Atrasos da agência de imigração colocam em risco o status de estudantes internacionais

A estudante Ji Hyun veio da Coreia do Sul para os EUA para conquistar seu sonho de se tornar uma enfermeira de unidade de terapia intensiva (UTI). Agora, ela é um dos muitos estudantes internacionais cujas perspectivas de emprego e status de imigração legal estão ameaçados por atrasos nas instalações dos Serviços de Cidadania e Imigração (USCIS). Ela se formou na escola de enfermagem em dezembro e conseguiu uma oferta de emprego para trabalhar na unidade de terapia intensiva de um hospital na Geórgia. Em 4 de novembro, ela enviou um pedido de Treinamento Prático Opcional, um programa de 12 meses que permite aos portadores de visto de estudante F-1 trabalhar temporariamente nos EUA no campo em que estudaram.

Quando ela recebeu um recibo em 10 de fevereiro confirmando que o USCIS recebeu sua inscrição, era tarde demais. Ela perdeu a oferta de emprego. Seu empregador precisava ter sua autorização de trabalho aprovada até 8 de fevereiro.

“Eu estava seguindo todas as regras. Eu tinha todas as qualificações e estava pronta para trabalhar ”, disse Ji Hyun, que pediu para não ser totalmente identificada para falar livremente enquanto sua aplicação OPT ainda está sendo processada pela agência.

Não está claro exatamente quantos alunos são afetados pelos atrasos, já que o USCIS não divulgou os números. Durante o ano fiscal de 2019, de acordo com dados da agência, o USCIS recebeu 215.282 pedidos de autorizações de trabalho OPT.

Atrasos de processamento como o vivenciado por Ji Hyun constituem outro desafio para a capacidade do país de recrutar e reter estudantes e trabalhadores altamente qualificados do exterior, que historicamente impulsionaram o crescimento econômico nos EUA. O secretário do USCIS, Alejandro Mayorkas, tenta reformar o sistema de imigração.

“Ainda enviamos graduados formados em nossas grandes universidades de volta para seus países de origem, em vez de permitir que eles impulsionem a inovação aqui na América”, disse o senador Bob Menendez, de New Jersey, na quinta-feira (18), enquanto os congressistas democratas divulgavam um projeto abrangente de imigração apoiado pelo Presidente Joe Biden.

O canal de TV CNBC entrevistou alguns portadores de visto F-1 em todo o país afetados pelos atrasos no processamento do OPT, incluindo um engenheiro de segurança cibernética, um pós-doutorando que estudava a Covid em um laboratório de doenças infecciosas e um pesquisador de câncer de mama. Todos expressaram ansiedade e frustração, pois ficaram sem renda e sem seguro saúde enquanto aguardavam que suas inscrições fossem processadas com ofertas de emprego e status legal.

“Não consigo dormir a noite toda. E não consigo me concentrar em ler ou mesmo assistir a um programa de TV ”, disse Dan, de 31 anos, graduada recentemente em Ph.D pela Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, que pediu para ser identificada apenas pelo primeiro nome.

“O que posso fazer todos os dias é verificar meu e-mail, ligar para o USCIS, ligar para o departamento [International Student Services], tentar obter atualizações ou informações relacionadas a esse atraso”, relatou.

Atrasos de processamento:

Yohanes, um engenheiro de segurança cibernética de 25 anos, natural da Etiópia, obteve seu bacharelado e mestrado nos EUA antes de seguir um ano de OPT. Em 6 de novembro, Ele se inscreveu para a extensão STEM OPT, um complemento de 24 meses para alunos que concluíram o emprego OPT nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
O estudante não teve uma resposta até três meses depois, quando recebeu um aviso de rejeição do USCIS datado de 2 de fevereiro. Seu pedido foi recusado não por causa de problemas com sua candidatura, mas por causa de questões sobre uma transação com cartão de crédito, de acordo com uma cópia do edital visualizado pela CNBC.

Agora, Yohanes não está qualificado para o refil para a extensão STEM porque sua autorização OPT inicial expirou em janeiro. Quando terminar o período de carência de 60 dias, ele terá que deixar os EUA.

“É estressante e deixa você sem esperança. Estou aqui nos EUA há quase oito anos ”, disse Yohanes, que pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome para falar livremente sobre o assunto enquanto busca apelar da rejeição.

Atrasos no processamento da inscrição OPT não estão afetando apenas o status legal dos alunos estrangeiros e as ofertas de emprego, mas também os empregadores e a economia dos EUA. Uma redução de 60% na participação da OPT levaria à perda de 443 mil empregos ao longo de uma década, incluindo 255 mil empregos ocupados por trabalhadores natos, de acordo com um estudo de 2018 da Business Roundtable, uma associação cujos membros são executivos-chefes de grandes empresas em os EUA.

“Este resultado reforça as descobertas de uma miríade de estudos anteriores que mostram que os trabalhadores estrangeiros na verdade criam empregos para os trabalhadores nativos no total, em vez de deslocá-los”, revelou o estudo.

Quase 45% das empresas da Fortune 500 foram fundadas por imigrantes ou seus filhos, de acordo com um estudo de 2019 da organização bipartidária de pesquisa e defesa New American Economy.

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