Xerife de MA é criticado por mentir em reunião sobre programa anti-imigrante

Em uma carta ao editor do Provincetown Banner desta semana, Andrea Hanson aponta que o xerife do condado de Barnstable, James Cummings, enganou a grande audiência que compareceu à reunião da comunidade no dia 13 de fevereiro para discutir sobre o programa 287e sua parceria com departamento de Imigração (ICE, sigla em inglês).

Um dos slides da apresentação do xerife sobre os 79 imigrantes que ele alegou ter compartilhado informações com o ICE sob o programa foi intitulado "Crimes de Estado Mais Comuns". No topo da lista estava "tentativa de homicídio".

Mas uma análise do próprio xerife mostra que os dados provam que as tentativas de assassinatos não estavam nem mesmo entre as 12 acusações mais comuns apresentadas contra as pessoas em sua lista de criminosos supostamente perigosos. Este tipo de crime estava muito atrás de agressões, furto, dirigir sem carteira, posse de drogas e armas de fogo.

Analistas que acompanharam a reunião descobriram outras partes equivocadas na apresentação do xerife. O número de 79 pessoas que Cummings disse ter enviado ao ICE por meio de sua colaboração com a agência federal em 2018 estava errado.

O número real, de acordo com o diretor do escritório de campo do ICE, Todd Lyons, era 13, dos quais “apenas dois foram deportados dos Estados Unidos”. Os especialistas afirmam que o xerife mentiu ao exagerou no número, tentando apresentar uma comunidade imigrante criminosa.

“O programa 287 (g) tem tudo a ver com a identificação da criminalidade e não da nacionalidade”, argumentou o xerife. Para apoiar isso, ele ofereceu um slide com o título “Uma olhada nos últimos sete meses: 22 países diferentes”;

Os “criminosos” que o xerife estava detendo, em outras palavras, vêm em muitas formas, tamanhos e cores diferentes, de todo o mundo. Sua lista de países incluía Argélia, Bielorrússia, Canadá, Índia, Líbano, Portugal, Escócia e - absurdamente – a Sicília.

Mas uma análise dos dados das detenções feitas pelo xerife mostra que cada um dos países citados acima representava apenas uma prisão. Enquanto isso, dois terços dos detidos eram de apenas quatro países: Jamaica (22), El Salvador (12), Brasil (10) e República Dominicana (5). Negros e latinos, aparentemente, compunham a grande maioria das prisões.

O mais perturbador entre os enganos do xerife, talvez, é sua insistência em que o programa 287 (g) é simplesmente sobre a remoção de criminosos que estão na comunidade. Questionado diretamente pelo repórter do Banner, “se pessoas inocentes podiam ser entregues ao ICE através deste programa, Cummings disse: ‘Sim, eles poderiam’"

Além disso, Lyons admitiu após a reunião que o ICE já tem acesso a todas as pessoas presas e acusadas de crimes - com o programa 287 (g) ou sem ele. O programa não faz diferença, disse ele, na capacidade do governo de aplicar as leis de imigração.

“O que ele faz é aumentar o medo e nos tornar menos seguros”. Como a Associação Internacional de Chefes de Polícia (IACP) e muitas outras agências policiais alertaram, o medo e o pânico nas comunidades imigrantes os tornam menos dispostos a cooperar com as autoridades, menos propensos a denunciar os crimes que testemunharam e mais vulneráveis como alvos criminosos.

A IACP continua “a se opor fortemente a qualquer iniciativa que obrigue os órgãos estaduais e locais a desempenhar um papel na aplicação da lei de imigração federal”.

Os ativistas afirmam que Assembleia Estadual e o governador Charlie Baker deveriam aprovar rapidamente a Lei de Comunidades Seguras, que proibiria acordos do estilo 287 (g) em Massachusetts. Quanto ao xerife, Cummings não responde a ninguém a não ser aos eleitores, que não terão chance de reconsiderar sua eleição até novembro de 2022.

“Se Cummings tiver consciência, ele se retirará do programa 287 (g) e voltará a atenção para segurança pública, não política”, afirmou a IACP.

Fonte: Redação Braziliantimes