Sob custódia do ICE, imigrante dá à luz bebê natimorto

Uma imigrante de 24 anos de idade deu à luz um bebê natimorto na última semana enquanto ela estava sob custódia do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês). As informações foram divulgadas pelas autoridades nesta segunda-feira, dia 25, e levantou ainda mais as preocupações sobre como mulheres grávidas são tratadas pelos agentes em centros de detenção.

Natural de Honduras, a mulher não teve o seu nome divulgado, mas conformes um comunicado do ICE, ela foi detida por oficiais da patrulha de Fronteira (CBP, sigla em inglês) próximo a Hildago (Texas), no dia 18 de fevereiro.

Ela teria dito para as autoridades que estava grávida de seis meses e foi levada para o hospital para ser examinada.

A mulher ficou sob custódia do ICE no Centro de Detenção Port Isabel, próximo a Los Frenos (TX) e deveria ser liberada na sexta-feira, dia 22. Mas ela se queixou de dores abdominais e foi enviada, novamente, ao hospital e entrou em trabalho de parto. A imigrante deu à luz um bebê morto.

Danielle Bennett, uma porta-voz do ICE, disse que não viu nenhuma informação que indicasse que a detenção da mulher contribuiu para o parto do natimorto. “Embora para fins investigativo e de registro, um natimorto não seja considerado uma morte sob custódia, os funcionários do Ice e da CBP estão divulgando os detalhes deste evento trágico para serem transparentes com o Congresso, mídia e o público”, relatou as agências em um comunicado.

Bennett disse que o ICE teve 60 imigrantes detidas grávidas sob custódia e que entre 1º de outubro de 2017 e 31 de agosto de 2018, mais de 1.600 mulheres grávidas foram registradas sob custódia da agência. “Vinte e oito mulheres podem ter sofrido um aborto antes ou durante a custódia do ICE", disse ela.

Bennett disse que sem uma compreensão completa do histórico médico de alguém, é difícil dizer o que causou um aborto ou quando exatamente começou.

Randy Capps, diretor de pesquisa dos Estados Unidos para o Migration Policy Institute, disse que a detenção da mulher foi apenas por alguns dias e que "parece improvável que isso tenha sido a causa do natimorto”.

Mas o tratamento dado pelas autoridades de imigração a pessoas sob sua custódia tem estado sob escrutínio nos últimos meses. Um menino guatemalteco de 8 anos, Felipe Gómez Alonso, morreu na véspera de Natal enquanto estava sob custódia do ICE, e três semanas antes, uma menina guatemalteca de 7 anos, Jakelin Caal Maquin, morreu sob custódia da Patrulha de Fronteira.

"Houve muito mais mortes ", disse Erika Andiola, chefe de defesa do Refugee and Immigrant Center for Education and Legal Services (Raices), uma organização sem fins lucrativos que fornece serviços de defesa legal a famílias de imigrantes e refugiados no Texas.

Fonte: Redação Braziliantimes