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Publicado em 16/08/2008 as 12:00am

Programa de auto-deportação é um fracasso

Somente três imigrantes teriam se apresentado voluntariamente ao ICE. Agência federal confirmou que operações continuam

De nada adiantaram as ameaças e as aparições públicas da cúpula do Immigration and Customs Enforcement (ICE) em canais de televisão de língua espanhola: o programa lançado pelo governo americano que incentiva imigrantes em situação irregular a deixarem o país voluntariamente, sem a passagem por centros de detenção, está se revelando um retumbante fracasso. Segundo o jornal The Washington Post, a chamada Operação Partida Marcada (‘Operation Scheduled Departure’, em inglês) só conseguiu atrair três indocumentados. As autoridades, que esperavam a adesão de pelo menos 450 mil pessoas, já pensam em aposentar a idéia, que inclusive vem merecendo críticas de todos os lados e já virou motivo de chacota entre os ativistas dos direitos humanos.
O programa começou a ser oferecido no dia 5 de agosto, por duas semanas apenas, em cidades como Santa Ana e San Diego (Califórnia), Phoenix (Arizona), Chicago (Illinois) e Charlotte (Carolina do Norte). O governo pensava em usar esse projeto-piloto em outras partes do país, mas agora está em dúvida até se mantém o cronograma inicial devido à ineficácia de seu propósito. “O programa não oferece garantias ou benefícios aos imigrantes, só quer que eles se mandem daqui. Por isso não estou surpreso com o fracasso”, afirmou Charles Kuck, presidente da Asociação Americana de Advogados de Imigração (AILA).
Estimativas apontam que pelo menos 40 mil indocumentados engrossam a lista de fugitivos a cada ano nos Estados Unidos, porque se recusam a comparecer à Corte ou deixar o país, onde vivem ilegalmente. Portanto, de acordo com estes cálculos, o próprio governo admite a presença de 572 mil imigrantes nessa situação, número que dobrou de 2001 a 2006. O programa ‘Partida Marcada’ tentava atingir este grupo de pessoas em primeiro lugar e, para isso, a diretora do ICE, Julie Myers, não mediu palavras em uma entrevista ao canal de televisão Univision: “É a chance de se evitar os crescentes riscos de uma detenção em batidas policiais em casa ou no trabalho”, ameaçou, de forma velada. Nem precisava, pois é fato que as operações da polícia de imigração norte-americana aumentaram consideravelmente, de 1.900 para 30 mil por ano, num período de cinco anos. E a agência federal confirmou que as operações vão continuar, especialmente em locais de trabalho.
São poucos, mas há os que defendem a atitude do ICE. Para Joshua Hoyt, diretor-executivo da Coalização pelos Direitos dos Imigrantes e Refugiados de Illinois, o programa não tem necessariamente a intenção de reduzir a população indocumentada na América, que hoje ultrapassa a casa dos 12 milhões de pessoas. “Não foi criada para funcionar, mas serve para dar um aspecto mais humano ao ICE. Trata-se de uma estratégia de marketing", especula Hoyt.
Na comunidade brasileira, a notícia do programa também foi motivo de brincadeira. “É ruim, hein. Depois de treze anos na América, o dia que eu quiser ir embora eu vou direto para o aeroporto e não para a polícia de imigração”, disse Dirceu, mineiro de Governador Valadares que mora em Margate.

Fonte: (acheiUSA)

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