Publicado em 6/07/2009 as 12:00am
Falsos casamentos exploram imigrantes
Autoridades federais em Cincinatti, Ohio, afirmam que alguns casais que solicitaram residência no estado faziam parte de um enorme esquema de fraude que envolvia centenas de imigrantes
Alguns se apresentaram
trazendo seus álbuns de fotografias, mostrando os belos sorrisos do noivo e da
noiva.
Outros mostraram suas alianças,
colares e pulseiras, que disseram ser presentes de seus esposos. Até contaram histórias
de quando se conheceram e se apaixonaram. Estavam de mãos dadas e atuavam de
forma comportada. Mas as performances eram exatamente isto: uma atuação, tudo
de mentirinha, como numa novela da tevê.
Autoridades federais em Cincinatti,
Ohio, afirmam que os casais que se apresentaram para que um deles ganhasse a
residência, faziam parte de um enorme esquema de fraude que envolvia centenas
de imigrantes buscando residência legal no país, através de casamentos falsos
com cidadãs.
Os documentos liberados recentemente
descrevem uma operação bem elaborada e antiga existente na região. Os agentes
acreditam que essa seja a maior do gênero.
"O centro das operações era em
Cincinatti, mas a rede é nacional", disse Rich Wilkens, agente do ICE na
cidade.
Alguns casais não se viram até o dia
em que se casaram. A maioria sabia que tinha utilizado documentos falsos e
fotos de casamento produzidas especialmente para comprovar seus casos com a
imigração no dia da entrevista.
Os casais eram instruidos para fazerem
uma "apresentação" quase teatral para os entrevistadores, na
esperança de convencê-los de que eram de fato "recém casados", e que
iriam viver felizes para sempre.
Bozhidar Bakalov, cidadão americano,
original da Bulgária, pegou 3 anos de cadeia por ter sido o criador deste
sistema milionário. Ele tinha sido gerente da empresa Procter & Gamble,
fabricante de sabonetes, produtos de limpeza e higiene, como a pasta de dentes
Crest. Bozhidar mantinha planilhas bem organizadas, apresentava clientes aos
proponentes e dirigia seu serviço totalmente ilegal como se fosse algo legal. Ele
cobrava milhares de dólares para conectar seus clientes russos e europeus com
mulheres americanas que desejassem faturar uma grana pelo casamento.
Tem muita gente "furando a fila"
Muitos dos noivos chegaram nos EUA
legalmente, mas agora estão a ponto de serem deportados, porque perderam seus
status legais. O problema maior é que estes imigrantes não conseguem provar que
seus casamentos foram lícitos, pois não há como mostrar um relacionamento
anterior "de verdade" com as casamenteiras.
Ingênuamente, Bakalov disse aos
advogados e promotores que pensava que estava fazendo algo importante e
legítimo, ou seja, um serviço no qual os homens ficariam na América, as
mulheres seriam sempre pagas e ele teria seu lucro no negócio. Segundo o
advogado Goldberg, Bakalov não sabia que estava burlando a lei.
Com ele, outras 14 pessoas suspeitas
de estarem quebrando os códigos da imigração, também foram processadas por
fraude pelo governo americano.
A maioria dos imigrantes que recebeu
status legal poderá eventualmente perdê-la, até agora são 238 pessoas acusadas
de casos fraudulentos.
A Operação "Honeymoon´s
Over", ou A Lua de Mel Terminou,
ainda está em andamento e poderá botar em cana muita gente. O próximo passo é
investigar casamentos ilegais na Nova Inglaterra. Muita gente ainda poderá
"dançar".
Processar os casamentos fraudulentos
está sendo uma prioridade do novo governo, pois esse procedimento oferece uma
vantagem injusta contra aqueles que estão lutando legalmente durante anos para
conseguirem viver legalmente no país. Como
o governo americano limita o número de imigrantes com permissão para entrar
aqui todo ano, quem comete fraude está ludibriando o país e "furando a
fila".
Fonte: (Da redação)