Vítimas de abandono em centro de detenção, quatro crianças imigrantes são hospitalizadas em estado grave

Alguns ativistas denunciaram que quatro crianças ficaram tão gravemente doentes e as condições de saúde delas foram negligenciadas por agentes em uma instalação da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos (CNP, sigla em inglês), em McAllen, no Texas. Esta situação forçou a entrada de advogados que conseguiram obrigar o governo a hospitalizá-las na semana passada.

As crianças, todas com menos de 3 anos de idade, estavam com febre, tosse, vômito e diarreia, de acordo com as informações fornecidas pelos advogados aos HuffPost no dia 19.  “Algumas crianças e bebês estavam se recusando a comer ou beber. Os olhos de uma delas, que tinha apenas dois anos, estavam revirados e ela estava completamente indiferente, com o corpo mole”, de acordo com Toby Gialluca, advogado da Flórida.

Ele descreveu ver terror nos olhos das crianças. "Era um olhar frio e um medo que você nunca deve ver em uma criança dessa idade", disse. "Você olha para eles e pensa: 'O que ela viu?'", continuou.

Outra mãe, na mesma instituição, teve um bebê prematuro, que nasceu “apático” e embrulhado em uma toalha suja, de acordo com as revelações feitas pelo HuffPost.

Os advogados temiam que, se não tivessem aparecido nas instalações, as crianças doentes teriam recebido zero atendimento médico e potencialmente morreriam. O governo Trump foi criticado pelo tratamento e sua suposta negligência dada a imigrantes que cruzam a fronteira sul do país em números recordes. O resultado são instalações superlotadas, cuidados médicos lentos e, em alguns casos, mortes.

As autoridades de imigração dizem que estão sobrecarregadas e os ativistas afirmam que os agentes não estão se esforçando o suficiente. "É um desrespeito intencional pelo bem-estar destas crianças", disse Gialluca. "Os guardas continuam a desumanizar essas pessoas e tratá-las pior do que tratariam os animais".

A Patrulha de Fronteiras (CBP, sigla em inglês) se recusou a responder ao pedido de comentário do HuffPost.

De acordo com alguns dados divulgados a Associated Press, as crianças nas instalações fronteiriças não têm acesso adequado a alimentos, água, sabão ou chuveiros. Um advogado do Departamento de Justiça ainda argumentou em tribunal que o governo não deveria fornecer às crianças detidas sabão, escovas de dentes ou camas.

O relatório da AP é baseado em entrevistas que um grupo de advogados conduziu com centenas de crianças em três estações da Patrulha da Fronteira no Texas na semana passada, como parte do assentamento de Flores - um acordo que descreve as condições para as crianças detidas.

Os advogados dizem que elas também estão presas nessas instalações por mais do que o limite de 72 horas especificado pelo acordo e, em alguns casos, até três semanas.

Os advogados estão preocupados com a propagação de doenças nestas, as quais podem se tornar fatais. Cinco crianças morreram sob custódia da CBP desde dezembro, algumas das delas foram inicialmente diagnosticadas com um resfriado comum ou gripe. O centro de processamento em McAllen, conhecido como Ursula, recentemente colocou em quarentena três dezenas de migrantes que estavam doentes depois que um adolescente de 16 anos morreu de gripe na mesma instalação.

As crianças e seus pais disseram aos advogados que, em alguns casos, eles não tinham acesso a tratamento médico, apesar de estarem visivelmente doentes. Gialluca conversou com uma mãe de 16 anos, cuja criança estava com gripe, mas teria sido informada por um guarda que "não estava doente o suficiente para se consultar com um médico".

Ela disse que outros também relataram que tiveram atendimento médico negado, apesar de terem bebês gravemente doentes.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.