Publicado em 13/01/2009 as 12:00am
Japão promete ajuda a imigrantes brasileiros afetados pela crise
O governo japonês prometeu lançar, a partir de fevereiro, um plano para ajudar os brasileiros que vivem no país e que estão passando por dificuldades por causa da crise econômica mundial
O governo japonês prometeu lançar, a partir de fevereiro, um plano para
ajudar os brasileiros que vivem no país e que estão passando por dificuldades
por causa da crise econômica mundial. O governo anunciou a criação de um
comitê, liderado pela ministra de População e Igualdade entre os Sexos, Yuko
Obuchi, que deverá buscar saídas para amparar os dekasseguis. As principais preocupações demonstradas pelo governo
são em relação ao trabalho, educação e bem-estar dos imigrantes brasileiros. Mas
ainda não foi apresentada nenhuma medida concreta, com exceção da área de
educação. Em uma entrevista coletiva, o secretário-chefe e porta-voz do
governo, Takeo Kawamura, afirmou que a situação já está difícil para os
japoneses, por isso supõe que esteja pior entre os estrangeiros.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, existem no Japão cerca de 170
mil brasileiros com contratos de trabalho temporário ou terceirizado. São esses
trabalhadores as principais vítimas dos cortes nas empresas afetadas pela crise
financeira mundial. Os dekasseguis brasileiros formam a terceira comunidade
estrangeira mais numerosa no Japão, atrás dos chineses e coreanos.
Situação complicada
Renato Kazuo Onohara, 43, de Hamamatsu (província de Shizuoka), é um
exemplo. Ele está sem trabalho desde o começo de novembro. Sua mulher, Maria
Emília, também perdeu o emprego e há quatro meses tenta alguma vaga. Com um
filho de sete anos, eles viram as coisas piorarem quando foram obrigados a
deixar o alojamento da empresa para qual trabalhavam. “A gente vem ao Japão com
sonhos e metas e, de repente, tudo acontece ao contrário do que imaginávamos”,
lamenta a brasileira. A família vive agora da ajuda de outras pessoas e dorme
num abrigo montado por uma igreja. “Vou todo dia à agência pública de emprego,
mas está difícil, pois tenho de concorrer com os japoneses. Nem bicos consigo
arrumar”, conta Renato. Ele está há 15 anos no país e diz que nunca viu uma
situação tão caótica como a que os brasileiros enfrentam agora. A família
Onohara foi ao Japão com o objetivo de juntar dinheiro para montar um negócio
próprio. O sonho agora é mais simples: eles querem apenas dinheiro suficiente
para as passagens de volta para o Brasil. “Por pior que esteja lá, as coisas
serão bem mais fáceis do que esta vida que estamos levando no Japão”, torce
Renato.
Apoio do governo
A idéia da criação do comitê de apoio aos dekasseguis foi sugerida pelo
primeiro-ministro Taro Aso no final de dezembro. Mas somente agora foi
anunciada uma medida concreta. Aso disse estar preocupado com o crescente
número de brasileiros que vêm sendo demitidos das fábricas, principalmente dos
setores automobilístico e de eletrônicos. Ele lembrou também que muitas
famílias têm crianças em idade escolar. Por isto, nesta semana, o Ministério da
Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão anunciou também um
pacote de medidas emergenciais que beneficiam os filhos de imigrantes. Entre as
ações estão a abertura de espaços educacionais em instalações públicas e o
envio de professores assistentes para as escolas japonesas que aceitam
estudantes brasileiros e peruanos – as principais nacionalidades entre os
dekasseguis. O Ministério estuda ainda uma forma de ajudar as escolas
brasileiras no Japão. Atualmente existem cerca de 90 instituições, que vivem
basicamente da mensalidade paga pelos pais. Sem emprego, uma grande parte das
famílias virou inadimplente, comprometendo toda a cadeia. “Embora o
fornecimento direto de subsídios para essas escolas seja complicado para o
governo, o ministério quer ajudá-las de alguma forma para garantir a
oportunidade de estudo para estas crianças afetadas pela crise”, divulgou o
órgão por meio de um comunicado.
Fonte: (Phydias Barbosa - Tradução)