Publicado em 27/04/2009 as 12:00am
Indocumentados custam aos hospitais da Flórida 100 milhões de dólares
Com um milhão de imigrantes sem plano de saúde, estado busca alternativas para reduzir o desfalque
Os legisladores estaduais
ficaram estarrecidos esta semana com o relatório apresentado na capital,
Tallahasse, pela Associação dos Hospitais da Flórida: com cerca de um milhão de
imigrantes, o estado gasta mais de 100 milhões de dólares ao ano com o
atendimento médico a estas pessoas que não possuem plano de saúde. Isto se
deve, em parte, ao alto custo do serviço, mas também porque os indocumentados
não costumam pagar a conta por falta de dinheiro, segundo representantes da
entidade.
Bruce Rueben, presidente da “Florida
Hospital Association”, afirmou, no entanto, que o rombo milionário tem que ser
coberto de alguma forma. “Os gastos são repassados para quem pode pagar e essa
é uma das razões dos altos preços dos planos de saúde”, afirmou Rueben,
acrescentando que os imigrantes costumam usar o setor de emergência como
atendimento primário.
Os representantes da FHA (na
sigla em inglês) contaram que um caso emblemático é o de um guatemalteco, cuja
conta num hospital de Stuart (sul da Flórida) ficou em 1,5 milhão de dólares
entre 2001 e 2003. Até hoje, mais de cinco anos depois, o estabelecimento se vê
às voltas com um processo movido pela família do paciente, porque os médicos
aconselharam ao paciente o retorno ao país de origem. Do mesmo modo, outro
indocumentado mexicano está há 760 dias no hospital, com um sério problema no
cérebro e sua conta já passou dos sete dígitos. Os profissionais dizem que
tentaram contato com o consulado do México, mas não conseguiram ajuda para
levar o paciente de volta ao país.
Carol Plato, também da Florida
Hospital Association, contou que muitos contribuintes não consideram justo que
os que têm planos de saúde paguem o preço alto desta conta. Este é a situação
da americana Cathy Allison: “Trabalho duro e pago meus impostos e não posso
aceitar que algumas pessoas tenham de graça o mesmo tratamento que eu”, lamentou.
Por outro lado, há quem defenda os indocumentados. “Se os imigrantes ficarem
doentes, os hospitais não podem deixá-los morrer nas ruas. Alguma alternativa
deve ser encontrada”, argumenta Marlene Copperman.
Nesse sentido, o presidente da
FHA garantiu que todos os pacientes serão tratados da mesma forma,
independentemente do status imigratório ou da existência ou não do plano de
saúde – mesmo que para cada indocumentado atendido nos hospitais da Flórida a
conta de 315 dólares ao ano, em média, seja debitada dos contribuintes do
estado.
Fonte: (Da redação)