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Publicado em 4/12/2009 as 12:00am

Indocumentados não cometem delitos tão graves quanto os residentes

Na cadeia do condado de Yakima, ecoam ao longe as batidas de portas de aço e os gritos dos presos, enquanto um agente federal, atrás de um computador, verifica a lista de prisioneiros para entrevista

 

Na cadeia do condado de Yakima, ecoam ao longe as batidas de portas de aço e os gritos dos presos, enquanto um agente federal, atrás de um computador, verifica a lista de prisioneiros para entrevista.

 

Do outro lado da escrivaninha, encontra-se Julio Laguna Mendoza, um homem de 54 anos, preso há vários dias por dirigir embriagado. O computador mostra que o homem não é um estranho no sistema da justiça criminal.

 

Julio foi preso cinco vezes por entrar ilegalmente nos Estados Unidos. As fotografias tiradas cada vez que foi preso, mostram uma seqüência de imagens nas quais ele aparece cada vez mais velho, depois de cada apreensão.

 

Desta vez, ele conseguiu chegar no condado de Yakima, no estado de Washington, na costa noroeste do país, mas vai ser novamente expulso do país.

 

Poucas questões são mais controversas ou emocionais do que o impacto dos imigrantes indocumentados nos índices de criminalidade locais e de como eles são tratados pela polícia.

 

Os defensores dos direitos dos imigrantes insistem que a maioria é feita de trabalhadores e que as hipóteses de cometerem crimes são as mesmas que as dos cidadãos com residência legal. Outros culpam os imigrantes em situação irregular por uma taxa grande de crimes graves, cometidos no vale de Yakima.

 

Uma análise do jornal Herald-Republic, de Yakima,  realizada nos arquivos da cadeia do condado durante o mês de outubro, lança alguma luz sobre quantos são suspeitos de violar as leis federais de imigração e outras situações enfrentadas pelas autoridades locais:

 

-Cerca de 6% dos mais de 630 presos em outubro são suspeitos de violar leis de imigração e seus casos estão pendentes em tribunais federais.

 

- (Imigrantes que não são cidadãos americanos representam menos de 13% dos residentes do condado de Yakima, de acordo com uma estimativa do censo de 2008. O relatório do Censo não distingue entre imigrantes ilegais e aqueles que já têm residência legal)

 

-Cidadãos legais detidos por suspeitas de violar as leis de imigração, assim como detidos por suspeita de violar as leis de imigração foram acusados de crimes graves, em percentagens muito semelhantes: 28% e 26% respectivamente.

 

Mais de 60% dos presos com seus casos pendentes de violação das leis de imigração foram processados por delitos de trânsito, como dirigir sem carteira e negligência no trânsito.

 

Dirigir embriagado, um delito considerado menor naquele estado, foi a principal acusação contra os residentes sem cidadania. As comparações exatas são difíceis de serem feitas, mas as taxas locais de delitos por parte dos imigrantes são semelhantes às encontrados em pelo menos uma pesquisa realizada em outro ponto do país. Por exemplo, uma análise em 2008, do Instituto de Política Pública da Califórnia, uma agência independente, mostrou que enquanto os imigrantes constituem cerca de 35% da população do estado, 17% da população adulta encontra-se em prisões.

 

Agentes federais têm detectado imigrantes ilegais em prisões locais há muitos anos, algo que não está livre de controvérsias.

 

Ann Benson, diretora da organização Projeto para a Imigração, da Associação de Defensores de Washington, suspeita que os programas federais que incidem sobre os presos em cadeias locais não fazem distinção entre os estrangeiros que cometeram crimes graves e aqueles que cometeram pequenas infrações.

 

”É um estudo indiscriminado, que inclui a maior quantidade possível de imigrantes," disse ela. “Pais, filhos e irmãos que têm famílias que dependem deles e já são membros de nossas comunidades", completou.

 

 

O xerife do condado de Yakima,  Ken Irwin, diz que regularmente o perguntam por que os seus agentes não interrogam os suspeitos sobre seus status de imigração, ao investigarem um crime qualquer.

 

"Nós nos concentramos em infratores que cometem crimes, e não em pessoas que violam a lei de imigração, porque, para fazer cumprir as leis de forma eficaz, a comunidade tem que confiar na polícia. Se tivéssemos um grande segmento da comunidade que não confia na polícia, então a comunidade como um todo seria menos segura, porque as pessoas não reportariam qualquer criminalidade", acrescentou.  "O imigrante ilegal é um alvo fácil, muito fácil para culpá-los dos males que nos afligem", disse ele.

 

Alguns dos mais ativos oponentes  da imigração ilegal em Yakima, reconhecem que os imigrantes não cometem uma quantidade desproporcional de criminalidade na área, mas dizem que os filhos deles, nascidos nos Estados Unidos, cometem muitos crimes, segundo a opinião de Nick Hughes, um vendedor aposentado, que assiste regularmente às reuniões do conselho da cidade, colocando a culpa nos imigrantes latino-americanos pela violência das gangues.

 

"A maioria dos membros de gangues são (filhos de imigrantes ilegais)", disse ele. "Se não tivesse sido permitido pais "ilegais "aqui, não teríamos os seus filhos participando dessas quadrilhas”, disse Nick Hughes.

Fonte: (do Yakima Herald-Republic, tradução de Phydias Barbosa)

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