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Publicado em 19/09/2018 as 3:00pm

Número de crianças imigrantes detidas nos EUA é o mais alto da história

População infantil em abrigos especiais aumentou para 12.800, em comparação a 2.400 em maio de 2017.

Mesmo após a libertação, por ordem judicial, de centenas de crianças separadas de suas famílias depois de cruzar a fronteira americana, o número total de crianças imigrantes em detenção nos Estados Unidos explodiu e é o maior já registrado.

O número de crianças imigrantes mantidas em abrigos contratados pelo governo federal americano aumentou mais de cinco vezes desde maio do ano passado e atingiu um total de 12.800 neste mês, segundo dados obtidos pelo jornal “New York Times”. Havia 2.400 dessas crianças sob custódia em maio de 2017.

O crescimento enorme, que enche o sistema federal de abrigos até perto de sua capacidade máxima, não se deve a um fluxo maior de crianças imigrantes que chegam nos EUA, mas à redução do número de liberações para que possam morar com parentes ou outros adultos responsáveis, de acordo com dados coletados pelo Departamento de Saúde e de Serviços Humanos.

A maioria das crianças atravessou a fronteira sozinha, sem os pais. Muitas são adolescentes da América Central e estão alojadas em um sistema de mais de cem abrigos espalhados pelos Estados Unidos, com a maior concentração perto da fronteira sudoeste, em estados como Arizona, Califórnia e Texas.

Alguns funcionários que trabalham na rede de abrigos dizem que o aumento sobrecarrega tanto as crianças quanto o sistema que cuida delas.

Os novos dados foram relatados a integrantes Congresso, que compartilharam com o jornal americano.

Isso mostra que, apesar dos esforços do governo Trump para desencorajar a imigração, o número de crianças que cruza a fronteira equivale ao de anos anteriores.

A grande diferença, disseram aqueles que estão familiarizados com o sistema de abrigos, é que a burocracia e o medo causados pela aplicação mais rigorosa das leis migratórias desencorajaram parentes e amigos da família a se apresentarem para se responsabilizar pelas crianças.

As capacidades dos abrigos chegaram perto de 90% desde maio, em comparação a 30% um ano antes. Isso faz com que o sistema rapidamente possa ultrapassar o seu limite, dizem os funcionários que trabalham nos alojamentos.

— Quanto mais próximos eles chegarem a 100%, menor será a sua capacidade para resolver qualquer imprevisto — disse Mark Greenberg, que supervisionou o atendimento de crianças imigrantes para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos no governo de Barack Obama. — Exceto se algo mudar, mesmo se não houver um influxo repentino, eles ficarão sem capacidade em breve.

Na terça-feira, o governo americano tomou uma medida relacionada ao risco de superlotação e anunciou que vai triplicar o tamanho de uma "cidade de barracas" temporária em Tornillo, no Texas, que poderá abrigar 3.800 crianças até o final do ano.

Os defensores dos imigrantes e membros do Congresso reagiram às notícias com aflição, porque as condições de habitação são duras, se comparadas aos abrigos tradicionais.

Instalações como a de Tornillo também são mais caras para operar, de acordo com a deputada Rosa DeLauro, de Connecticut, que faz parte do subcomitê democrata que aprova o programa de abrigos. Ela disse que essas instalações custam cerca de US$ 750 por criança por dia, o triplo de um abrigo típico.

— Estamos cada vez mais longe do bem-estar infantil, e fazemos isso desde o projeto — disse DeLauro. — Aumentaram os custos e, ao mesmo tempo, o trauma que essas crianças vão enfrentar.

Autoridades federais americanas disseram que lidam com níveis elevados de travessias irregulares de fronteira e pedidos de asilo.

— O número de crianças estrangeiras desacompanhadas apreendidas é um sintoma de uma questão maior, que um sistema de imigração falido — disse Evelyn Stauffer, secretária de Imprensa do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, em um comunidado. — É por isso que nosso departamento faz coro ao presidente e pede ao Congresso que resolva esse sistema quebrado e os fatores atrativos que levaram a um número cada vez maior de pessoas na fronteira dos EUA.

O sistema de acolhimento de crianças imigrantes foi objeto de muita discussão nos últimos meses, quando mais de 2.500 foram alojadas em abrigos federais, separadas dos pais, de acordo com a política de tolerância zero nas fronteiras do governo Trump. Essas crianças, todavia, eram apenas uma parte do número total de detenções.

Historicamente, as crianças classificadas como “desacompanhadas” são deixadas com responsáveis, como, por exemplo, pais que já estão nos Estados Unidos ou membros da família, tão logo estes responsáveis têm a identidade verificada por autoridades federais.

Os novos dados mostram que a frequência desse processo de transferência de responsabilidade diminuiu significativamente. O número de crianças acolhidas por parentes ou responsáveis despencou cerca de dois terços desde o ano passado.

Os atrasos na avaliação federal das pessoas que se dispõem a cuidar das crianças se relacionam, em parte, a mudanças que o governo Trump adotou em trâmites burocráticos. Em junho, as autoridades anunciaram que adultos que desejassem ser responsáveis por crianças detidas, assim como outros membros adultos de suas famílias, precisariam disponibilizar as suas impressões digitais, que seriam compartilhadas com as autoridades de imigração.

Tradicionalmente, a maioria dos adultos responsáveis não dispõe de autorização para morar no país, o que os torna, portanto, cautelosos quanto ao risco de deportação. Mesmo aqueles dispostos a se tornar responsáveis precisaram esperar meses para terem seus requerimentos revisados.

Autoridades federais dizem que estes procedimentos de investigação foram elaborados para proteger as crianças sob os seus cuidados.

— As crianças que entram ilegalmente no país correm alto risco de exploração por traficantes e contrabandistas — defendeu Stauffer.

Fonte: Redação - Brazilian Times

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