Mais mulheres imigrantes dizem que não aprovaram a cirurgia em centro de detenção

Uma análise da Associated Press sobre registros médicos de quatro mulheres imigrantes detidas e entrevistas com advogados revelaram crescentes alegações de que um ginecologista realizou cirurgias e outros procedimentos que elas nunca procuraram ou não entenderam completamente o processo.

O Dr. Mahendra Amin foi ligado esta semana a alegações de histerectomias (retirada o útero e trompas de falópio) feitas em mulheres imigrantes no Centro de Detenção do Condado de Irwin, na Geórgia. Embora alguns procedimentos possam ser justificados com base em problemas observados nos registros médicos, advogados e especialistas dizem que a falta de consentimento ou conhecimento por parte das mulheres levanta sérias questões legais e éticas.

Após as primeiras notícias, outras mulheres procuram a imprensa e grupos ativistas para relatar que também foram vítimas de cirurgias não autorizadas.

A denúncia se tornou pública após uma enfermeira da instalação que revelou um número incomum de histerectomias em mulheres imigrantes detidos ali, geralmente sem o consentimento delas. Dawn Wooten fez as alegações em uma denúncia enviada pelo Project South ao Departamento de Segurança Interna e seu inspetor-geral.

Em sua denúncia de denúncia, a enfermeira identificada por Dawn Wooten descreveu o tratamento inadequado de imigrantes detidos no Centro de Detenção do Condado de Irwin, incluindo cuidados médicos limitados e negligentes e testes mínimos para COVID-19.

“O relato da enfermeira sobre o tratamento dado aos detentos sob custódia do ICE é horrível”, disse Silky Shah, diretor-executivo da Detention Watch Network, uma organização sem fins lucrativos que também ajudou a registrar a queixa. "As vidas dos imigrantes estão em risco e o ICE continua a provar através de seu registro de negligência médica que ninguém está seguro sob sua custódia”.

A denúncia alega que as mulheres imigrantes eram enviadas a um ginecologista fora do centro, que frequentemente optou por remover todo ou parte do útero das detidas.

Uma imigrante detida disse que falou com cinco mulheres que estiveram no estabelecimento de outubro a dezembro do ano passado, todas as quais fizeram uma histerectomia. "Questionamos os motivos do médico tirar o útero delas", disse Wooten. "Essa é a especialidade dele. Ele é o coletor de útero, mas não tem autorização das mulheres. Todo mundo que ele vê, ele tira os úteros ou trompas”.

Ela também disse que uma jovem precisava de um ovário removido por causa de um cisto, mas que o médico removeu o ovário errado - exigindo a remoção de ambos depois. "Ela deveria ter seu ovário esquerdo removido porque havia um cisto nele. Mas ele tirou o direito", disse. "Ela estava chateada. Ela teve que voltar para tirar o esquerdo e acabou com uma histerectomia total. Ela ainda queria ter filhos - então tem que voltar para casa agora e dizer ao marido que ela não pode mais ter filhos”.

Wooten disse que entre várias pessoas descritas na queixa, algumas mulheres não sabiam que o procedimento estava sendo realizado ou não foram informadas sobre o que exatamente o procedimento envolvia. "Vários internas me disseram que foram ao médico e fizeram histerectomias e não sabem porque foram", disse Wooten.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.