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Publicado em 16/12/2015 as 12:00am

Brasileiro conta como atravessou o mar e entrou ilegalmente nos EUA

Alfredo chegou há pouco mais de uma semana e está na cidade de Medford(MA), na casa de um primo

Com a forte fiscalização imposta nas fronteiras terrestres entre os Estados Unidos e o México, os traficantes de pessoas criaram novas rotas, muito mais perigosas, para continuar colocando pessoas, ilegalmente, nas terras do Tio Sam. Apesar do perigo, muitos brasileiros se arriscam em busca do tal “sonho americano”.

Entre estes brasileiros está o goiano Alfredo Felizardo, 31 anos, que chegou há pouco mais de uma semana nos EUA e está residindo na cidade de Medford (Massachusetts), na casa de um primo. Durante uma festa, ele conversou com a reportagem do Brazilian Times, sob o pedido de não ter a sua foto divulgada. Ainda assustado com tudo que passou, ele conta como foi sua travessia e os perigos que enfrentou.

O primeiro passo foi fechar o acordo com o “coiote” no Brasil e pagou a quantia de US$10 mil e assumiu uma dívida de mais U$5 mil que em terras norte-americanas. “A primeira parte do valor eu dei um carro e algumas economias que eu tinha guardado”, explica.

Em seguida, ele foi levado para São Paulo, onde se encontrou com uma mulher a qual lhe explicou como seria a viagem, como ele deveria de comportar e o que dizer em caso de ser apanhado pelas autoridades. “Não posso falar muito, pois ainda tenho que pagar a minha dívida e tenho medo do que estas pessoas possam fazer com meus parentes no Brasil”, continua.

Ele não confirmou, mas recentemente a Policia Federal desmantelou uma quadrilha que fazia a mesma rota que Alfredo fez. Assim que chegou às Bahamas, ele foi levado para uma casa, a beira mar, onde permaneceu por dois dias, junto com mais 35 pessoas, entre elas  cinco brasileiros.

Depois dos dois dias, o grupo seguiu em quatro carros para um local onde havia um barco de aproximadamente 25 pés, a espera. Todos foram colocados na embarcação que quase virara com o balanço das águas. “Foi uma sensação muito ruim, uma mistura de medo com a ânsia provocada pelo balanço do barco. Eu vomitei várias vezes”, disse.

Ele disse que o coiote era muito bravo e gritava para que todos se acalmassem ou jogaria algumas pessoas no mar para ir nadando. “Eu via o medo nos olhos das pessoas, pois para onde olhávamos só víamos água e nada de terra. Nem sabíamos onde estávamos”, explica.

Alfredo fala que o perigo não terminou ai, pois quando a embarcação avistou terra, há cerca de 200 metros, o coiote ordenou que todos pulassem e fossem nadando, com a ajuda de pequenas boias. Em terra firma havia um veículo a espera deles para seguir viagem. Ele lembra que as ondas estavam muito fortes e viu quando alguns imigrantes não conseguiram seguir a mesma direção. “Foi horrível, pois quanto mais eles tentavam nadar em nossa direção, mais o mar os levava para longe em rumo desconhecido”, fala.

Outra que ele não esquece foi a de uma venezuelana que estava com um filho de sete anos de idade. Alfredo conta que tinha apenas uma pequena boia para os dois e para proteger o filho, a mãe optou por nadar. “Mas várias vezes, ela se cansou e afundou e só não morreu porque alguns amigos dela ajudaram-na, bem como o seu filho”, se emociona. “É uma viagem que jamais farei de novo”, conclui.

Fonte: Redação

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