Um relacionamento, seja afetivo ou de amizade, pode ser comparado ao uso de um cartão de crédito ou débito. Isso porque, assim como nossas compras no cartão, as relações também geram consequências: algumas imediatas, outras parceladas.
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Coluna Debora Corsi: RELACIONAMENTO: PASSA NO CRÉDITO OU NO DÉBITO?

As compras feitas no crédito geram uma fatura. Muitos conseguem pagá-la na data do vencimento, outros com atraso, e alguns pagam apenas o valor mínimo, acumulando juros absurdos para o mês seguinte. Quando não se consegue honrar os compromissos, a dívida aumenta e, inevitavelmente, o nome é negativado, trazendo transtornos e perda de credibilidade no mercado financeiro.
Por outro lado, as compras feitas no débito são quitadas no ato. Não geram dívidas para o fim do mês, tampouco faturas-surpresa.
É claro que é possível controlar os gastos com o cartão de crédito, mas isso não elimina a fatura. Comprou? Tem que pagar.
E o que tudo isso tem a ver com relacionamentos? Talvez nada diretamente. Mas, usando essa metáfora, podemos refletir sobre o quanto as relações são abaladas por falta de sabedoria logo no início.
Passar no crédito, no campo dos afetos, é assumir compromissos que muitas vezes não se pode (ou não se pretende) cumprir. Exemplos:
1. Jurar fidelidade até que a morte os separe. Quantas pessoas vivem hoje frustradas pela traição de quem prometeu fidelidade diante de testemunhas.
A fatura: incapacidade de confiar novamente.
2. Acumular sentimentos destrutivos. O medo de dizer o que incomoda vai enchendo a alma de insatisfação, angústia e amargura.
A fatura: doenças psicossomáticas.
3. Romper laços de amizade. Chamar alguém de amigo sem, de fato, ser, pode trazer consequências para quem acreditou. Descobrir, depois de anos de convivência, que se caminhou ao lado de um “Judas” gera mágoas profundas.
A fatura: dificuldade de perdoar.
Crédito é tudo aquilo que permitimos acumular para resolver depois. Mas é importante lembrar: o tempo não é remédio. Ele apenas potencializa o que deixamos de fazer. Demorar para pedir perdão pode ser arriscado, pois, quando finalmente se decide, o coração do outro já pode estar petrificado.
Como pagar essa fatura?
– À vista: resolvendo rápido.
–Parcelado: deixando para depois, acreditando que tudo vai se resolver.
– Não pagando: se torna inadimplência emocional — falta de cuidado, amor e respeito.
Passar no débito, por sua vez, é viver com leveza. É quitar tudo no mesmo instante. Não guardar para o amanhã aquilo que pode ser resolvido hoje. Exemplos:
1. Entender que o tempo de amar é hoje. Não reter abraços, elogios, carinho. É necessário demonstrar afeto agora. Fazer o outro saber que é amado, querido, valorizado.
2. Aprender a dizer “não”. Parar de fazer o que não gosta apenas para agradar quem, no fim, talvez nem agradeça. É libertador dizer: “Não quero”, “Não gosto”, “Não irei”, “Não sei”. Isso resolve muitas questões no tempo certo.
3. Não acumular rancor. O crédito guarda para depois. O débito resolve no ato. Não adiar discussões importantes no casamento, para evitar desgastes maiores.
Debitar da alma tudo o que faz mal é viver com o coração leve. Sem culpas. Sem dívidas. Sem faturas emocionais.
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