Cai a imigração para a cidade de Nova York, agravando a crise econômica

A economia de Nova York depende de imigrantes, mas em um momento em que precisa de toda a ajuda possível, o fluxo de novos residentes oriundos do exterior está diminuindo. A imigração para a cidade de Nova York caiu 45% entre 2016 e 2019, com cerca de 34 mil imigrantes se mudando para a cidade no ano passado, em comparação com 62 mil em 2016, de acordo com uma análise das estimativas de população do U.S. Census Bureau de William Frey, pesquisador sênior da Brookings Institution. Autoridades municipais e defensores da imigração dizem que as políticas federais de imigração mais rígidas e os atrasos no processamento dos pedidos de visto durante a pandemia reduziram o fluxo de pessoas.

Os imigrantes representam cerca de 45% da força de trabalho local e possuem mais da metade dos negócios da cidade, de acordo com um relatório de 2019 do Gabinete de Assuntos de Imigrantes da Prefeitura.

“Estou preocupado que o declínio das taxas de imigração internacional prejudique não apenas o crescimento econômico futuro da cidade de Nova York, mas também a estabilidade da base tributária da cidade”, disse Michael Hendrix, diretor de política estadual e local do Manhattan Institute, um grupo conservador de pesquisas.

A imigração compensou a saída de residentes de Nova York para outras partes dos EUA, de acordo com Frank Donnelly, bibliotecário de dados geoespaciais do Baruch College. A recente desaceleração nas chegadas de imigrantes de outros países, no entanto, contribuiu para uma queda geral na população da cidade nos últimos 3 anos.

Historicamente, a imigração em todo o país tendeu a ser mais fraca quando a economia entrou em crise, inclusive após o estouro da bolha das pontocom de 2000 e a recessão de 2008, disse Donnelly, que estuda os dados do censo. De 2017 a 2019, no entanto, “a economia foi muito forte, mas a migração estrangeira foi muito fraca, ou seja, o nível mais fraco dos últimos 20 anos”, disse ele.

Bitta Mostofi, comissária do Gabinete de Assuntos de Imigrantes do Prefeito, disse que a imigração é essencial para o desenvolvimento econômico da cidade. “Somos uma cidade de imigrantes”, disse ela. “Você não pode olhar para a história da nossa cidade e não ver o impacto e a participação que os imigrantes tiveram na construção de nossas empresas, nossa infraestrutura, nossos pequenos negócios e a cultura de quem somos”.

O Presidente Trump restringiu a imigração legal e ilegal desde que assumiu o cargo, incluindo a proibição de viagens de vários países de maioria muçulmana, reduzindo o número de refugiados autorizados a entrar no país e impondo uma regra de cobrança pública que, segundo os críticos, impedirá que imigrantes de países pobres se mudem para os EUA.

A imigração diminuiu ainda mais durante a pandemia, com os países pondo em prática restrições de viagem e muitos consulados fechando temporariamente, atrasando o processamento dos pedidos de visto.

Muzaffar Chishti, diretor do escritório de Nova York do Migration Policy Institute, prevê que a acessibilidade terá um impacto maior a longo prazo sobre a imigração do que a pandemia.

“Ao longo da história de Nova York, certamente nos últimos 120 anos, os imigrantes mostraram que têm muito mais fé na resiliência da cidade do que os nativos”, disse ele. Entretanto, “os imigrantes de classe média estão procurando opções mais do que costumavam por causa do alto custo de vida, principalmente devido ao aluguel”.

A imigração ajudou a cidade a se recuperar de desastres anteriores. Depois que a cidade de Nova York perdeu mais de 1 milhão de residentes durante a crise financeira dos anos 1970, os imigrantes foram uma força motriz por trás da recuperação da população da cidade nas duas décadas seguintes, de acordo com o Departamento de Planejamento Urbano da cidade de Nova York.

A população de imigrantes indocumentados em Nova York caiu 25% entre 2008 e 2018, de acordo com o Gabinete de Assuntos de Imigrantes do Prefeito. O escritório atribui o declínio à lenta recuperação dos EUA da recessão de 2008, à melhora da economia mexicana e ao aumento da fiscalização ao longo da fronteira.

 

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