Publicado em 12/12/2022 as 2:00am
Coluna Arleandra: Todas as bolas têm uma história, qual é a sua?
A bola que era de barro e usadas para transações comerciais na Antiga Mesopotâmia há mais...
A bola que era de barro e usadas para transações comerciais na Antiga Mesopotâmia há mais de 5.500 anos a.C; de couro recheado de pelos e cortiça na Antiga China em 3.000 a.C, de borracha usada em cerimonias pelas sociedades Maia e Asteca há 3.400 a.C; de linho e pelos na Antiga Grécia por volta de 2000 a.C.
Variantes da bola surgiram ao longo da história, mas foi em 1836 que Charles Gooyear patenteou a bola de borracha vulcanizada.
O Futebol nasceu oficialmente em 1863, na Inglaterra. Após a Revolução industrial. Foram os ingleses quem criaram as bases para o futebol moderno de: salários remunerados, venda de ingressos, divulgação das marcas, ligas, associações e clubes.
Com o advento da industrialização, os operários e professores imigraram para diversas partes do globo, entre elas, Argentina e Uruguai. Foi assim que o escocês Alejandro Watson Hutton, professore universitário é tido como pai do futebol na Argentina, porque levou em sua mala algumas bolas e “infladores”.
No Brasil, Charles Miller, natural de São Paulo, filho de pai Escocês e mãe Inglesa, a partir dos 10 anos estudou na Inglaterra, foi jogador, arbitro e dirigente. Quando retornou ao Brasil, carregou em sua mala a paixão pelo futebol, as regras e a bola.
Esse esporte que divide o campo com uma bola, arbitro, jogadores e muitos, muitos telespectadores virou paixão em grande parte do mundo.
Mas a história registra os momentos de terror, opressão, rivalidades e potencialização da violência. Também já vimos o uso do futebol para criar ordeiros, garotos e garotas obedientes, quase que alienados.
O futebol era privilégio dos trabalhadores, brancos e homens. Mulheres não jogavam oficialmente até muito recentemente. O primeiro torneio oficial em que as mulheres competiram foi em 1996. Até hoje existe resistência de boa parte da população para aceitar esta modalidade.
Mas como dosar esse esporte na medida certa? Creio que a resposta esteja mais ligada ao objetivo.
A indústria multibilionária do futebol pode oferecer mais para os jovens em situação de vulnerabilidade. O esporte é uma das ferramentas mais poderosas para trazer a paz e o desenvolvimento. O esporte promove a mudança social porque é popular e o custo é baixo com relação aos benefícios.
O esporte previne a exclusão social porque diminui as taxas de criminalidade, abuso de drogas, infração juvenil e o insucesso educacional; é bom para a saúde porque previne doenças, melhora as taxas de endorfina, fortalece os músculos, baixar o colesterol ruim e tantos outros benefícios; promove a regeneração social e econômica, cria igualdade de oportunidades, coesão social e novos empregos.
Por isso a UNICEF (2007) recomenda o esporte para o desenvolvimento, porque tem o potencial para livrar a sociedade de uma variedade de males sociais e melhorar as comunidades em geral.
Os EUA, por exemplo, as instituições de ensino investem em esporte e atraem os melhores estudantes, fazendo com que a máquina industrial do esporte atraia empresários.
Comparado com o Brasil, quantas histórias já ouvimos de pessoas que enfrentaram a pobreza para participarem de uma olimpíada? Quantas vaquinhas foram necessárias? Por esta razão a paixão pelo esporte não pode ser algo excludente.
Precisamos de mais investidores e mais entusiastas, que tragam em suas malas muitas bolas e sonho.
Fotografia: Jorge Luiz Bezerra
Figura da Grécia século IV aC (400-375 aC): https://greekcitytimes.com/2021/11/13/football-invented-in-ancient-greece-called-episkyros/
Para saber mais sobre a história do bola acesse: https://soccerballworld.com/history-of-the-soccer-ball/
Para saber mais sobre história de jogos de futebol acesse: Como a bola de futebol é feita - material, fazendo, história, usado, indústria, máquina (madehow.com)
Uma antiga quadra de bola lança luz sobre um jogo que ficou famoso pelos astecas (sciencenews.org)
Por Arleandra Ricardo
Mestre e Doutora em História Social
PUC/SP.
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