ICE continua a deter crianças imigrantes em hotéis

Centenas de crianças imigrantes foram mantidas em hotéis e vigiadas por empreiteiros do governo nos últimos meses como parte de um novo sistema secreto que coloca as crianças em perigo.

Grupos de imigrantes e de direitos civis acusam o governo dos Estados Unidos de usar a pandemia para criar um sistema de imigração paralelo que contorna a lei, com as autoridades negando proteções a crianças vulneráveis ​​ e agilizando para expulsá-las do país.

“Essas crianças estão sendo mantidas em locais que são essencialmente escuros, sem acesso ao mundo exterior. E não apenas isso, mas sem acesso ao sistema de imigração”, disse Karla Marisol Vargas, advogada sênior do Projeto de Direitos Civis do Texas. "Todo esse processo é flagrante", acrescentou. "É uma violação de cada proteção que essas crianças têm direito”.

O Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês) se recusou a comentar a denúncia, citando litígios pendentes. Mas as autoridades defenderam a prática em ações judiciais, argumentando que estão protegendo a segurança das crianças sob custódia enquanto seguem as novas diretrizes de saúde pública.

Documentos judiciais obtidos pela CNN revelam que deter crianças em hotéis se tornou cada vez mais comum durante a pandemia do coronavírus. De acordo com processos judiciais recentes, mais de 25 hotéis em três estados - Arizona, Texas e Louisiana - estão atualmente sendo usados ​​para deter crianças imigrantes.

Mais de 570 menores desacompanhados e mais de 80 crianças viajando com parentes ficaram detidos em hotéis desde que as autoridades começaram a invocar uma lei de saúde pública para restringir a imigração, em março. Algumas crianças foram mantidas em hotéis por alguns dias, outras por semanas.

Sob a nova abordagem, a maioria das crianças é expulsa sem ter a chance de falar com advogados ou um juiz, de acordo com defensores que estão lutando contra esta prática. Durante meses, eles tentaram reunir detalhes sobre o que está acontecendo, mas afirmaram que a maioria das ações permanece escondida do público.

“Ninguém está de olho nessas crianças”, disse a advogada Neha Desai, do National Center for Youth Law. “Se não houver ninguém que tenha a capacidade de testemunhar e documentar o que está acontecendo, isso abrirá um espaço incrível para abuso ou negligência”.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.