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Publicado em 9/06/2024 as 8:00am

Coluna Arleandra: Queridos leitores, primeiramente gostaria de convidá-los para uma jornada de 4 leituras e um final!

É um convite para refletirmos sobre a percepção que temos dos outros e de nós mesmos sobre o espelho da alma na pós-modernidade.


O espelho da alma! Parte 1.

Parece profundo falar sobre o Espelho da Alma, mas vamos arriscar!

Este tema pode ser empreendido em diversas áreas do saber, nosso ponto de partida será o texto ESPELHOS DA ALMA: FISIOGNOMONIA, EMOÇÕES E SENSIBILIDADES, escrito pela professora Dra.Maria Izilda Santos de Matos, Professora Titular do Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Vamos começar pelo significado, o que é FISIOGNOMONIA?

 “É um conhecimento  antigo,  caracterizado  por  ambivalências  entre  o  racional  e  o  místico,  o médico-científico  e  o  mágico-religioso”.

Seria o equivalente a dizer que a “face-fala” em outros termos seria o mesmo que se perguntar, quem você realmente é?

Desde Aristóteles, a Idade Média e início da era Moderna, existiu uma incessante busca para desvendar quem somos, e o que rege a alma humana.

A  fisiognomonia  tornou-se  a  “arte  do  conhecimento  do  caráter”  das  pessoas pelos  traços  da  face,  pretendendo-se  por  ela  descobrir  “a  localização  exata  e  as características  da  alma”.

Entre os autores que contribuíram para os estudos da fisiognomonia estão:

  • Aristóteles (éticas e moral);
  • Giambattista Della Porta (humanidade aos reinos animal e vegetal);
  • Peter Paul Rubens (características faciais tinham relação com o universo, nos cosmos);
  • Sir Thomas Browne: (negou a influência cósmica, e atribuiu as expressões do rosto ao temperamento e as referências da alma);
  • Encontramos também o cientista Charles Darwin (as emoções são expressas através das características faciais e corporais, buscando compreender sua base biológica e evolutiva), este conceito, juntamente com “A Origem das Espécies", publicada em 1859, serviu de justificativa para promover a eugenia e assassinato sistemático de seis milhões de judeus, além de milhões de outras vítimas, incluindo ciganos, homossexuais, deficientes físicos, prisioneiros de guerra soviéticos e outros considerados "indesejáveis" pelo regime nazista na Alemanha na II Guerra Mundial.

Saltando esse fatídico episódio, entre os vários estudiosos, Le  Brun, pintor e teórico francês do século XVII, foi notável por desenvolver uma metodologia para analisar e interpretar os traços faciais como indicadores de traços de caráter e temperamento a partir das expressões faciais e emoções humanas. Ele influenciou os estudos de Johann  Kaspar  Lavater (1741-1801), mas vamos falar sobre isso numa próxima edição, espero que este texto tenha despertado sua curiosidade!

O espelho da alma! Parte 2.

Depois de entendermos o que a fisiognomonia é a arte de interpretar traços faciais para revelar a personalidade de alguém e que perpassou de Aristóteles até os tempos modernos, vamos discorrer sobre a contribuição de Charles Le Brun.

Brun desenvolveu uma metodologia para interpretar os traços faciais como indicadores de traços de caráter e temperamento, destacando a complexidade da relação entre a face e a alma humana. Sua teoria da fisiognomonia baseava-se na crença de que as características físicas externas de uma pessoa refletiam sua natureza interna e emocional. Brun escreveu "Fragmentos Fisionômicos para a Promoção do Conhecimento Humano e do Amor Humano", ele aprofundou a questão sobre o   “ homem  externo  e  interno,  a  superfície  visível  e  o  conteúdo invisível”. Trouxe reflexões sobre as  inclinações morais e o legado que carregamos de nossos antepassados.

Entre as suas contribuições está a teoria sobre os “apetites da  alma”, ele argumentava que a observação cuidadosa das características faciais poderia revelar insights sobre a natureza humana e os impulsos internos, então ele deixou dicas de como podemos “ler as emoções das pessoas”:

  1. Testa (Topo da Fronte):
  • A testa, especialmente a área superior pode expressar as "paixões mais ferozes e cruéis".
  • Nesta região está associada aos impulsos mais primitivos e agressivos: como raiva, violência ou instintos de sobrevivência.
  1. Região dos Olhos (Parte Média da Fronte):
  • Esta área é associada a "emotividade e sentimento".
  • Nesta região são manifestadas emoções mais complexas e sutis, como amor, tristeza, compaixão, empatia e outras formas de expressão emocional.
  1. Região da Boca e Queixo (Parte Inferior da Fronte):
  • Esta área está associada aos "instintos".
  • Nesta região estão localizados os impulsos mais básicos e primitivos, como fome, desejo sexual, reações automáticas e instintivas de sobrevivência.

