Coluna Wendel Stein

COMO É PRODUZIR CULTURA NO BRASIL?

O cinema é uma arte que consegue reunir quase todas as outras em um só elemento. É uma verdadeira Arca de Noé. A sua produção envolve dezenas de técnicos e profissionais das mais diversas especialidades, seja do eletricista até do especialista em em segurança do trabalho.

No Brasil, é tão difícil sobreviver de cinema, como assim é a maioria dos elementos que dizem respeito a fazer cultura. Algumas leis têm reduzido estes problemas, projetos importantes, mas que ainda estão longe de atingir uma porcentagem justa de produtores e artistas.

Eu sempre me considerei um produtor multicultural, pois sempre percorri em áreas de criação e produção cultural das mais diversas, música, poesia, literatura, roteiro, cinema, jornalismo e fotografia.  Produzi muitas coisas, 10 % deles resultaram em algum lucro, alguns até que substanciais, mas grande parte deles, nasceram da vontade nata de um artista, em fazer sua alta e chegar nas mãos de seu público.

Por causa disso, tenho um trabalho normal, e a arte, preciso na maioria das vezes, encarar como Hobby, pois é a definição daquilo que fazemos por gosto e não dá resultado financeiro. Mas será que existe um futuro, pelo menos, no Brasil, da produção cultural?

Eu teimo em ter esperança, mas os problemas e injustiças existem em todos os cantos. Há na literatura, algumas gráficas que se passam por editoras, para captaram escritores de primeira viagem, e no final cobrarem para que eles tenham seus trabalhos publicados.

No cinema vejo as grandes produções nacionais, que tem mais facilidade e acessibilidade em chegar em grandes empresas, para conseguir delas, a adesão em Proacs e Rouanets, mas como isso? Bem, o que é mais fácil, um gerente de uma multinacional receber o Luciano Huck ou de receber o desconhecido João da Silva, para debater incentivos culturais?

Na cultura, este é um pequeno relato do que vejo e sinto hoje, você poder ter um networking de 5 mil amigos em uma rede social, deles 1000 próximos, mas na hora de um lançamento, seja de um livro ou um filme, menos de 1 % se manifestam-se e deles, menos do que a metade de 1% compram ou comparecem a exibições.

Os números não mentem.

Wendell Stein é jornalista, escritor e produtor audiovisual. E-mail: wendellstein@me.com

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