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Publicado em 30/03/2022 as 10:30am

Coluna Arilda Costa

Entrevista com o escritor Kleiton Ramil Esta semana meu entrevistado é um artista de muito...

Entrevista com o escritor Kleiton Ramil

Esta semana meu entrevistado é um artista de muito prestígio no Brasil e no exterior. Kleiton já gravou mais de 20 discos, entre eles um cantado em espanhol e outro em francês. Ele desenvolve projetos como compositor, violonista, cantor e arranjador. É produtor artístico de muitos discos, seus e de outros artistas. Realizou shows nos Estados Unidos, França, Argentina, Cuba, Portugal e outros países. Já ultrapassou a marca dos 2000 espetáculos na cena brasileira e no exterior.

Recebeu o prêmio máximo da discografia no Brasil, o “Disco de Ouro”, por mais de 100.000 cópias vendidas no mercado fonográfico.

Suas composições são muito conhecidas e se tornaram grandes sucessos na interpretação do duo que forma com seu irmão, “Kleiton & Kledir” e na de outros célebres intérpretes como Mercedes Soza, Simone, MPB4, Fafá de Belém, Emílio Santiago, Vitor Ramil, entre outros. Sua composição “Vira Virou”, está incluída no disco comemorativo do 25 aniversário da Anistia Internacional, junto com grandes nomes como Sting e João Baez.

Na área da literatura, tem 13 livros publicados. Esse ano será lançado seu segundo romance, ALTOS DE LA SERENA, e recentemente foram publicados o infantil O “MOSQUITO ESQUISITO e outros bichos”, (Editora Chiado - Lisboa) e disponibilizados pela AMAZON PUBLISHING (Editora Bestiário – Porto Alegre) o livros “DIÁRIO DO ARTISTA NA QUARENTENA – reflexões e memórias” – ABRIL / MAIO.

Na área da educação, Kleiton é mestre em composição (eletroacústica), pós-graduação concluída em 2003 na Escola de Música da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e é professor de música (estruturação harmônica, violão, violino, piano, técnica vocal, teoria musical,) desde 1993, quando voltou da França onde deu continuidade a seus estudos de composição e regência, na Universidade Paris VIII, iniciados na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Realizou projeto piloto de implantação de uma escola de música dentro da Escola Isa Prates, Rio de Janeiro, aplicando método original e inovador, no ano de 1997. Recebeu o título de Embaixador Cultural do Rio Grande do Sul, outorgado pelo governo do estado, a medalha Presidente Coruja da Associação Rio Grandense do Rio de Janeiro e uma Menção Honrosa da Câmara dos vereadores dessa cidade por serviços prestados à cultura além de muitas outras homenagens.

Kleiton tem também cidadania espanhola, por parte de seu avô paterno, M. A. Ramil

- Qual é a sua sensação de criar uma obra literária?

É como criar um novo mundo. Em romances ficcionais o autor tem a impressão de possuir um poder incomensurável, e uma satisfação enorme de dividir com os leitores momentos de raro prazer. E por isso sou muito grato à UNDERLINE PUBLISHING, de New York, que está lançando o meu romance KYOTO em inglês, para o mundo inteiro.

- Sabemos que escrever demanda um tempo de criação. Explique por gentileza seu processo criativo.

Primeiro vem a inspiração para desenvolver um determinado conteúdo. A seguir, um período mental de definição de personagens, onde acontece a história, em que período se situa e o maior número de detalhes que possam interessar. Mas quando começo a escrever, que pode durar até um ano para desenvolver um romance, então a história vai ganhando contornos, muitas vezes surpreendentes, até mesmo para mim.

- O seu romance é uma ficção, uma história que aconteceu, ou tem um pouco de tudo?

A história é uma ficção, mas que é enriquecida por elementos biográficos, de coisas que aconteceram ou que observei em minha vida.

- Dentro da sua história você relata sobre um amor que não começa bem por preconceito em relação a quem vive de música. De onde vêm os seus personagens? São inspirados em pessoas reais ou em fatos?

