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Publicado em 19/02/2020 as 12:00pm

Brasileiro que formou várias atletas de sucesso no remo dos EUA tem pedido de Green Card negado

Nos últimos três anos, Henrique "Hicu" Motta, treinador de remo, criou histórias de sucesso...

Brasileiro que formou várias atletas de sucesso no remo dos EUA tem pedido de Green Card negado Motta pode ter que deixar os EUA.

Nos últimos três anos, Henrique "Hicu" Motta, treinador de remo, criou histórias de sucesso em um esporte há muito tempo praticado pelos mais favorecidos financeiramente. Ele levou sua equipe de meninas do ensino médio, de famílias da classe trabalhadora, para os campeonatos nacionais e enviou várias delas para as faculdades da Divisão I com bolsas de estudos esportivas.

"Sou latina, pequena e nunca participei de um time de esportes", disse Isabella Soto, 17 anos, filha de uma babá e um maquinista. Ela espera remar em uma faculdade de elite no próximo outono.

Isabella, que foi aceita na equipe RowLA apesar de ter apenas 1m80 de altura, é uma norte-americana cujos pais são mexicanos indocumentados.

Além dela, muitas outras têm histórias lindas de superação e dedicação ao esporte. Kassie Kim é filha de imigrantes coreanos, uma caixa e um instalador de alarme de incêndio. Samadhi Dissanayake, uma Americana do Sri Lanka criada por uma mãe solteira em moradias subsidiadas, usa dois ônibus para praticar o esporte. "Eu odiava esportes antes de vir para cá", disse ela, que também pensa praticar o remo na faculdade. "Agora eu amo remo e o senso de comunidade".

Mas Motta, 39, um brasileiro que está no país com Visto de Trabalho, foi notificado de que sua petição de permanecer nos Estados Unidos foi negada. As autoridades de imigração disseram que para ele ficar, deve provar que tem "capacidade extraordinária" para fazer um trabalho que não poderia ser desempenhado por um norte-americano.

Em um esporte dominado por atletas brancos e ricos, o RowLA, sob a liderança de Motta, há muito faz questão de recrutar aqueles que normalmente não teriam acesso ao remo.

Nem a construção nem a perspicácia atlética determinam quem pode competir e ter sucesso. “Ele pode pegar uma atleta, independentemente do tamanho e habilidade, e transformá-la em uma remadora séria. Isso é raro entre os treinadores", disse Liz Greenberger, analista aposentada de segurança internacional que fundou a equipe há uma década e trouxe o brasileiro como seu segundo treinador, em 2017. "É a filosofia dele que é perfeita para o nosso programa", acrescentou.

A filosofia de Motta é simples: "Ele tenta fazer algo especial com qualquer menina que queira tentar remar". A questão é: “isso significa habilidade extraordinária”?

Nos três anos desde que recebeu um Visto de Trabalho, o brasileiro criou um programa de remadores dedicados que competiram no U.S. Rowing Youth Nationals, o mais alto nível para remadores do ensino médio e ganhou bolsas de estudos.

Motta, porém, não apenas treina. Nutricionista por treinamento, ele instrui suas atletas a manter uma dieta equilibrada. O brasileiro recomenda que suas remadoras passem algum tempo em seus estudos e pensem em futuros que podem ser repletos de possibilidades.

"Não focamos apenas no desempenho do remo; estamos desenvolvendo atletas estudantes”, disse Motta.

Um pequeno programa de remo apoiado por doações privadas, o RowLA não pode ser comparado a muitas das equipes de elite bem-dotadas de todo o país, algumas das quais existem há um século. O programa não possui uma garagem de barcos. Os equipamentos do RowLA, bem como máquinas de remo ficam no estacionamento 77, em Marina del Rey, no oeste de Los Angeles, na Califórnia, protegidos por lonas.

"O que Motta faz é extraordinário", disse Iva Obradovic, uma treinadora veterana de remo e ex-remadora de competições. "Ele está competindo contra equipes ricas e privadas. Dificilmente qualquer treinador faria isso. Ele não receberá elogios e glória por isso", continuou.

"Essas meninas não são remadoras típicas, mas através do trabalho de Motta, elas se tornam disciplinadas e fazem o trabalho”, acrescentou Obradovic.

Quando RowLA patrocinou Motta para um Visto de Trabalho temporário em 2017, sua petição de 250 páginas documentou mais de duas décadas de sucesso como remador e treinador.

Havia cartas de grandes profissionais brasileiros de remo, endossos de treinadores e atletas de remo de vários países e uma lista detalhada de seus elogios - mais de 20 títulos de campeonatos brasileiros em várias categorias.

O visto foi aprovado em uma semana. “Todo mundo tinha dito que era tão complicado. Fiquei emocionado”, lembra Motta. O visto permitiu que sua esposa, Emanuelle "Manu" Abreu, remadora em atividade no Brasil, se juntasse a ele nos Estados Unidos, onde ela treinou e foi voluntária no RowLA.

Depois de assumir o comando, o brasileiro começou a construir o RowLA. Ele estabeleceu um programa de desenvolvimento para meninas do ensino médio e expandiu o alcance do programa de remo indoor da organização, de duas para oito escolas na área de Los Angeles, atendendo a mais de 4.000 alunos por ano.

No início de 2019, a RowLA decidiu patrocinar Motta para um Green Card, ou residência legal permanente nos Estados Unidos.

Na aplicação com 300 páginas, Greenberger descreveu o brasileiro como uma "habilidade inestimável" para o RowLA. Rob Glidden, president da Associação de Remo de Long Beach, creditou os métodos de treinamento, aconselhamento nutricional e qualidades pessoais do brasileiro por criar um programa "excepcional" para o desenvolvimento de remadores.

Mas o governo respondeu com um pedido de mais evidências para provar que Motta era "extraordinário". Seu advogado, Richard Wilner, enviou 150 páginas adicionais, mesmo assim recebeu uma resposta negativa em agosto.

Em uma carta de cinco páginas, o Departamento de Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS, sigla em inglês), responsável pela aprovação de autorizações de residência, descreveu os motivos pelos quais Motta não atendeu aos critérios de alguém com “habilidade extraordinária”.

"A confiança que ele inspira nessas crianças é palpável", escreveu Glidden, dizendo que o brasileiro ajudou a muitas delas alcançar o sucesso acadêmico e atlético "que de outra forma não seria possível".

O advogado disse que vai continuar tentando e buscará mais apoio para que o brasileiro permaneça no país.

Fonte: Redação - Brazilian Times.

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