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Publicado em 21/02/2018 as 10:00am

Separados na fronteira, brasileira não vê o filho há seis meses

Ação contra pais que atravessam ilegalmente a fronteira dos EUA com filhos estão cada vez mais duras.

Separados na fronteira, brasileira não vê o filho há seis meses Filhos são separados dos pais após serem pegos na fronteira.

Milhares de pais que entraram ilegalmente nos EUA, nos últimos anos, foram mantidos com seus filhos em centros de detenção de imigração. Mas o caso de uma brasileira e seu filho ilustra o que os defensores dos migrantes chamam de “abordagem mais severa para a aplicação das leis de imigração” que visam separar pais e filhos.

Ela está sendo mantida em um centro de detenção no Texas, enquanto seu filho foi levado para um abrigo em Illinois. O objetivo, segundo os ativistas que defendem os imigrantes, é desencorajar os pais de atravessarem ilegalmente a fronteira ou tentar aplicar para um pedido de asilo.

A mãe brasileira - que pediu para ser identificada apenas como Jocelyn porque ela estava fugindo da violência doméstica no Brasil - entrou nos EUA em agosto de 2017 com seu o filho de 14 anos. Segundo seu próprio relato, o adolescente está sendo ameaçada por gangues em seu país de origem. Eles esperavam ter uma chance de aplicar para o pedido asilo.

Famílias imigrantes como Jocelyn geralmente são processadas por tribunais de imigração, em um processo administrativo. Elas ficam detidas ou liberadas com avisos para comparecer em audiências posteriores. O presidente Trump prometeu encerrar esta prática, chamando-a de "pegar e liberar".

Historicamente, a maioria dos imigrantes pegos nas fronteiras foram enviados de volta aos seus países de origem, mas a administração Trump ameaçou processar alguns pais, “porque entrar ilegalmente no país é um crime federal”.

A primeira vez é um delito menor, com uma pena máxima de seis meses. Aqueles que foram deportados e entraram pela segunda vez recenem pena máxima de até 20 anos, dependendo do registro criminal. Uma vez que um caso se torna uma questão criminal, pais e filhos estão separados.

De acordo com defensores públicos e defensores dos imigrantes, mais e mais famílias que entram no país através da fronteira sul e que buscam asilo estão sendo processadas em tribunais criminais federais de El Paso (Texas) até o Arizona.

Jocelyn foi acusada de um delito, e seu filho foi enviado para um abrigo em Chicago(IL). Não existem estatísticas completas, mas ativistas e advogados dizem que evidências sugerem que a prática está se espalhando.

"Não é suposto ser uma detenção geral de pessoas que procuram asilo, mas na realidade, é o que está acontecendo" disse Dylan Corbett, diretor do Instituto Hope Border, em El Paso, um grupo que defende a justiça social sem fins lucrativos. "Ainda estamos neste limbo no nosso setor e na fronteira: o que está acontecendo? Quais são as novas políticas?".

Na semana passada, 75 democratas do Congresso liderados pelo deputado Lucille Roybal-Allard (D-Downey) enviaram uma carta ao secretário da Segurança Interna expressando indignação com o crescimento das separações familiares e exigiram esclarecimentos sobre estas políticas, dentro de duas semanas.

"Estamos profundamente preocupados com o fato de que estas práticas se expandam e piorem, traumatizando as famílias e impedindo o acesso a um processo justo para pedir asilo", escreveram.

A Homeland Security não disse que está visando as famílias, mas afirmou que tem feito mudanças processuais e políticas para impedir a imigração ilegal. "A administração está empenhada em usar todas as ferramentas legais à disposição para proteger as fronteiras da nossa nação", disse Tyler Houlton, porta-voz da Homeland Security.

Jocelyn disse que fugiu do Brasil para escapar de um marido abusivo. Durante uma reunião recente no centro de detenção de El Paso, onde ela está sendo mantida, ergueu a manga de seu uniforme branco para mostrar cicatrizes em seu braço que alega ter sido causada por espancamentos de seu marido, um guarda de segurança que se recusou a conceder-lhe um divórcio.

Ela e seu filho voaram para o México no dia 24 de agosto de 2017, atravessaram a fronteira dois dias depois, se entregaram à Patrulha da Fronteira perto de El Paso e foram separados. "Eu não sabia onde eles o estavam levando", ela. "Eles não me disseram. Eu perguntei muitas vezes. Eles apenas disseram 'Não se preocupe'".

Em outros lugares da fronteira, incluindo o Vale do Rio Grande no Texas, onde a maioria dos migrantes atravessam ilegalmente, muitos pais e filhos ainda são liberados, juntamente com avisos para comparecer em audiências de imigração.

Para os opositores da imigração ilegal, a prática de processar imigrantes é uma coisa boa. Andrew Arthur, ex-juiz de imigração que agora atua como membro residente do Centro de Estudos de Imigração conservador, disse que as acusações criminais são dissuasivas.

“A razão pela qual as crianças são separadas e lavadas a outros locais é para derrubar esta crença [entre imigrantes] de que um pai com uma criança não será detido", disse Arthur. Ele acrescentou que expor crianças a contrabandistas que poderiam abusar e sequestrá-las é um “abuso infantil”.

Em abril passado, O Procurador Geral dos EUA, Jeff Sessions, emitiu uma orientação para Procuradores, pedindo um processo mais agressivo contra aqueles que reentraram ilegalmente no país. À medida que o número de famílias de imigrantes que cruzavam a fronteira no verão passado, os pais iam sendo detidos por agentes federais, mas seus filhos eram reclassificados como menores não acompanhados e colocados em abrigos em várias partes do país pelo Gabinete de Reassentamento de Refugiados.

Fonte: Redação - Brazilian Times

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