Apesar de eu ser um músico bem-sucedido, percebi que há muitos preconceitos com essa carreira. Quando morei em Paris senti com clareza que lá a arte é respeitada, e ser músico é uma profissão admirada e valiosa. Porém isso não acontece em todos os lugares. Essa percepção serviu para contar a história de MURANO, um músico como eu, que apaixonado por NAOMI, se vê rejeitado de forma brutal por um pai preconceituoso.

- Quando você cria um protagonista para o seu enredo quais as características imprescindíveis?

Aprendi com Glória Perez, autora de novelas de sucesso, que uma boa história para ser contada deve sempre definir muito claramente, desde os primeiros passos, o perfil dos personagens. Sobretudo os protagonistas, no caso de KYOTO, o jovem casal apaixonado, são apresentados como dois seres humanos “reais”, com suas qualidades, habilidades, defeitos e sonhos.

- E como a trama se desenvolve?

Murano e Naomi se conhecem no Rio de Janeiro e ficam perdidamente apaixonados. Akio, pai de Naomi, homem rico, poderoso e de passado nebuloso, ao saber do romance leva Naomi de volta para o Japão e praticamente a isola do mundo nos arredores da cidade de Kyoto. Akio tem planos diferentes para a filha e pretende vê-la casada com alguém de destaque e não com um “músico qualquer”. Apesar de todas as dificuldades e tentativas de esquecerem um ao outro, a atração entre os dois revela-se mais forte que tudo e, sem planejarem, depois de um determinado período de tempo, resolvem enfrentar todos os percalços com esperança de um reencontro. Durante o esforço de Murano e Naomi de se encontrarem, quando parece que tudo vai correr bem, invertem-se as posições geográficas dos dois. Murano vai até o Japão atrás de Naomi e ela consegue finalmente escapar do cerco paterno e procurava se esconder dos capangas de seu pai, no Rio de Janeiro. O romance é pontuado por situações misteriosas, instigantes, reflexivas, dinâmicas, violentas, eróticas e, claro, românticas.

- Qual sua fase artística atual? Música, literatura, o que você mais ama fazer? 

Sigo carreira musical com meu irmão (Kleiton & Kledir) – www.kleitonekledir.com - com muitos projetos a serem realizados, muitos shows pelo Brasil com teatros lotados, com a OSPA (Orquestra sinfônica de Porto Alegre), com amigos e artistas importantes (MPB4, Nenhum de Nós, Expresso Rural) e realizando nosso show K&K - 40 anos de carreira, além do elogiado espetáculo CASA RAMIL, com as gerações mais novas da família, que reúne um grupo muito talentoso, inclusive um ganhador do Grammy Latino. A música faz parte de minha vida desde criança, é algo que sempre amei, mas a literatura, depois de 13 livros publicados, tem me proporcionado um prazer incomensurável. Creio que veio complementar algo muito especial em minha capacidade de me comunicar, de dividir emoções, amor e novas ideias, com meus leitores.

- Quais são seus autores preferidos?

Tenho uma vasta biblioteca onde convivem clássicos e modernos escritores. Herman Melville, Thomas Mann, Bukowski, Kafka e no Brasil Érico Veríssimo, Jorge Amado, Graciliano Ramos, João Simões Lopes Neto entre centenas de outros. Posso destacar também na atual literatura brasileira, Luis Fernando Veríssimo, Martha Medeiros, Letícia Vierschowski, Daniel Galera, Alcy Cheuiche, Lourenço Cazarré, Cláudia Tajes, Paulo Scott, Fabrício Carpinejar e Caio Fernando Abreu. Mais recentemente, o autor japonês HARUKI MURAKAMI, de quem já li toda a obra, (que usa pitadas de surrealismo em seus textos), foi quem me influenciou para tornar-me um romancista.

- Dos clássicos da literatura, qual livro mais impressionou e marcou?

