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Publicado em 27/07/2008 as 12:00am

Livre das garras dos 'coiotes'

Brasileiro consegue entrar nos Estados Unidos depois de quase 4 meses refém de criminosos na América Central

Chegou ao fim na noite de quarta-feira o drama do mineiro Norival Gonçalves dos Santos, 34 anos, que ficou cerca de 4 meses em poder de 'coiotes' - criminosos que, mediante pagamento, levam imigrantes ilegais para os EUA, através da América Central. Ele finalmente foi deixado nos EUA pelos agenciadores, e contou ter sido mantido a maior parte do tempo num galpão perto da fronteira do México com o estado americano do Texas, com cerca de 100 imigrantes.

Norival foi abandonado pelos 'coiotes' num local deserto no estado de Connecticut, e, em seguida, resgatado pelo irmão, que já vivia nos EUA como imigrante. "Ele estava só barba, cabelo e osso, mas está bem", conta o jardineiro Genival Gonçalves dos Santos, que pagou mais de 20 mil dólares pela libertação do refém, valor bem maior do que o combinado inicialmente para a travessia: 10 mil dólares.

Como O DIA noticiou em 13 de junho, o calvário do brasileiro começou dia 24 de março, quando ele saiu de Governador Valadares rumo à Guatemala. Segundo Norival, que trabalhava como pedreiro e ganhava cerca de R$ 15 por dia em Minas Gerais, a situação piorou quando o grupo de imigrantes do qual fazia parte chegou ao galpão, no México, onde ficou por mais de três meses e meio.

"Ficávamos lá dentro e não víamos a luz do dia nem a chuva. Eles nos ameaçavam e nos obrigavam a telefonar para a família dizendo que estávamos apanhando e iriam nos matar se não mandassem mais dinheiro", contou o imigrante, por telefone. Além dos maus-tratos dos 'coiotes', que chegavam a bater em alguns dos imigrantes, Norival enfrentou caminhadas de até 14 horas, fome e sede.

 

CERCO DA IMIGRAÇÃO

"Depois do galpão fomos levados a uma casa e ficamos três dias sozinhos, sem receber comida, com medo de termos sido entregues às autoridades. Por fim, um grupo de 'coiotes' veio nos buscar para a travessia para os EUA", lembra.

Num dos momentos mais tensos, o grupo de imigrantes chegou a ser avistado por helicópteros do Departamento de Imigração americano e teve que abortar uma tentativa de cruzar a fronteira entre México e EUA, após 10 horas de caminhada. Depois disso, Norival quase desistiu do objetivo de tentar ganhar a vida nos EUA.

"As caminhadas da travessia eram tão grandes e eu estava tão fraco, e com as pernas tão doloridas, que cheguei a rezar pedindo para aparecer alguma patrulha da imigração americana. Eu estava disposto a me entregar", conta o mineiro.

 

TRINTA SE ARRISCAM POR MÊS

Durante os meses de cativeiro, Genival chegou a ouvir dos agenciadores que seu irmão teria a cabeça cortada. "Tinha dificuldade para falar com os 'coiotes' e, às vezes, temia que eles realmente fossem matar o Norival. Tudo o que ele quer é juntar dinheiro para comprar uma casa para a mulher e os dois filhos, o que não conseguia trabalhando como pedreiro em Governador Valadares", diz.

Apesar de histórias como a de Norival, cerca de 30 brasileiros ainda se aventuram todo mês pela perigosa rota, segundo representantes da comunidade brasileira nos EUA. 

Fonte: (Brazilian Times)

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