Adolescente chega à fronteira dos EUA com provas de abuso sexual, mas ICE a expulsa

Quando Marjory, de 15 anos, fugiu da Guatemala, ela não contou ao pai, Genry, que mora na Pensilvânia, que estava indo para a fronteira dos Estados Unidos com o México. Ele disse que já a tinha alertado para não fazer a perigosa jornada, que passa por milhares de quilômetros de terreno inóspito e costuma durante o trajeto surgem ameaças de sequestro, extorsão e violência, além de contrabandistas inescrupulosos.

Marjory, no entanto, estava desesperada para deixar a Guatemala e se reunir com seu pai nos EUA. Ela morava com sua mãe e seu padrasto, que ela disse ter tentado abusar sexualmente dela várias vezes. A jovem conseguiu uma denúncia assinada por uma juíza local, descrevendo o suposto abuso de seu padrasto. Ela esperava que fosse sua porta de entrada para receber refúgio nos EUA.

Mas depois que ela foi levada sob custódia por agentes de fronteira, em 11 de novembro, não foi autorizada a apresentar essas provas a um juiz de imigração, um oficial de asilo ou a um advogado. Em vez disso, a adolescente ficou detida, colocada em um voo de deportação e enviada de volta para a Guatemala.

Se tivesse permissão para ficar nos Estados Unidos, Marjory pode ter se qualificado para um visto humanitário para jovens imigrantes que sofreram abuso, negligência ou abandono, de acordo com os advogados. Se ela tivesse sido transferida para um abrigo para crianças imigrantes, mantido pelo governo dos EUA, conforme exigido por uma lei de 2008, seu pai teria sido capaz de patrociná-la para que ela pudesse viver com ele no condado de Cumberland, na Pensilvânia, enquanto seu caso de imigração era analisado.

"Ela trouxe todos os documentos policiais - o caso inteiro. Mas eles não lhe deram uma oportunidade", disse o pai à CBS News.

Desde março, os EUA expulsaram a maioria dos imigrantes que atravessaram ilegalmente a fronteira, incluindo crianças desacompanhadas como Marjory, e negou-lhes uma audiência no tribunal de imigração em nome da saúde pública. A administração Trump alega que detenção de imigrantes pode estimular surtos de coronavírus nas instalações, colocar em risco os agentes de fronteira e sobrecarregar os hospitais dos EUA.

As autoridades de fronteira dos EUA realizaram aproximadamente 270 mil expulsões durante a pandemia, de acordo com dados do governo. A maioria dos imigrantes voltou ao México, mas milhares de crianças e famílias desacompanhadas foram expulsas por meio de voos para a América Central.

Em novembro, o juiz distrital Emmet Sullivan ordenou que os funcionários da fronteira parassem de expulsar crianças desacompanhadas. Marjory foi expulsa menos de uma semana antes desta decisão, de acordo com um e-mail revisado pela CBS News. "Fiquei muito triste porque meu objetivo era estar com meu pai, onde me sentiria segura", disse ela.

Logo depois de falar com Genry sobre a expulsão de Marjory, Thelma Garcia, uma advogada de imigração no Vale do Rio Grande, no Texas, disse que foi contatada pela família de outro menor imigrante detido, um menino guatemalteco de 16 anos. Ela disse que foi informado de que o menino teve permissão para ficar temporariamente nos EUA e foi enviado para um abrigo. “Marjory, porém, já havia sido expulso para a Guatemala”, lamentou.

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Fonte: Redação Brazilian Times