Le Brun explorou a relação entre as expressões faciais e as emoções humanas, argumentando que certas expressões eram universais e inatas em todas as culturas. Ele classificou uma série de expressões básicas, como raiva, tristeza, alegria e medo, e desenvolveu uma linguagem visual para descrever e representar essas emoções em suas pinturas. Embora as teorias de Le Brun sobre fisiognomonia tenham sido influentes em seu tempo, muitas delas foram posteriormente contestadas e desacreditadas pela ciência moderna. No entanto, seu trabalho desempenhou um papel importante no desenvolvimento inicial da psicologia e da psiquiatria, contribuindo para a compreensão da relação entre a face e a alma humana.

O espelho da alma! Parte 3.

O conceito do "espelho da alma" ecoa ao longo da história da humanidade, refletindo a eterna busca pela compreensão da complexidade da natureza humana. Nesta terceira parte de nossa exploração sobre o tema, adentramos o universo da fisiognomonia através das contribuições fundamentais de Johann Kaspar Lavater. Influenciado por figuras como Charles Le Brun, Lavater vislumbrou na face humana um portal para os mais profundos recantos da personalidade e do caráter. Sua análise meticulosa não se limitou apenas à superfície visível, mas mergulhou nas profundezas da alma, encontrando conexões entre as características físicas externas e os impulsos internos. Ao desenvolver a teoria dos temperamentos, Lavater delineou quatro arquétipos psicológicos fundamentais, cada qual refletindo uma interação única entre a fisiognomonia e a essência humana. Neste texto, exploraremos as intricadas teias que entrelaçam a face e a alma, revelando como as inclinações morais e o legado ancestral moldam a identidade individual ao longo do tempo.

Com esta base de estudos, Johann  Kaspar  Lavater (1741-1801), influenciado por Le Brun acreditava que essas divisões do rosto refletiam aspectos específicos da personalidade e do caráter de uma pessoa. Ele entendia que existiam:

  1. Homem Externo e Interno: Lavater argumentava que a face não era apenas uma expressão superficial, mas sim um reflexo das qualidades internas de uma pessoa. Ele sugeria que a aparência física de alguém poderia fornecer pistas sobre seu caráter, temperamento e inclinações morais.
  2. Superfície Visível e Conteúdo Invisível:

Ao destacar a conexão entre a superfície visível e o conteúdo invisível da alma, Lavater enfatizava a ideia de que a face era como um espelho da alma. Ele acreditava que através da observação cuidadosa das características faciais, era possível discernir traços de personalidade, emoções e motivações internas de uma pessoa.

  1. Inclinações Morais e Legado dos Antepassados:

Lavater explorou a ideia de que carregamos em nossos DNAs as inclinações morais de nossos antepassados. Ele sugeriu que as características físicas e traços de caráter poderiam ser transmitidos através das gerações, constituindo uma "configuração original" que influencia a identidade individual de uma pessoa.

Essa reflexão sobre o legado ancestral levou Lavater a argumentar que a análise da fisionomia não se limitava apenas ao momento presente, mas também podia lançar luz sobre as influências históricas e culturais que moldaram uma pessoa ao longo do tempo.

Foi Johann Kaspar Lavater quem desenvolveu a teoria dos temperamentos, que muitas vezes ouvimos pessoas estudarem em grupos religiosos que buscam identificar as personalidades psicológicas predominantes. Ele identificou quatro temperamentos principais:

  1. Colérico: Caracterizado por uma natureza enérgica, assertiva e muitas vezes agressiva. Indivíduos coléricos tendem a ser dominantes, impulsivos e determinados. Eles podem ser facilmente irritados e têm uma natureza competitiva.
  2. Fleumático: Pessoas fleumáticas são calmas, relaxadas e equilibradas. Elas tendem a ser observadoras, pacíficas e não se abalam facilmente. São conhecidas por sua estabilidade emocional e capacidade de lidar com situações difíceis com calma.
  3. Otimista (ou Sanguíneo): Indivíduos otimistas são extrovertidos, sociais e cheios de energia. Eles são otimistas por natureza, entusiastas e gostam de estar cercados por outras pessoas. São criativos, expressivos e adaptáveis.
  4. Melancólico: Este temperamento é caracterizado por uma sensibilidade emocional intensa, introspecção e uma tendência para o pessimismo. As pessoas melancólicas são profundas, reflexivas e têm uma rica vida interior. Elas podem ser propensas à tristeza, ansiedade e preocupação excessiva.

