes a serem lapidados. Qual a motivação? Tentar deixar um legado.

Quais são os desafios que jovens artistas clássicos enfrentam hoje e o que você está fazendo para apoiá-los e incentivá-los em suas carreiras profissionais?

Os desafios que os jovens artistas clássicos enfrentam hoje certamente estão relacionados à concorrência. Cada vez a concorrência é maior. E o que você pode apoiar é mostrar que o resultado de uma carreira vem da disciplina, de um atleta e da alma de um poeta. E é isso que eu procuro transmitir para eles. 

O senhor tem uma ideia da quantidade de músicos que já conseguiu dar uma formação e que estão encaminhados no mundo da música, através do seu projeto?

É, aí você vai achar que eu sou pretensioso, mas são não dezenas, nem centenas, talvez alguns milhares de músicos que já estão no caminho do profissionalismo.

Por que a música é tão importante para a humanidade? 

Porque ela explica que Deus existe.

No livro "Ensaios sobre a música universal" do escritor e também maestro Dante Mantovani, ele menciona que "a vibração das músicas em nossas vidas determina as nossas escolhas, a nossa conduta ética, e a nossa busca espiritual. Isto se dá porque a música tem um ritmo próprio, e esse ritmo cria a harmonia da vida". É neste contexto e nestas escolhas que o senhor vive a música Maestro?

Evidentemente! Porque a música traz antes de tudo solidariedade. Traz paz, traz amor, une gerações, une inclusive nações. Então eu sempre digo que a música é uma espécie de régua do mundo. Porque se um governo vai bem todo mundo diz que funciona como uma orquestra. E se tem uma manifestação na rua contra o governo, o governo diz que é uma orquestração contra eles. Assim eu digo que a música é a régua do mundo. 

"A música venceu", esta sua frase como lema das suas superações é para sempre. Conta um pouquinho sobre a sua experiência de ter sido homenageado por uma grande escola de samba, e que foi campeã no carnaval de 2011?

Para mim realmente, a minha frase "a música venceu" é porque com tantas adversidades, com tantos vales profundos e altas montanhas, eu podia seguir no final da vida outro caminho, e realmente a decisão final minha foi ficar com a música. E quanto à homenagem do Carnaval, é só entrar numa avenida de 30.000 pessoas cantando a história da sua vida que você realmente vai às lágrimas. Não precisa dizer mais nada.

Já aconteceu de ter uma plateia desrespeitosa? Como o senhor reagiu?

Nunca tive uma plateia desrespeitosa porque quando eu entro em palco eu procuro fazer com que o meu coração chegue ao coração do público. Que a minha alma chegue ao público, e o meu cérebro tem que funcionar para administrar a procura do perfeccionismo, e a procura da transmissão de emoções.

Esta pergunta é da minha mãe para o senhor. De onde veio o seu direcionamento para a música? Quem foi que disse "este menino será um grande pianista"? De que lado corre a veia artística na família Maestro? 

Meu pai não era músico mas gostaria de ter sido músico, e a grande inspiração que eu tive na minha vida realmente foi meu pai quando dos 7 para os 8 anos de idade eu iniciei meus estudos de piano. Então não existe uma veia artística que eu possa dizer que vem de avô ou do bisavô. Vem do amor à música que meu pai tinha desde criança. 

Qual foi o momento da história da humanidade que o senhor gostaria de ter vivido, e por quê?

O momento da história que eu gostaria de ter vivido é o futuro, porque eu acredito em tudo aquilo que eu ainda posso fazer para a música. Por que? Não preciso dizer mais, o futuro virá.

Qual o melhor conselho para uma criança que está começando a estudar música?

Eu conto uma história de uma menina que chegou em Nova Iorque para estudar música, e primeiro ela ficou hospedada na rua 27. A primeira coisa que ela queria conhecer era o Carnegie Hall. Ela desceu na rua logo e perguntou para uma velhinha, porque em Nova Iorque as ruas são por número "como é que eu faço para chegar ao Carnegie Hall?" A velhinha respondeu..."practicing, practicing, practicing".

