Beneficiários do DACA em Wisconsin estão com futuro incertos

Como membro do “Quadro de Honra”, Morelia Blanco foi convidada para uma viagem a Washington, DC, quando estava na oitava série. Ela não sai de Milwaukee desde pequena e estava animada. Mas, no final, não teve permissão para ir.  "Não temos papéis", disse a família.

Blanco realmente não entendia o que significava ser indocumentada até os 16 anos de idade e esperando conseguir seu primeiro emprego em uma loja de iogurte no shopping. Sua mãe lhe explicou porque sua irmã mais velha - uma cidadã dos EUA que nasceu na Califórnia - conseguia fazer as coisas que ela não.

Blanco nasceu no estado mexicano de Michoacán antes de se mudar para os EUA, com sua família, quando tinha dois anos. Agora, uma estudante de Justiça Criminal da Universidade de Wisconsin em Milwaukee, ela disse que recebeu o status de Ação Diferida para Chegadas de Infância (DACA, sigla em inglês) há cinco anos e isso mudou sua vida.

Como beneficiária da DACA, Blanco conseguiu um emprego como técnica de farmácia, um papel essencial em meio à pandemia. Ela obteve sua carteira de motorista e começou a faculdade.

O coronavírus tornou esse período incerto para as pessoas em todo o país, mas para os beneficiários do DACA, enquanto a Suprema Corte se prepara para decidir sobre os esforços do governo Trump para encerrar o programa. Uma decisão é esperada ainda nesta semana.

Blanco está entre os estimados 6.600 beneficiários do DACA em Wisconsin, de acordo com a organização de direitos dos imigrantes Voces de la Frontera. Mais de um terço está em Milwaukee.

Existem cerca de 700.000 Dreamers em todo o país, como são chamados os beneficiários do DACA. Para se qualificar, os indivíduos devem ter entrado no país quando ainda eram menores de idade, precisam pagar uma taxa e renovar seu status a cada dois anos.

Em 2017, os tribunais impediram o governo Trump de interromper o programa, criado sob a administração do ex-presidente Obama. A afirmação era que o Departamento de Segurança Interna não explicou adequadamente os motivos para encerrá-lo, uma etapa exigida por lei.

Por fim, a Suprema Corte pode confirmar as decisões destes tribunais, revogar, interromper parcialmente ou declarar o programa ilegal e finalizá-lo para sempre.

Se o tribunal superior apoiar o governo Trump, não está claro exatamente como o programa será encerrado. Segundo o site Politico, é improvável que as deportações ocorram imediatamente. Em vez disso, há especulações de que o governo usará o programa como moeda de troca nas negociações para um maior acordo de imigração antes das eleições de novembro.

Se o futuro de Blanco nos EUA for colocado em risco, ela não será a única afetada. Ela trabalha no Farmworker Project, administrado pela Ação Legal de Wisconsin, onde ajuda os trabalhadores imigrantes a entender seus direitos. A imigrante também ajuda pessoas de comunidades de baixa renda a preencher a papelada legal no tribunal.

"Tirar o DACA não é apenas uma desvantagem para mim, mas é uma injustiça para as pessoas que sei que posso ajudar", disse ela. (com informações da Wisconsin Public Radio)

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Fonte: Com informações da Wisconsin Public Radio