Lavater acreditava que esses temperamentos eram influenciados pela fisiognomonia, ou seja, pelas características físicas das pessoas, especialmente as faciais. Ele argumentava que era possível identificar traços de temperamento observando as feições faciais de alguém, o que ajudaria na compreensão de sua personalidade e comportamento. Essa teoria dos temperamentos de Lavater teve uma influência significativa no estudo da psicologia e na compreensão das diferenças individuais.

O espelho da alma! Parte 4.

O conceito do "espelho da alma" é fascinante e abrange diversas áreas do conhecimento, como a fisiognomonia, que é a arte de interpretar os traços faciais para revelar a personalidade de uma pessoa. Desde os tempos antigos até os dias modernos, essa prática tem sido objeto de estudo e especulação.

A fisiognomonia é um campo antigo, marcado por uma intersecção entre o racional e o místico, o médico-científico e o mágico-religioso. Ela busca desvendar quem somos por meio dos traços do rosto, buscando entender a alma humana através da observação de suas características físicas.

No entanto, à medida que avançamos para a pós-modernidade, surgem desafios significativos para o conceito do "espelho da alma". O aumento do uso de procedimentos estéticos invasivos, como o botox e cirurgias plásticas, levanta questões sobre a autenticidade e a integridade da expressão emocional e da identidade pessoal.

Autores contemporâneos como Susan Sontag oferecem uma visão crítica e perspicaz sobre os perigos da obsessão pela juventude e pela beleza perfeita na sociedade atual. Sontag argumenta que essa busca incessante por uma aparência idealizada não apenas cria uma pressão social esmagadora, mas também promove uma cultura de padronização estética, na qual as características individuais são suprimidas em favor de um ideal pré-determinado de beleza.

Essa padronização da aparência pode levar à perda da individualidade, onde as pessoas se sentem compelidas a se conformar a normas superficiais em vez de expressar sua verdadeira identidade. A preocupação com a perfeição física pode obscurecer a importância de outros aspectos da identidade, como personalidade, talento e caráter, levando a uma superficialidade na forma como as pessoas se percebem e são percebidas pelos outros.

Além disso, a obsessão pela juventude e pela beleza perfeita pode ter impactos negativos na autoestima e na saúde mental das pessoas. A constante pressão para atender a esses padrões inatingíveis pode levar à ansiedade, depressão e distúrbios alimentares, contribuindo para uma sociedade onde a valorização da imagem corporal está em detrimento da saúde mental e do bem-estar emocional.

 

Final do espelho da Alma:

Queridos leitores, primeiramente gostaria de expressar minha gratidão por terem embarcado conosco nessa jornada de reflexão sobre o "espelho da alma". Ao longo de três partes, exploramos desde os primórdios da fisiognomonia até as complexidades da pós-modernidade, mergulhando nas profundezas da relação entre a face e a essência humana.

Em nossa busca por compreender o que os traços faciais revelam sobre a personalidade e o caráter, encontramos uma variedade de perspectivas, desde as antigas interpretações filosóficas de Aristóteles até as teorias elaboradas por figuras como Charles Le Brun e Johann Kaspar Lavater. Cada um desses pensadores ofereceu insights valiosos sobre a natureza da alma humana e como ela se manifesta através da expressão facial.

No entanto, à medida que adentramos o contexto contemporâneo, somos confrontados com novos desafios e questionamentos. A ascensão da cultura da imagem e a obsessão pela perfeição estética levantam preocupações sobre a autenticidade e a integridade da expressão emocional. Autores como Susan Sontag nos lembram dos perigos de uma sociedade obcecada pela juventude e pela beleza idealizada, alertando para os impactos negativos na autoestima e na saúde mental das pessoas.

Diante desse cenário, é crucial questionarmos: qual imagem nosso espelho da alma reflete? Em um mundo onde a pressão para atender a padrões irreais de beleza muitas vezes obscurece a verdadeira essência do ser humano, é fundamental buscar uma compreensão mais profunda e compassiva de nós mesmos e dos outros. Convido cada um de vocês a continuarem refletindo sobre esse tema e a compartilharem suas próprias perspectivas e experiências.

Encerro este assunto aqui, mas nossas jornadas de reflexão estão longe de acabar. Convido-os a deixarem seus comentários e sugestões para futuros temas, pois juntos podemos continuar explorando os mistérios e maravilhas do mundo que nos rodeia. O espelho da alma aguarda nossas próximas investigações. Até breve!

 



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Fonte: coluna arleandra

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