O senhor dedicou a sua vida inteira à música, e estamos todos orgulhosos desta sua escolha. Ganhamos nós, Brasileiros e o mundo inteiro que te aplaude de pé. O senhor gostaria de ter tido alguma outra habilidade? E qual seria?

Não acredito que eu tenha outros talentos, mas todo músico gosta de ser um esportista e todo esportista gosta de cantar, ou fazer música. O músico não joga bem futebol, nem o esportista canta bem, então eu fico com a música e estou muito feliz por isso.

O que o senhor já sonhou e hoje em dia não tem mais vontade de fazer?

É uma pergunta realmente muito inteligente, a única resposta que eu posso dar, eu sonhei quando criança, sonhei na adolescência, sonhei quando foi chegando a hora da maturidade. Agora perto da velhice, graças a Deus me sinto jovem e vou continuar sonhando. Espero que aquela pessoa que sonha, sonha, sonha, e quando ela menos espera o sonho acaba correndo atrás dela. 

O senhor tem uma história de vida impressionante, com tantos sucessos e superações. Suas atitudes são exemplos para todos nós. Maestro, qual é a sua relação com Deus? 

A minha relação com Deus é que eu acredito que o resultado para alcançar um objetivo vem de uma força superior e uma força interior. Então a única coisa, eu não sou uma pessoa que para entrar no palco eu peço para que Deus me ajude para entrar em palco. Mas todas as manhãs eu agradeço a Deus, porque Deus está muito mais preocupado com a fome na África, por exemplo. Mas, repito, todas as manhãs eu acordo e agradeço a Deus a determinação que ele me deu.

O que te faz ficar angustiado ou ter medo?
Sinal vermelho. Porque eu tenho receio de não chegar pontualmente a um encontro. Rss.

Aristóteles dizia "nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura". Qual é a sua maior loucura?

Minha maior loucura, sem dúvida alguma, é ter a certeza que eu estou um pouco fora da normalidade, então quem está um pouco fora da normalidade tem um pouco de loucura dentro de si.

Um pouco do seu lado humano e vulnerável. Quais foram os momentos da sua trajetória em que o senhor se sentiu perdido?

Eu me senti perdido em um momento não, mas em vários momentos. Todas as vezes que a distonia focal, que me atinge desde os 16 anos de idade, e que foi somente considerada doença rara em 1988, e me atinge até hoje, então foram momentos que realmente eu me senti perdido quando um médico me dizia que possivelmente eu não poderia tocar mais. Mas graças a Deus eu sempre encontrava uma forma de enganar o meu cérebro.

Qual é o personagem da história do mundo da música, literatura, ou um estadista que o senhor gostaria de ter tido uma oportunidade de sentar e bater um papo? E por quê?

Johann Sebastian Bach. Por que? Mesmo na época do barroco ele foi o único computador com alma que apareceu na face da Terra. 

Tudo bem que no Carnegie Hall o senhor já é de casa, mas como foi se apresentar pela primeira vez, ainda muito jovem, numa das casas de espetáculos mais importantes de Nova York, e quiçá do mundo?

Realmente pisar no palco do Carnegie Hall é uma emoção. Ter tido essa emoção pela primeira vez aos 21 anos de idade é algo que ficou marcado na minha vida, e no próximo ano celebrarei os 60 anos da minha estreia no Carnegie Hall, no próprio Carnegie Hall. Dia 19 de novembro de 2022 às 19:00. 7PM!

Observa-lo quando o senhor se apresenta é pura emoção. Cita por gentileza uma música especial que toca lá no fundo dos seus sentimentos, e quando você toca acontece uma mágica no seu coração?

"Goldberg Variations" de Sebastian Bach. Uma das músicas mais difíceis escritas por Bach, mas que tem de tudo. Desde procura do perfeccionismo técnico até a emoção das partes melódicas. Então esta é a minha música preferida que eu tive a honra, em Nova Iorque, não no Carniegie Hall, mas de tocar no Lincoln Center. 

