Imigrante trans diz que refeição servida pelo ICE é como “comida vomitada por cachorro”

Logo após Shakira Najera Chilel chegar ao Centro de Detenção de Imigração Eloy, no Arizona, em setembro de 2019, ela começou a ter problemas de estômago. Desde então, a condição gastrointestinal da requerente de asilo de 29 anos se tornou crônica.

Najera Chilel comparou as refeições nas instalações do Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês) com "comida de cachorro vomitada". Ela toma antibióticos e outros remédios, chegando a ingerir até 10 comprimidos por dia. Um exame endoscópico continua a ser adiado.

Sua saúde debilitada aumenta suas preocupações. A violência e perseguição sexual que Najera enfrentou por ser uma mulher trans na Guatemala e no México, onde ela viveu alguns anos antes de fugir para os EUA, a assombra.

Agora, isso se soma ao medo de ficar gravemente doente com o coronavírus, já que a pandemia do COVID-19 se espalha rapidamente dentro dos centros de detenção de imigração.

Seu desespero ficou maior em meados de maio, quando ela chegou a dizer a um médico da instalação que se jogaria pela janela quando tivesse oportunidade. A imigrante foi colocada em confinamento solitário, o que tem sido uma prática condenada dentro das instalações do ICE por seu aparente uso punitivo, arbitrário e excessivo.

Najera disse que suas refeições naquela cela segregada eram embrulhadas em papel. Ela não conseguia ler seus livros, não conseguia lavar a boca, não tinha com quem conversar e dois guardas a vigiavam.

“Para mim, não faz sentido. Como isso é uma maneira de ajudar?”, indagou Najera. “Em vez de ajudar, eles estão nos torturando ainda mais”.

Ela orou a Deus pedindo forças, algo que já fez muitas vezes em sua vida, quando sofria violência e agressão. "Fui forte diante das adversidades e ainda preciso ser", disse Najera. “Eu pedia a Deus para me ajudar, para me dar mais força. Na Guatemala, sofri muitas coisas e as superei”.

Os ativistas do Trans Queer Pueblo, um grupo que defende os imigrantes LGBTQ, estão pedindo que o ICE libere Najera, junto com todos os imigrantes que estão sob detenção da agência.

Em um comunicado, a porta-voz da ICE, Yasmeen Pitts O’keefe, disse que Najera foi autorizada a entrar nos EUA através de um posto de entrada em Nogales. "Os registros revelaram que ela é uma imigrante que foi deportada duas vezes, com a deportação mais recente em março de 2018", disse. “A imigrante permanecerá sob custódia enquanto aguarda o resultado de seu caso de imigração”, finalizou.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.