É difícil dizer, mas veio à mente “A Metamorfose” de Kafka, não por acaso, um dos principais autores que influenciou Murakami.

- Alguma outra ideia amadurecendo para um próximo livro?

Tenho três obras que estão prontas para serem lançadas. Logo em seguida estará disponível meu novo romance ALTOS DE LA SERENA, lançamento da Editora Bestiário. Na sequência vem mais um romance, DUAS MARIAS – DEUX MARIE, que será lançado bilíngue – português e francês, e também tenho quase finalizado um ambicioso projeto musical infantil, O VÔO DO DRAGÃO, que apresenta um método em 6 línguas diferentes, para iniciação musical, que envolve quase 60 músicas gravadas, partituras, além é claro de histórias divertidas e belas gravuras para encantar as crianças.

- Como você percebeu sua vontade e entendeu que, além da música, você também queria ser escritor?

Desde o período de faculdade eu anoto meus sonhos e sou autodidata nesse assunto. Quando cheguei a milhares de sonhos anotados e comentados surgiu o desejo de escrever para dividir com os outros esse mundo onírico, maravilhoso e infindável. Assim nasceram meus livros “SONHOS E SONHADORES” e "Memórias de um SONHADOR – mitologia, astrologia, sonhos e outras histórias”, ambos disponíveis na Amazon.

- Você é um cantor que faz sucesso há muitos anos no mundo da música brasileira, agora você também está se dedicando à literatura o que mais você tem na sua lista de desejos que você ainda não fez?

Nasci em uma família de educadores. Por isso, vejo minha obra literária e musical, como parte de um grande plano educacional. É assim que gostaria que as pessoas se aproximassem do que faço. Também morei no exterior, gosto de viajar e acho que se aprende muito com isso. Espero ter oportunidade de realizar isso outras vezes.

- Qual a importância da capa do livro para você?

Acho que a capa é um cartão de apresentação do livro, de seu conteúdo e deve ser, dentro do possível a imagem visual do que o leitor vai encontrar contado em palavras, mesmo que sucintamente. Respeito muito os designers e artistas plásticos, áreas onde não tenho o menor talento. E agradeço a todos os artistas que me ajudaram a oferecer belas capas a meus livros.

- O seu tema favorito na arte, e na vida, o que te inspira?

A inspiração vem de onde menos se espera. No caso de meu romance KYOTO, o desejo de escrever essa história veio de uma reportagem que li em um jornal, que falava sobre os bambuzais de Kyoto. Que as pessoas escutam, quando passam por lá, mágicas melodias geradas pelo vento ao passar entre essas magníficas plantas. Quando li esse texto, senti um impacto tão forte, de tamanha beleza, que entendi que a partir dali eu deveria escrever este romance. Foi o ponto de partida, uma luz que acendeu minha alma e instigou minha criatividade.

- O que você escuta enquanto escreve, ou você prefere o silêncio?

Escrevo em silêncio. Dizem que é a música mais linda que existe. À medida que mergulho na história, ela é regada a perfumes, ações, emoções, sensações e sons, é claro.

- Como seus defeitos interferem no que você escreve?

Creio que o medo de não acertar, de tomar um caminho para a narrativa, seja meu maior problema. Mas sempre há a chance de retornar, de reescrever, se algo não sai como se idealiza. É preciso ser humilde ao escrever e corrigir o que for preciso.

- Qual é a parte mais fácil e a parte mais difícil de escrever um livro?

O mais difícil para mim é ter uma ideia geral da história que quero contar, Início, meio e fim. Depois que isso se define, entra a parte “mais fácil” que é simplesmente escrever e deixar que os personagens tenham vida própria, que suas experiências se desenvolvam nos mais variados matizes.

- O que seus textos trazem como inspiração para outras pessoas?

Isso é muito subjetivo, mas espero que meus textos motivem as pessoas a desenvolverem suas próprias histórias sempre buscando algo novo, original. E claro, que possam se conhecer melhor através do espelho de minhas reflexões.

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