Para o senhor, que conquistou e viveu tantos sonhos, de tudo, qual é aquela que você considera a sua maior conquista?

A minha maior conquista eu considero é de jamais ter desistido, e eu espero que até o apagar das luzes eu continue mantendo essa conquista dentro do meu coração, da minha alma e do meu cerébro. 

Quais são suas melhores lembranças de infância?

As melhores lembranças da minha infância realmente foram os momentos dedicados à cultura e às artes que meu pai conseguiu implantar na cabeça e no coração dos seus 4 filhos, juntamente com a minha mãe.

De quais performances ou gravações você mais se orgulha?

Meu orgulho profundamente das gravações da obra completa de  Johann Sebastian Bach. De muitas performances eu tenho muito orgulho, mas sempre quando acaba um concerto mesmo que tenha sido o melhor concerto da minha vida, eu digo para mim mesmo que poderia ainda ter sido melhor. Porque quando você acredita que poderá alcançar algo melhor, você continua desafiando os seus próprios limites. 

O que você faz antes de subir no palco, nos bastidores, para se preparar mentalmente, que te dá inspiração e tanta energia na sua apresentação? 

O que eu faço? Durmo. Durmo horas porque dormindo eu entro em palco como se fosse 7 horas da manhã, ou seja como um leão que vai enfrentar um novo dia. 

Como o senhor faz suas escolhas de repertório de uma temporada para outra? Você tem um local de show favorito para se apresentar e por quê? 

O local que realmente eu já me apresentei tocando, e na regência, e que é símbolo da minha vida realmente, é o Carnegie Hall, em nova York. E quanto ao repertório, agora por exemplo vou realizar, eu gosto de ciclos, da mesma forma que eu fiz quando eu tinha 16 anos o ciclo do cravo de Bach, agora vou fazer as 41 sinfonias de Mozart. 

O que você acha que precisa ser feito para aumentar o público da música clássica? E na sua opinião, o que poderia ser feito a mais?

O que é necessário? É que todos os artistas, nenhum artista pode ficar dentro de uma torre de marfim. O artista tem que ir ao encontro de todos os segmentos da sociedade. Essa é a razão pela qual a Bachiana Filarmônica SESI SP já atingiu 17.000.000 de pessoas, ao vivo, em 14 anos. Esta é a razão pela qual a dedicação é tão grande que as nossas "lives" já atingiram 3.000.000 de visualizações e uma postagem no Instagram tocando Bach tivemos 33.000.000 de visualizações ao redor do mundo. 

Quais foram as influências mais importantes em sua vida e carreira musical? 

A maior influência realmente foi o meu primeiro professor de piano chamado José kliass. Foi uma grande influência. E a maior influência na minha vida realmente vem do barroco chama senhor Johann Sebastian Bach

Uma frase para lembrar o senhor na posteridade? 

Tem muito tempo para eu pensar nisso ainda. 

Quando você encerrou um dos seus shows no Carnegie Hall, em Nova York tocando o hino nacional, a plateia vibrou de emoção. Cita uma das suas apresentações que ficou marcado na sua memória? E por quê?

Talvez em 1978 quando após alguns anos depois do acidente no braço, depois da distonia focal, eu volto ao Carnigie Hall e vejo 2900 pessoas na plateia, e mais 300 pessoas no palco, ao lado do piano em um recital de 2 horas. Quando acabou e eu vi o reconhecimento do público, realmente as lágrimas me vieram aos olhos e eu chorei bastante. Não foram 5 minutos de choro, mas foram 5 minutos de aplausos. 

Então, quando é mesmo que poderemos aguarda-lo para sua próxima apresentação no Carnegie Hall?

19 de novembro de 2022 - 7 PM. Obrigado pelas perguntas tão inteligentes. 
Maestro, que honra entrevista-lo! Muito obrigada por prestigiar a nossa publicação.

Fotos: Gladstone Campos


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