Especialista emite relatório sobre centro de detenção na Virgínia e pede libertação de imigrantes

Um especialista que inspecionou um centro de detenção para imigrantes na Virgínia, que passou por um surto massivo de coronavírus está recomendando que alguns presidiários de alto risco sejam libertados após encontrarem falhas nos procedimentos de triagem do local.

A juíza distrital Leonie Brinkema ordenou a inspeção no mês passado, depois que vários detidos entraram com um processo, com a ajuda de grupos de ativistas jurídicos. Ela responsabilizou o complexo, localizado em Farmville, por um surto que afetou mais de 90% dos quase 300 detidos, incluindo um de 72 anos de idade que morreu. Funcionários do governo lutaram sem sucesso para bloquear a inspeção.

O especialista, Homer Venters, inspecionou o local no mês passado e apresentou um relatório que se tornou público no dia 04, que diz que o centro faz um péssimo trabalho de triagem de presos para os sintomas do COVID-19. Ele recomendou que os detidos em alto risco para a doença fossem libertados o mais rápido possível.

O relatório cita "deficiências múltiplas e sistemáticas" nos serviços de saúde do complexo e conclui que ser detido lá "representa um perigo significativo para a saúde de pacientes de alto risco".

Um relatório elaborado por um especialista contratado pelo centro de detenção chegou a diferentes conclusões. William Reese, disse que o maior problema que viu foi que os detidos se recusavam a usar máscaras. Dada a “falta de cooperação dos presos, é notável que a instalação não tenha apresentado nenhum novo teste positivo entre os detidos por quase um mês”, escreveu.

Venters, em seu relatório, escreveu que os presos rejeitaram as súplicas da equipe para usar máscaras porque, em primeiro lugar, culparam o estabelecimento por deixá-los doentes. Os detentos também disseram ao especialista que achavam que as máscaras eram desnecessárias, uma vez que quase todos na instalação já haviam contraído o vírus.

O relatório de Venters encontrou falhas em vários procedimentos no centro. Em particular, ele disse que os esforços para rastrear presidiários com sintomas de COVID-19 foram insuficientes, e que a grande maioria dos detidos lhe disse que nunca foram questionados sobre os sintomas quando se submetem a exames de temperatura diários.

Ele também escreveu que os detentos que relataram que ficavam vários dias doentes antes de serem atendidos pela equipe médica, apesar das garantias do centro de que todos são atendidos 24 horas após fazerem uma chamada médica.

“O Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês) e a instalação causaram o surto ao aceitar uma transferência em massa de pessoas de centros que tinham casos de COVID-19 ativos. Eles não assumiram o risco para as pessoas sob seus cuidados”, disse Sirine Shebya, um advogado do Projeto Nacional de Imigração da National Lawyers Guild, que está representando os demandantes do processo. “Isso levanta preocupações significativas sobre os riscos contínuos para as pessoas detidas nas instalações”.

Em uma audiência anterior, Brinkema criticou um “circo burocrático” por causar o surto, dizendo que o centro violou seus próprios procedimentos ao aceitar 74 transferências de instalações nos estados da Flórida e Arizona, sem implementar quaisquer procedimentos de quarentena.

O ICE não comentou o relatório.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.