Publicado em 14/09/2008 as 12:00am
Muro da Fronteira não fica pronto em 2008
Auditorias realizadas a pedido do congresso americano, apresentaram, na última semana, sérias dúvidas a respeito do governo federal terminar de fato o prometido "muro" da fronteira ainda este ano. Também, ao que parece, está confirmado que a "cerca virtua
Auditorias
realizadas a pedido do congresso americano, apresentaram, na última semana,
sérias dúvidas a respeito do governo federal terminar de fato o prometido “muro”
da fronteira ainda este ano. Também, ao que parece, está confirmado que a
“cerca virtual” terá que esperar.
O
plano para se construir 670 milhas de muro na fronteira até 31 de dezembro de
2008 está atrasado devido a desapropriações, aumento de custo em materiais de
construção e a possibilidade do orçamento federal estar num “beco sem saída”.
O
Departamento de “Homeland Security” também interrompeu indefinidamente o
trabalho com os sensores. Ao contrário, redirecionou o dinheiro da “cerca
virtual” para a construção prioritária do muro físico, para a compra de
veículos especiais e barreiras móveis para a guarda da fronteira.
Os
auditores do Departamento de Contabilidade do governo americano, concluiram que
a tecnologia correta a ser implantada pode impedir os esforços da polícia da
fronteira na garantia da segurança. Os
problemas levantados sugerem que o andamento da construção e da rede de
sensores e câmeras estarão nas mãos do próximo presidente e do Congresso.
A
rede de vigilância tem sido atormentada por defeitos técnicos e atrasos. Os oficiais da Imigração
solicitaram um desvio de $400 milhões de dólares do orçamento da “cerca
virtual” para o muro físico. Existem, ainda, planos para triplicar a área de
vigilância coberta pela cerca virtual no Arizona, mas o governo interrompeu o
projeto a fim de realizar testes mais minuciosos.
O
custo inicial do projeto era de $20 milhões de dólares. O custo final para a
instalação do sistema na fronteira é desconhecido, mas sabe-se que, pelo menos
a Boeing Corp., uma das fornecedoras de tecnologia, recebeu $253 milhões de
dólares (a mais do que o previsto anteriormente) para desenvolver e coordenar
projetos relacionados à segurança na fronteira.
A
única opção que resta no momento, nesse plano, é a de contratar mais policiais
e agentes de fronteira, pois após dois anos e mais de 2 bilhões e 700 milhões
de dólares investidos, somente metade do muro está pronto e um protótipo
parcial da cerca virtual em 28 milhas de fronteira.
O
verdadeiro “muro”
Nos
últimos seis meses, o governo construiu 38 milhas do muro e barreiras móveis ao
longo da fronteira. Ainda será necessário cobrir mais 329 milhas, com pouco
mais de 3 meses antes do final do ano. Mesmo assim, agora no final de agosto, o
governo ainda estava lutando para adquirir mais 300 propriedades, antes que a
construção pudesse recomeçar. A maioria dos atrasos acontece no Texas, onde um
muro ao longo do Rio Grande está sendo considerado extremamente anti-popular. Os
proprietários foram à corte a fim de manter o governo afastado de suas terras.
No Arizona, foi a vez do governo ir à corte para confiscar sete propriedades no
condado de Santa Cruz.
Diretores
do projeto afirmaram aos auditores do congresso que todas as construções
deveriam começar pelo menos até o final de setembro para estarem dentro das
normas do objetivo de construir 670 milhas até o final do ano. Mas, na semana
passada, o comissário de Alfândega e Proteção de Fronteira, W. Ralph Basham,
reverteu sua posição quando disse ao Comitê do Homeland Security: “Nós teremos
sob contrato ou em construção 670 milhas até o final de dezembro, tendo em
vista que todos os problemas legais, imobiliários e orçamentários tenham sido
resolvidos”.
O
custo do muro também está alterando os planos. Quando a construção começou, no
início de 2007, o custo médio era de $1 milhão de dólares por milha. Em meados
de 2008, já custava $7.5 milhões por milha.
Eventualmente,
o governo poderia enfrentar problemas ainda maiores com o muro. Os auditores do
congresso descobriram que não houve estimativas para as contingências do
orçamento. No último mês de Julho, por exemplo uma tempestade deixou mais de
duas polegadas de alagamento em Lukeville. Com tanta vegetação empurrada para o
muro, a água subiu quase na altura de 7 pés e inundou a passagem da fronteira
naquela cidade.
Descobriu-se,
também, que essas tempestades ocorrem
ocasionalmente e poderão minar as fundações do muro e das barreiras móveis.
Cerca
virtual
O
custo da construção desta cerca forçou o governo a suspender os trabalhos, com
questões ainda relevantes sobre como a enorme variedade de câmeras, sensores e
sistemas de comunicação vão de fato funcionar. Mike Friel, porta-voz do
Departamento de Proteção da Fronteira, afirmou que “ dinheiro que está disponível
para a tecnologia, não necessariamente poderá ser usado para a infraestrutura
tática”. Ele também adicionou que a “ tecnologia no Arizona ainda terá que
esperar até o próximo ano, dependendo dos testes”.
No
todo, o projeto está sendo tão mal administrado, que nem contingências de custo
foram planejadas em tempo hábil, tendo sido descobertas no calor dos
acontecimentos. Até agora, o governo não
admitiu, mas este muro físico (como também o virtual) está sendo uma grande
falha administrativa. Mais uma que o presidente Bush terá que engolir e
repassar, com dores sintomáticas para o bolso do contribuinte, para o próximo
manda-chuva na Casa Branca.
Fonte: (The Arizona Republic)