Publicado em 28/08/2008 as 12:00am
No Mississippi, mais 590 indocumentados são presos
Operação em Laurel foi a maior já realizada nos EUA
Na maior operação já
realizada em um local de trabalho nos Estados Unidos, a polícia de imigração
americana prendeu 590 empregados indocumentados de uma fábrica de equipamentos
elétricos na cidade de Laurel, no Mississippi. A ação
do ICE (Immigration and Customs Enforcement) aconteceu na segunda-feira e entre
os detidos estão brasileiros. As
primeiras informações divulgadas pelas autoridades federais davam conta de que
350 imigrantes haviam sido presos, mas o número foi atualizado depois que a
investigação chegou a outros trabalhadores.
Os moradores da
pequena cidade de Laurel, que fica no sudeste do estado e tem uma grande
população latina, ficaram em pânico. Não é para menos, pois os indocumentados
presos representam quase 7% dos habitantes da região. Muitas famílias dependem
do trabalho na fábrica para sobreviver, mas os agentes do ICE afirmaram que
somente 106 do grupo tiveram direito à liberdade provisória por razões
humanitárias.
Além dos brasileiros,
foram identificados na operação imigrantes de países como México, El Salvador,
Guatemala, Panamá, Honduras, Peru e até Alemanha. Além de trabalharem sem a
permissão legal, muitos deles tinham documentos falsificados e, por isso, foram
encaminhados para um centro de detenção em Jena, no estado de Louisiana. Lá
eles vão aguardar o andamento do caso e, provavelmente, serão deportados do
país. O ICE descobriu também a presença de sete adolescentes no grupo (todos
com 17 anos de idade), que foram levados para um centro de apoio a refugiados
do governo federal. Mesmo assim, diretores da empresa disseram que cumpriam
todas as normas trabalhistas.
A operação na
companhia Howard Industries Inc. durou o dia inteiro, já que os indocumentados
tiveram que ser interrogados imediatamente e passaram, inclusive, pelo processo
de tomada das digitais. Segundo Bárbara González, porta-voz do ICE, dezenas de
agentes de imigração cercaram as saídas da fábrica e fizeram uma varredura em
todos os setores do local. As atividades da empresa foram interrompidas. “Esta
foi uma operação policial com um objetivo específico e foi o desfecho de uma
investigação da agência, que indicava a contratação de imigrantes em situação
ilegal pela fábrica”, disse González, admitindo que a denúncia inicial partiu
de um trabalhador sindicalizado.
Para Michael Holt, agente encarregado das investigações do ICE em Nova Orleans,
a ação fez parte de um implacável esforço nacional para eliminar a presença de
trabalhadores indocumentados nos Estados Unidos. “Cada função desempenhada por
um imigrante ilegal representa um emprego que se tira de um cidadão americano
ou residente legal neste país”, declarou Holt. Ele acrescentou que todos os
detidos em Laurel receberam atendimento médico para determinar se tinham algum
problema de saúde.
A operação no
Mississippi foi maior realizada pelo ICE em um local de trabalho. Antes dessa,
um contingente de 500 agentes federais prenderam 389 trabalhadores
indocumentados em um frigorífico de Iowa, no mês de maio. No ano passado,
outros 380 imigrantes foram apanhados em uma fábrica de coletes em
Massachussetts. A ação em Lauel ocorreu exatamente três dias após o término do
fracassado programa piloto de auto-deportação, que recrutou apenas oito
indocumentados em quase 20 dias. A expectativa da agência era de que pelo menos
550 mil pessoas se apresentariam às autoridades.
As críticas pela
operação vieram da boca dos ativistas. “É imoral. Há casos de pais e mães
detidos e várias outras famílias sem sustento”, reclamou Bill Chandler, da
Aliança pelos Direitos dos Imigrantes do Mississippi
Fonte: (Da redação)