Congressistas impedem que ICE deporte “na surdina” imigrante que teve trompas retiradas ilegalmente em centro de detenção

Enquanto alegações explosivas vinham à luz sobre mulheres imigrantes que diziam ter sido submetidas a histerectomias indesejadas e outros procedimentos ginecológicos, uma das detidas foi colocada em um avião de volta para seu país de origem.

Pauline Binam quase foi deportada na quarta-feira, dia 16, pelo Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês) para Camarões, um país que ela deixou quando tinha apenas dois anos de idade. Binam, agora com 30 anos, estava na pista quando membros do Congresso intervieram. "Parecia que o ICE estava tentando apressar sua deportação", disse o representante Pramila Jayapal, uma democrata do estado de Washington. "Não posso dizer com certeza, mas tudo isso é extremamente preocupante".

Membros do Congresso estão exigindo uma investigação sobre as alegações de mulheres imigrantes que dizem que foram submetidas a procedimentos médicos sem seu consentimento enquanto detidas em uma instalação do ICE na Geórgia. Algumas mulheres dizem que foram submetidas a histerectomias ou outras cirurgias que as deixaram estéreis.

Jayapal, membro do Comitê Judiciário da Câmara, quer Binam para que ela possa contar sua história aos investigadores. Mais de 170 legisladores assinaram uma carta pedindo uma investigação pelo inspetor geral de Segurança Interna e querem que os investigadores relatem o status da investigação nesta sexta-feira, dia 18.

O ICE confirmou que Binam ainda está no país e negou qualquer ligação entre suas alegações e sua deportação programada. A agência disse que ela foi retirada do avião por causa de uma confusão burocrática com o governo camaronês - não por causa de uma intervenção do Congresso.

Em um comunicado, o ICE afirma que todas as detentas recebem atendimento ginecológico de rotina e que "um procedimento médico como uma histerectomia nunca seria realizado" sem consentimento delas.

Binam faz parte de um número crescente de mulheres imigrantes que reclamam dos cuidados que receberam enquanto estão detidas no Centro de Detenção do Condado de Irwin, de propriedade privada, em Ocilla, na Geórgia.

As primeiras alegações vieram à tona nesta semana em uma denúncia feita por uma enfermeira do estabelecimento, com a ajuda da organização sem fins lucrativos Project South e de outros grupos de direitos dos imigrantes. A queixa também alega cuidados médicos abaixo do padrão e falha em testar imigrantes detidos para COVID-19.

O advogado de Binam, Vân Huynh, informou que sua cliente procurou tratamento para um ciclo menstrual irregular e pensou que estava recebendo um procedimento de rotina conhecido como dilatação e curetagem para remover tecido de seu útero, no ano passado. “Mas o que os médicos fizeram foi retirar-lhe uma de suas trompas”, afirmou. "Quando ela acordou da cirurgia, o médico a informou que eles precisaram remover uma de suas trompas de falópio", disse ele, que faz parte da organização sem fins lucrativos Georgia Latino Alliance for Human Rights, que também ajudou a preparar a denúncia.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.