Após anos de protesto, Condado de NJ encerra parceria com o ICE

Durante anos, um extenso complexo carcerário no condado de Essex, em New Jersey, esteve no centro de muitas polêmicas. O local abriga centenas de imigrantes indocumentados sob um contrato com o Departamento de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, sigla em inglês) após terem sido presos enquanto aguardavam audiências em tribunais.

O Essex County Correctional Facility promoveu um acirrado debate sobre a política federal de imigração que atingiu o pico durante a administração Trump.

Esta semana, os grupos de direitos dos imigrantes que durante meses realizaram protestos do lado de for a da prisão conseguiram o que há muito tempo procuravam. As autoridades do condado anunciaram na quarta-feira, dia 28 de abril, que encerrariam seu contrato com o ICE para a utilização da prisão, que fica na Doremus Avenue, em Newark.

Os condados ao norte de New Jersey com contratos semelhantes demonstraram interesse em seguir o exemplo.

A decisão segue a crescente pressão de manifestantes e líderes políticos. Mas as autoridades enfatizaram que a decisão de encerrar o seu trabalho para o ICE foi inteiramente financeira.

Joseph N. DiVincenzo Jr., o executivo do condado de Essex, disse em uma entrevista que a decisão de rescindir o contrato ocorreu somente depois de chegar a um acordo mais lucrativo com o vizinho Condado de Union para abrigar os seus prisioneiros. Ele acrescentou que não cedeu à pressão política.

O número de detidos do ICE no condado de Essex diminuiu muito, de acordo com a agência de imigração, refletindo as tendências em todo o país durante a pandemia.

“Agora, com o término do contrato, os detidos deverão ser removidos nos próximos quatro meses”, disse DiVincenzo. Funcionários do ICE disseram que a agência estava procurando opções de locais fora do estado para realocá-los.

As autoridades falaram sobre os contratos do ICE com os condados de Bergen e Hudson, onde cerca de 80 imigrantes estão detidos.

Os grupos de direitos dos imigrantes e alguns parentes de ex-detidos expressaram preocupação, pois de acordo com eles, ficou claro que a decisão foi impulsionada por “dólares e centavos”.

Amy Torres, diretora-executiva da New Jersey Alliance for Immigrant Justice destacou que houve apenas interesse financeiro ao invés de qualquer imperativo moral de não deter pessoas no que ela descreveu como condições perigosas.

Dariela Moncada Maradiaga, uma mulher do Bronx, disse que seu irmão, Javier Castillo Maradiaga, ficou detido por mais de um ano nas instalações do ICE, incluindo a prisão de Essex, depois que policiais locais o entregaram por engano às autoridades federais de imigração. “Isso não é uma vitória”, disse. “É outro jogo. Afinal, são os imigrantes que perdem”.

Em todo o país, milhares de detidos do ICE foram libertados durante a pandemia, tanto por questões de segurança, uma vez que o vírus se espalhou atrás das grades, quanto por causa das diretrizes do governo Biden que limitam quem deve ser preso e detido. Mas os advogados que estão entrando com petições para que seus clientes sejam libertados dizem que os imigrantes com condenações criminais - incluindo aqueles que já cumpriram suas penas - têm menos probabilidade de serem libertados.

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Fonte: Redação - Brazilian Times.