Publicado em 16/11/2008 as 12:00am
Imigantes ilegais desafiam a deportação : 34 mil prisões no último ano
Zeituni Onyango veio para os Estados Unidos buscando encontrar asilo de seu país nativo, o Kenya. O pedido não foi aceito e ela recebeu ordem de sair em 2004. Quatro anos depois, ainda se encontra por aqui. E o seu sobrinho está prestes a se tornar presi
Por Phydias Barbosa
Zeituni Onyango veio para os Estados Unidos buscando encontrar asilo de
seu país nativo, o Kenya. O pedido não foi aceito e ela recebeu ordem de sair
em 2004. Quatro anos depois, ainda se
encontra por aqui. E o seu sobrinho está prestes a se tornar presidente dos
EUA.
A conexão da família de Zeituni com Barack Obama tem lançado um refletor
de luz num fenômeno que faz os americanos se alarmarem: mais de meio milhão de imigrantes
estão vivendo nos Estados Unidos, ainda desafiando ordens de deportação.
O ICE tem se esforçado em achar e prender “imigrantes fugitivos”, como
são chamados, e possui 100 equipes de busca e apreensão espalhadas pelo país.
Durante o último ano, essas equipes conseguiram fazer 34 mil prisões. Mas ainda
existem 560 mil destes imigrantes em todo o país.
Os imigrantes fugitivos incluem pessoas que, como a tia de Obama,
procuraram asilo no país, mas foram rejeitadas e receberam ordens para deixar o
país. Outras foram presas entrando ou saindo do país ilegalmente, mas falharam
em apresentar-se às audiências de deportação.
Em geral, imigrantes ilegais que recebem avisos de deportação, têm um
prazo para deixar o país por conta própria. Não são forçados a entrarem logo
num avião, porque esse tipo de deportação funciona no sistema de honra e
confiança. Normalmente, se não se metem em encrenca – se não são parados pela
polícia ou apanhados numa batida no local de trabalho, por exemplo – o perigo
de serem colocados para fora do país é mínimo.
Muitos advogados de imigração acham esse comportamento um tremendo afrontamento,
que encoraja os imigrantes a enganarem as leis e ficarem nos país.
“Temos que aplicar as nossas leis e essa é uma área prioritária. Queremos
fazer a mensagem chegar a todos, de que se eles tiverem cometido algum tipo de
crime ou se tenham ordem de deportação, serão apreendidos, mesmo que tentem continuar
se escondendo e tentarem ficar no país”, disse Jack Martin à AP. Ele é da
Federação Americana para a Reforma da Imigração.
A lei do “pegar e largar”
Os oficiais do governo afirmam que fazem o melhor com o orçamento e com
o poder disponível em suas mãos, focalizando-se nos casos mais sérios,
incluindo aqueles que envolvem imigrantes ilegais que tenham cometido crimes no
país. “O ICE tem tomado providências para fechar muitos desses casos e continua
apreendendo fugitivos”, disse o porta-voz Richard Rocha. “ Entretanto, estamos
priorizando nossos esforços em violadores renitentes e imigrantes que sejam
criminosos”.
Acredita-se que existam 11 milhões de imigrantes ilegais nos Estados
Unidos. No ano passado, o governo prendeu e deportou um número recorde,
aproximadamente 350 mil pessoas, de acordo com o ICE.
Os maiores críticos da agência, entretanto, reclamam do antigo
procedimento de “Pegar e Soltar” ao longo da fronteira com o México, no qual
cidadãos não mexicanos tentando atravessar (a fronteira) eram soltos no país,
com uma data para aparecerem numa audiência de imigração. Esse procedimento foi
cancelado ao final de 2006. Agora, os imigrantes ficam presos até suas
audiências e julgamentos.
O futuro de Zeituni e todos os imigrantes
ilegais
Não se sabe exatamente a data em que a meia-irmã do pai de Obama veio
para os Estados Unidos pela primeira vez. Mas, em 2003, ela mudou-se para um
“project”, que são apartamentos do Public House de Boston. Alguns dias antes
das eleições, quando foi anunciado que ela vivia no país ilegalmente, Zeituni
Onyango saiu de Boston e foi para Cleveland, no Ohio, onde contratou um
advogado de imigração para lutar pela sua ordem de deportação.
Será que, a partir do exemplo de “tia Zeituni”, Obama atenderá ao pedido
de todos os imigrantes ilegais, ou seja, será ele capaz de providenciar uma
legislação que permita a todos obterem seus documentos e poderem sair das
sombras? Uma pergunta cuja resposta se saberá ao longo do ano de 2009. Até lá,
minha gente, paciência. Não comprem imediatamente a passagem para o Brasil,
porque aqui ainda poderá melhorar.
Fonte: (ANBT - Agência de Notícias Brazilian Times)